Matéria da Agência Periferia Revista (lançamento O Pote Mágico)
LITERATURA INFANTIL NA QUEBRADA
“O POTE MÁGICO”, DE FERRÉZ, É LANÇADO EM ONG DO JD. COMERCIAL
Começo da tarde de sexta-feira, 21 de setembro. Cai uma insistente garoa. A casa nº109 de uma viela do Jardim Comercial está toda decorada com bexigas e grandes murais pintados com guache e canetinha. Obra de arte das crianças que passam boa parte de seus dias em atividades da ONG Interferência.
O fato é que já haviam passado alguns minutos que mães e seus filhos admiravam o local todo enfeitado, mas eles estavam à espera de um evento diferente. Pensando bem, mais diferente pelas circunstâncias do que pelas pessoas que lá estavam, incluindo o protagonista da tarde. O escritor Ferréz estava a vontade, pois, apesar do reconhecimento que todos nutrem por seu trabalho, ele jamais será visto como um “Deus alienígena” em sua quebrada. E foi por lá que ele resolveu promover lançamento de seu novo livro infantil, “O Pote Mágico”.
Já consagrado por livros como “Manual Prático do Ódio”, “Capão Pecado” e “Deus Foi Almoçar”, o autor, já com seus 36 anos, volta a ser Reginaldo, seu nome de batismo. Soma-se a isso o fato de que cada criança da ONG Interferência o transporta, de alguma forma, para a sua infância, vivida ali mesmo no Jardim Comercial, segundo o próprio escritor faz questão de dizer.
Entre os presentes, muitos dos quais chegaram com ‘charmosos’ instantes de atraso, vale destacar pessoas que estão ligadas intimamente ao trabalho literário de Ferréz, entre eles o editor Marcelo Martorelli, a agente Marisa Moura e a editora da editora Planeta Infantil, Otacilia de Freitas. E todos eles demonstravam se alimentar dos encantamentos de uma infância prá lá de viva em suas memórias, como suas expressões insistiam em denunciar. A história de “O Pote Mágico” fala de um menino, que não se apresenta por nome, mas que vive a magia da descoberta, das brincadeiras fantasiosas, mas também reconhece as dificuldades que a vida impõe a um morador de periferia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência? A resposta é não. Ferréz, em seu livro, fala sobre sua própria infância, a compartilhando com os amigos de longa data que ali residem. “Esse livro conta um pouco da minha história. É a primeira vez que assumo essa relação numa obra minha. Dar o livro para estas crianças é realização de um sonho, até porque o que mais importa não é a venda do livro em si, mas fazê-lo chegar às mãos certas”, afirma Ferréz.
Um acontecimento como este lançamento merece atenção, ainda mais se levarmos em conta que representantes do mercado editorial brasileiro compareceram ao evento (ressalvando, mais uma vez, que tudo aconteceu na periferia). “Já existe um olhar especial do mercado editorial para regiões periféricas, em especial quando tratamos de publicações adultas. O próprio Ferréz, que foi contratado em virtude de literatura adulta, nos apresentou seu livro infantil, que foi aceito de imediato”, ressalta Otacília. A literatura infantil voltada para temática periférica ainda se encontra em fase embrionária, mas não há dúvida que, a partir de ações como esta, o futuro se torna cada vez mais otimista.
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3 comentários:
po legal meu
po legal
O escritor em que tenho mais referencia... Parabéns pelo trabalho.
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