Feira Cultural na Penitenciária de Guarulhos
Sai por volta das onze e meia da manhã do Capão Redondo, acompanhado por Claudinho, que sempre faz trabalhos sociais e acompanha os trabalhos do Hip-Hop a muitos anos.
Muita estrada e trânsito caótico para depois ver os grandes muros.
De um lado Av. Trabalhadores e do outro a Airton Senna, logo ao lado talvez o aeroporto internacional e suas asas.
Após corredores, trancas, aço, peso, olhares, revistas.
Chegamos a Feira de artes, ciência e cultura do Presídio João Parada Neto, em Guarulhos.
A Feira foi criada em 2007 para os reeducandos, essa é a quarta edição.
O tema desse ano é o meio ambiente.
Chegamos no que mais parece uma igreja, chão azul, bancos de madeira, e um painel no fundo do altar, o desenho é feito a mão, uma linda natureza, uma pequena casa toda cercadinha, montanhas, um lindo céu azul, um sol bem amarelo atrás da casa e uma grande estrada que ia aumentando da casa até a entradaAlguns internos de azul e branco sentados formavam um coral, do lado um rapaz com violão, outro com guitarra e no fundo uma bateria.
Feira Cultural na Penitenciária de Guarulhos
Logo o rapaz com o violão começou a cantar hinos evangélicos, a minha frente familiares e convidados, ao outro lado os internos.
Mauricio Gonçalvez , negro, magro, com uma voz impressionante, canta Tim Maia, “na vida algum motivo para sonhar”, e a feira começa com um grande momento.
O juiz Jaime chegou e nos cumprimentou, agradeceu à presença, a ponte foi feita pelo Dexter, o oitavo anjo me convidou para o evento pelo fato do Juiz gostar dos meus livros.
A cerimônia seguiu bem com vários depoimentos de ex reeducandos que hoje estão de boa, e alguns até empresa têm.
Aproxima-se para nos cumprimentar Jurandir, que é agente penitenciário e também tira fotos , ele começa a conversar e diz que e é do movimento negro.
Enquanto isso todos cantam o hino do Brasil, e todos acompanham a letra, depois começa a música de Roberto Carlos, “Jesus Cris eu estou aqui”, num canto forte de quem quer sentir que Deus está olhando por eles.
O Juiz Jaime, homem magro, branco, com cabelos negros e rosto fino pede para falar, cita um recurso sobre um preso que foi feito a dois anos e meio e não atendido, e diz que resolveu atender, a liberdade canta para o rapaz que está no coral, todos se emocionam, Claudinho olha para o lado, homem tem essas coisas quando as lágrimas brotam, eu olho para o outro, os presos estão emocionados, todos abraçam o rapaz que chora muito e agradece, foram 9 anos de reclusão, agora a vida vai ser vista de outra forma quando ele pisar o pé lá fora.
Vale a pena estar aqui hoje é o que pensei a todo o momento, mas o dia ia ficar mais emocionante quando um dos apoiadores da feira subiu e disse que quando esta vindo para o presídio, sentia que não era uma coisa de verdade, que aquele tipo de trabalho não adiantava nada, mas no meio da sua fala começou a chorar e disse que estava arrependido pelo que pensou, pois valia muito a pena sim estar fazendo parte daquilo.
Eu subi para fazer uma fala, nessa hora você não imagina o tamanho da responsabilidade, mas que é de verdade e tá no dia a dia com as dificuldades não géla, não se pode dar a esse luxo.
Logo depois foi a entrega do prêmio do concurso de literatura, e sugeri um abraço no final da cerimônia, fato que aconteceu enquanto uma música de TIM maia finalizava aquele grande momento, ah! Se o mundo inteiro me pudesse ouvir...dizer que aprendi...
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Fotos gentimente cedidas por Joice Rodrigues Camargo - Jornalista
E dia 17 tem EnsaiAço na Rua Grisson,encerramento do ano, já dia 18 tem Interferência, grande festa das crianças, já dia 19 tem festa na Bibliteca Êxodus,com presente para as crianças do projeto, é isso, fortificar a quebrada. Ferréz
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