Blog do escritor Ferréz

Um dos dias mais felizes da minha vida

Quando a realidade vira ficção? não! quando a ficção vira realidade. O livro Amanhecer Esmeralda inspirou essa galera a fazer a transformação na sua escola.  Isso é um TBT lindo. 
Alunos pintando a Escola.


logo que cheguei na Escola São Luiz, eu não iria acreditar se alguém me contasse, os alunos e professores, juntos pintando a escola, e a inspiração veio do livro Amanhecer Esmeralda, é lindo ainda mais para um autor quando a ficção vira realidade.

Os salvagens da noite



Os selvagens da noite (texto para o livro Warrriors - Selvagens da noite - Sol Yurick)

E a trama começa com o grito do primeiro cagueta que vi na minha vida. Com um copo de café na mão, estava com mais 3 amigos na sala do Ronaldo, dentro da favela do Jardim Comercial. 
Depois do filme, estávamos na viela, encostados num poste de madeira, até que um pé de pato passou com sua Lurdinha, o nome carinhoso que ele dava para sua arma, e agente se escondeu na garagem para ele não nos matar. O pedido foi feito pelo dono do imóvel que não gostava de ver esse bando de “maloqueiro” na porta dele.
Depois disso, cada qual quis montar sua gangue, mesmo sem bem saber o pra que e porque, agente não tinha o metrô, mas tínhamos as longas caminhadas, para se curtir um “som de rua” em outra quebrada. Agente não tinha os coletes de couro, mas tinha os moletons, a verdadeira farda da periferia. 
Depois do filme ser repetido a exaustão, era inevitável a influência, e as gangues surgiram, seja no rock de periferia, nos motoqueiros, no punk local, nos clubes de trucos, nas marcas periféricas e o movimento rap que ainda usa uniformes de baiseball e tem na zona sul o boné mais vendido sendo feito por um fabricante de baseball. Anos depois a influência ainda era visível também no movimento Clubber. e os motoqueiros e suas jaquetas de couro. 
Todo jovem procura algo pra se identificar, apesar dos muros que distanciam culturalmente nossa realidade do resto da cidade, temos uma cultura paralela geralmente negligenciada pelas editoras, produtoras e afins.
Nossos olhos vidrados na tela, enquanto o pai do Ronaldo gritava da cozinha. - Esse filme passou semana passada, vocês não enjoam não?
Era mais cultura que crime, e o filme tinha já na sua fala inicial um grito de união, uma discurso de direcionamento onde tudo fazia sentido, a cultura de massa ali não teria vez.
Nada mais estranho do que depois isso virar Hollywood, mas a grande mídia não comeu muito disso, e tentou abafar o filme, viu que o que tinha na mãos mudava a visão das pessoas, e esse era o motivo do filme só passar de madrugada. Desculpa ai Sr. Luiz, agente promete que num vai mais ficar até as 3 da manhã na sua casa.
A característica da periferia de São Paulo é única, como na Zona Leste e o grupo Consciência Humana e suas roupas vermelhas, o DRR (Defensores do Ritmo Rua) e as marcas da Zona Sul, como o laranja e preto da Fundão, o preto e branco do Negredo e o dourado e preto da 1DASUL.
The Warriors fala de uma coisa universal, a busca, e prova de que independente de qualquer mascara, figurino, amigos, ou ideologia, no fim você continua caminhando numa estrada sem destino pré estabelecido, isso é se você se livrar das cordas que eles colocam a todo momento para guiar as marionetes.
O autor que fez o livro sem muitas expectativas, estava claramente confortável na narrativa, tanto por sua experiência como assistente social, como pela convivência com a rua.
A literatura quando agrega esse viver, tem grandes livros, como é o caso do jornalista e militante Stieg Larson e sua trilogia Milênio.
Se em Milênio você sabe que a exploração das mulheres é real, em The Warriors, você tem certeza que o autor andou por aquelas ruas, ouviu aquele rádio. Ele narra o fato de dentro, ele é parte do tema.
Se alguém lhe perguntar porque em pleno século 21 você está lendo um livro sobre gangue. Diga, que hoje mais do que nunca, somos comandados por elas, tanto no modelo oficial, como no paralelo.
Tony Scott anunciou que faria uma refilmagem de The Warriors, dizem que cometeu suicídio em 2012 na ponte Vincent Thomas, em Los Angeles, logo o berço dos Bloods uma das mais perigosas gangues do mundo. Eu ousaria dizer, que no dia alguns caras também foram vistos na ponte, e um deles gritou:  - Foram eles, os guerreiros!!!


Ferréz
Escritor 

Literatura Marginal

Em todos lugares por onde passo, pessoal sempre pergunta da construção da Literatura Marginal, não essa vinda da poesia marginal, isso nunca existiu pra nóis, sempre foi algo vindo aqui da quebra mesma, nem tínhamos acesso a essa poesia, e na verdade nem temos, em maioria aqui na periferia. Sem desmerecer a importância de cada época, mas uma coisa não conversa com a outra. O que propomos a partir de 1999, eram rupturas de códigos criados por uma elite para afastar o amor ao texto, para não deixar nosso povo se expressar, triste é ver que ainda comem da mesma mentira, e quando se "formam"nas faculdades, começam a mudar as palavras, estragam elas, enfeiam, mudam os sentidos, e usam a mesma dinâmica do dominador. Algo que sempre se falará por onde andar um autor do gueto, é de como é válido esse movimento, como temos que defender algo a vida inteira, como os artistas vindos da elite nunca tiveram que provar porra nenhuma, fica ai o certo pelo duvidoso, e a luta pela leitura, pela identidade, pela quebra dessa invisibilidade que tanto é feita e planejada por uma elite estúpida e suicida. Bora noiz na caminhada.

Em Santos

Estarei em Santos em menos de 3 meses que passei por lá, agora de volta, e olha que no Festival Criativa Geek pela primeira vez.
Estou bem animado de estar nessa cena de quadrinhos e cultura pop, pois tenho certeza que tem todo um novo público esperando muito conteúdo da hora. 

Teaser da palestra

Teaser da minha palestra no Al Janiah

https://youtu.be/3OyR8DO_2c0

Sobre poesias e letras musicais

A muito tempo escrevo poesias e letras de músicas, bom... pelo menos eu tento.
É um exercício que faço todas as semanas, estou sempre mudando, concertando, entortando, re fazendo ou desconstruindo mesmo.
Estou a poucos passos de terminar o livro com quase tudo que escrevi sobre as letras de música e poemas, deixei claro muita coisa de fora, mas também inclui muita coisa que só foi pras ruas por outros meios, sendo gravados ou mesmo recitados.
meu primeiro livro de poesias foi em 1997, então olha que viagem heim? 22 anos depois, não é um livro que vou ter coragem de ficar fazendo outras cópias, provavelmente vai ter uma impressão de 200 ou 300 exemplares.
É algo que quero deixar por ai, mas não muito sabe? estou voltando ao romance aos poucos, e assim deixo essas letras em paz, durante algum tempo.
fiz mais 2 enquanto terminava esse livro, sei que vou fazer mais, é um exercício, uma voz que não quer e de verdade também não quero calar.
um beijo pra vocês, por hoje é só.

Fz

Fluxo (trecho de conto inédito)


Fluxo 


Estrada de Itapecerica da Serra, uma longa estrada que cruza o Capão Redondo e passa para o município de Itapecerica, tem o famoso morro do S, onde os ônibus no horário de pico ficam iguaizinhos a um trem, parados esperando um maquinista fantasma liberar o trânsito, que por magia para todos os dias no mesmo horário. 
Subindo sentido Valo-Velho, um bairro amontoado de casas e pessoas, que, vindas de todos os lugares bonitos, tentam agora a todo custo que pequenas paredes chapiscadas ganhem cores de tintas feitas com cal, tenham a mesma nobreza do verde de suas regiões, lugares longínquos, onde cigarros eram raridades, Bahia, Piauí, Pernambuco, e hoje o cigarro do Paraguai, com nomes tão estranhos e genéricos, estão nos bolsos.
Um cano cuspia dois fios de cobre revestidos de plástico já ressecado pelos contáveis dias de sol forte sobre a telha.
Entre uma estante e outra a fresta armazenava cuidadosamente pó, mostrando que a limpeza fora da festa era talvez a ilusão, a influência humana, a mudança.
Poucos barracos terminados, ruas de terra, o sol começa a se pôr. Ela seca as lágrimas, ficou horas vendo as notícias dos telejornais, a morte do MC Daleste faria ainda muito barulho. Saindo do barraco que hoje é seu lar, pronuncia os versos do cantor assassinado, versos que pareciam ser feitos diretamente para ela, assim como para milhares de jovens periféricos. "Quando comecei passava mó dificuldade, e lá em casa era fora de realidade, é revoltante eu sei senti o gosto do veneno, até meus treze anos de idade não tinha banheiro". Altiva, não olha pros vizinhos, não gosta de zé povinho, quem é não comenta, não conspira e não ostenta. 
Parada no ponto de ônibus, tira o pequeno espelho da bolsa, retoca o batom nos lábios, uma van passa, uma lotação e um motorista que assobia, ela olha de soslaio, e lê o adesivo atrás. “Preto Ghóez vive eternamente.” Entende como uma homenagem a algum novo falecido, talvez um motorista de van, talvez um dos rappers das antigas, desses que os caras mais velhos ficam tocando nos bares.

se gostou desse trecho, chame as pessoas pro blog, se chegar a 300 pessoas eu publico ele na íntegra heim. bora nessa. 
#blograiz 

Pra que prestamos?

Claro, pra andar pelos verdes campos, pra beijar nossos filhos, e tudo isso, mas perante muita gente, pra que de fato prestamos?
Hoje em dia é comum, você ouvir que se usa as pessoas em vez de valorizar, e se valoriza as coisas.
Impressionante como vem gente na nossa vida só pra passar a própria demanda, você praticamente é um saco que ela acha que pode encher com seus pedidos.
Tem gente que pede afeto, tudo bem, mas e se ela nunca dá esse afeto? Tem gente que pede atenção, e se ela também nunca dá essa tal atenção?
Sempre sou chamado pra ser a fonte, sou a opinião, mas não a roda que faz girar, então to bem mal nisso mesmo. Essa coisa de você ser o critico e tal, tudo bem que tenho meus pontos de vistas e tal, mas na moral? ser bucha de canhão dos outros também não né? E ai pra escrever no meio oficial não rola, pra fazer parte da redação não rola, e vou te dizer to pedindo trampo não que tenho muito por aqui, até esse blog é essa coisa de desabafo sabe?
Mas uma coisa cada vez mais clara pra mim, é o que eu me permito participar, o que eu faço questão de estar junto, as vezes dou um entrevista pra um fanzine e não atendo uma Record da vida, você pode me achar louco, mas na moral? É tão mais digno alguns trabalhos.
Senhor repórter, não somos o assunto, somos seres humanos, somos uma engrenagem que faz rodar esse país, não estamos nesse leilão genético que vocês já nasceram dentro. 
Não adianta ligar pra ser a fonte, somos produtores de conteúdo.

Fz

Dia de luta

Dia de luta, sempre pro nosso povo são dias de luta.
Estou lendo a Forbes, e vou te falar, tem hora que dá vontade de sair rasgando a revista, como tem números, como tem vantagens, como tem  luxos ilimitados para alguns, tão poucos, nem sei se é certo escrever, tão poucos, só poucos. poucos mesmo. sem maiúsculo.
não tem como não comprar a revista, tantos videos comentando, eu queria mesmos saber esses novos ricos, esses velhos novos ricos, esse tantas gerações novos ricos.
Ainda estou o meio da revista, não cheguei neles, estou me preparando antes, lendo colunas sobre como é importante avançar nas reformas, como é importante mudar as coisas, como é importante ver o ponto de vista deles, foda é ver meu povo endossando tanto ponto de vista que só é tiro na própria testa.
Assim que ler comento aqui.
Salve
Ferréz. manhã de terça feira

dia de revisão do Datilógrafo do gueto

Hoje mais um dia de revisão do meu livro de poemas e letras musicais, o Varneci Nascimento meu amigo e grande escritor, fez uma revisão e agora estou digitando e apurando tudo para poder mandar novamente para a diagramação, esse livro tem sido uma coisa muito legal de ficar fuçando, mexendo e remexendo, então vai dar saudade quando estiver pronto. reviver esses poemas e letras que trago a tantos anos por essas estradas tem sido foda. Espero que o livre agrade, porque tem um pedaço grande a minha vida no Rap nacional aqui dentro. logo estará nas pistas. 

Nesse Sábado, tem uma conversa no Sesc C. LIMPO

Salve nesse sábado tem um bate papo sobre empreendedorismo e minha experiência na construção da marca 1DASUL nesses 20 anos. 

Meu bebe

Meu bebe, logo você vai estar bem, tem muita gente torcendo, papai te ama. 

Daqueles momentos que você vence.

Essa é daquelas fotos que a quebrada chegou em peso num evento literário, quando estávamos num momento de construção lindo. 

Sem dúvida

Se alguém tinha alguma dúvida, agora não precisa ter mais. Ativista mesmo. 

Periferia Lado Bom (usada em centenas de escolas, e parte do livro Datilógrafo do gueto).


PERIFERIA LADO BOM

Periferia tem seu lado bom
Manos, vielas, e futebol no campão
Meninas com bonecas e não com filhos
Planejando assim um futuro positivo

Sua paz e você que define
Longe do álcool, longe do crime.
A escola é o caminho do sucesso
Pro guerreiro honrar desde o começo

E dizer bem alto que somos a herança
De um país que não promoveu as mudanças
Sem atrasar ninguém rapaz
Fazendo sua vida se adiantar na paz

Jogando bolinha, jogando peão
Vi nos olhos da criança a revolução
Que solta pipa pensando em voar
Para não ver o barraco que era o seu lar

Periferia lado bom o que você me diz
Alguns motivos pra te deixar feliz
Longe do álcool, longe do crime
Sua paz é você que define

E nessa pipa no céu eu vi planar
A paz necessária para se avançar
Ânimo, positivismo em ação.
Hip-Hop cultura de rua e educação

Foi assim que criaram e assim que tem que ser
O mestre de cerimônia rimando pra você
Enquanto o DJ troca as bases
O grafiteiro pinta todo contraste

Da favela para o mundo
O caminho do rap pelo estudo
Por isso eu não me iludo
Roupa de marca não é meu escudo

Eu já te disse no começo
Estudar do sucesso é o preço
Porque conhecimento é maior que o tempo
Então positivismo pra vencer vai vendo

Processo da capa Datilógrafo do gueto

Veja como começou a ideia da capa, achei esse desenho no Pinterest e fiquei maravilhado, ai pensei em algo assim, com minhas mãos desgastadas e marcadas pelo tempo.
Ai entrou o Dog Firmino em ação, um desenhista foda de Brasilia, que conheci pelo insta do Lourenço, ele começou a desenvolver a ideia.
Veja que o desenho começou a ficar sinistro, culpa do Doug que tem um talento foda pra dar um tom de terror e deixar bem pesado o clima. 

 Olha os detalhes colocados a cada momento do desenvolvimento da arte, ele foi captando a partir da leitura do livro, que enviei pra ele. E dai em diante o negócio começou a pegar uma cara foda.
 Nos falamos por zap e por fone e ele pediu as fotos dos meus anéis, que uso sempre em lançamentos, ai eu soube que já tínhamos algo foda nas mãos.
Os anéis são de prata, e o um em especial está na mão direita, no dedo médio tem um anel especialmente desenhado pelo Lourenço, e confeccionado por uma amiga dele. 
Por último o Doug colocou a letra da música Judas no papel datilografado da máquina, além das estruturas de teia de aranha que na verdade são arames farpados. 

logo do meu novo livro

Esse é o logo do meu novo livro, que foi desenvolvido para a campanha do Apoia.se, será um livro limitado, a 200 exemplares, e seguirá quase todos autografados para os apoiadores. abaixo vou colocar o que é esse trabalho. 
Quarta Capa

Apelidado como Datilógrafo do gueto, e comemorando 22 anos de carreira. Ferréz escreveu, palestrou, fez shows, além de ter criado a vertente da Literatura Marginal. Sendo o autor mais coligado ao movimento Rap Nacional, nesse livro traz as letras  e poesias que escreveu nessas duas décadas.
Tendo dividido a caneta e sendo interpretado por grandes nomes da MPB do Rap e até do Rock e Punk, não tem como falar da vida e trajetória desse romancista, contista, que já lançou 10 livros sem citar seus poemas e músicas.
Este livro é sobre as rimas, as poesias, os trabalhos em parceria, os que foram gravados e os inéditos. É também um livro que retoma o mesmo menino que lançou seu livro de poesia em 1997, e que jamais desistiu de tentar mudar a periferia, pela palavra. 

Orelha

Ferréz é um cronista, contista e romancista paulistano. Começou a escrever aos 12 anos de idade.
lançou Capão Pecado em 2000, chegando a ter várias reedições passando de 100 mil exemplares vendidos.
Em 2003, o romance Manual Prático do ódio, seguido pelo infantil, Amanhecer Esmeralda 2005 e o livro de contos, Ninguém é inocente em São Paulo 2007 (indicado ao Jabuti).
Lançou o livro Cronista de um tempo ruim pelo Selo Povo em 2010 e teve suas obras traduzidas na Itália, Alemanha, Inglaterra, Portugal, Roma, França, Espanha e Estados Unidos. 
Em 2012 lançou o livro Deus foi almoçar (finalista do Portugal Telecon) e o infantil O pote mágico. Em 2013 foi indicado para o Prêmio HQ Mix  como melhor roteirista por Desterro.
Em 2016 lançou o segundo livro de contos, Os Ricos Também morrem.
Ferréz toca uma editora (Selo Povo) em Itapecerica da Serra, criou a editora de quadrinhos Comix Zone com o Influencer Thiago Ferreira em 2019 e tem um canal de política e cultura no Youtube.  

novos meios mas nem tantos

Salve Rapa, tava com saudade do meu querido blog, e dos leitores desse, saudade de vocês.
Voltei porque video é foda, tem horas que desanima mesmo sabe.
Sempre gostei de me expressar digitando, me sinto menos idiota, se é que isso existe.
vou colocar alguns poemas, algumas construções de textos que estou experimentando, se puderem comentem para saber que tem gente ai.
Grande abraço
Ferréz