Blog do escritor Ferréz

A escravidão moderna das ZPEs


Você sabe o que é uma ZPE?
Empresas como a NIke, Reebok e GAP, Guess, Old Navy concentram suas produções em ZPEs, que é uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE), ou seja um distrito industrial onde empresas neles localizados operam com suspensão de impostos, liberdade cambial (não são obrigadas a converter em reais as divisas obtidas nas exportações) e gozam de procedimentos administrativos simplificados.
Pela lei a ‘A ZPE são instaladas nas regiões menos desenvolvidas do País, objetivando reduzir desequilíbrios regionais, bem como fortalecer o balanço de pagamentos e promover a difusão tecnológica e o desenvolvimento econômico e social do País.’
Lindo discurso, mas na verdade são campos de escravidão modernos, onde se criam leis próprias e essas áreas, a mão de obra é extremamente barata e não sindicalizada, os trabalhadores vivem em lugares que mais parecem chiqueiros com teto e até marcação com tinta no chão para dormirem, como um estacionamento.
O salário fica abaixo do nível de subsistência e os ‘escravos’ modernos não conseguem economizar nada, pois gastam com comida em volta da fábrica e locais para dormir.
Porque esses trabalhadores ficam nessa situação e não voltam para sua casa?bom, outro fator importante, eles moravam em fazendas que foram desapropriadas por leis de reformas agrárias, algumas viram campos de golfe, outras são áreas são dadas pelo governo para as grandes fábricas, então não há para onde voltar.
Horas extras são obrigatórias, placas contra Agitadores “sindicalistas” estão espalhadas por todos os lados, se existe muito serviço quando a GAP tem uma grande encomenda, então se trabalha das 7 da manhã até as 2 da madrugada, horas extras são obrigatórias, se não tem serviço, os trabalhadores tem que ir para casa e não recebem até que haja mais serviço.
A casos documentados de morte por excesso de trabalho e também de assassinato de trabalhadores que não concordam e resolvem lutar por seus direitos.
Você pode estar dizendo que isso é em outros países e que pouco tem a ver com sua realidade, mas países inteiros são transformados em favelas industriais e guetos de mão de obra barata, e não apenas no Sri Lanka, onde o governo da 10 anos sem pagar impostos, ou seja vende sua população por isenção de impostos, todos os incentivos que os governos criam para atrair essas empresas, servem para dar a sensação de que elas são turistas econômicos, em vez de investidores de longo prazo. Outros países que tem seus ZPEs, na Coréia do Sul, Taiwan, Vietnão, México, Filipinas.
Você pode só abaixar ai e dar uma olhada na etiqueta do seu tênnis? bateu com algum desses países? parabéns você ajuda a manter isso.
Só para ficar na mente, a grande maioria é de mulheres jovens e inexperientes que não sabem seus direitos.
Outro dado, 27 milhões de pessoas estão vivendo nesses bolsões de misérias
Se quiser mais dados sobre o assunto, recomendo o livro de Naomi Klein - Sem Logo, ou reportagens que coligam as ZEPs com a falta de direitos trabalhistas em todo o mundo, todos os detalhes desse texto são baseados em estudos e documentos oficiais.
A nossa luta continua, aos poucos temos que abrir os olhos das pessoas para o que consomem, pois todos somos responsáveis por essa Capetalismo, já que consumimos e nós que damos poder para que tudo isso ocorra.
texto escrito direto da Célula revolucionária no bairro do Capão Redondo.
Ferréz

9 comentários:

verme disse...

da hora memo...
legal mostra isso pra gurizadinha q fica deslumbrada com os boot de hj em dia...
parabéns pelas idéias e pelos corres!

Tuta Lopes disse...

Isso é verdade, e o pior que na maioria dos casos não adianta nem divulgar. O consumidor acha que não é com ele...
Boa matéria.
Divulgando.

Abs.

Leo Brito disse...

E Ferrez essa ideia é forte e nunca será algo batido...
Olha que dá pra nós mudarmos essa situação, cada um fazendo sua parte valorizando produtos nacionais e de procedência legal e conhecida. Mas infelizmente muitos ainda se levam pela etiqueta, não pela ideia de como aquilo foi produzido.
Valeu a ideia!
Abraço Dom.

Leo Brito disse...

E Ferrez essa ideia é forte e nunca será algo batido...
Olha que dá pra nós mudarmos essa situação, cada um fazendo sua parte valorizando produtos nacionais e de procedência legal e conhecida. Mas infelizmente muitos ainda se levam pela etiqueta, não pela ideia de como aquilo foi produzido.
Valeu a ideia!

FANTI ANDRADE disse...

Muito bom o texto mano, sem falar dos equipamentos eletroeletrônico, tipo pen drive, cartão de memória, celular, tablets, etc. São vários produtos, mas vários mesmo e o pior é ver todo mundo assinando embaixo, é o capitalismo! capetalismo e cafetalismo!

Gueto Subversivo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gabriel Moreira disse...

Eles escolheram isso, de uma forma ou de outra, se querem um acoisa melhor agora, escolhesse antes

Gabriel Moreira disse...

Só vou comprar tênis da Nike agora, só por causa disso

RENATO SANTOS JÚNIOR disse...

Sr. Ferrez.

A um equívoco generalizado sobre como você entende o regime de trabalho nas ZPEs em geral.

Para melhorar o seu entendimento devo dizer que nenhum Organismo Internacional condena as ZPEs com quanto aos seus regimes de trabalho e previdenciários. Na década de 70 em alguns países asiáticos houve algum tipo de exploração do trabalhador em ZPE, mas nada que viesse a caracteriza-las como exploradora da mão de obras. Fora dos limites da ZPEs também existiam casos isolados de práticas abusivas por parte de empresários inescrupuloso preocupados apenas com o ganho fácil.
Finalmente, no Brasil a legislação trabalhista e previdenciária é a mesma para as empresas processadoras com para as empresas outras localizadas em qualquer parte do território nacional. Cordialmente. Renato Santos Júnior.