A maldição da refinaria
Espero seu toque novamente
seus olhos me vendo como sou
por mais que nos palcos eu cante
nada será como antes
me cobrindo, protegendo do frio
dando o único cobertor da família
me beijando com tanto carinho
fazendo de mim um rei, sendo seu filho
A tristeza dos cortadores de cana
a melancolia do plantio na terra seca
trabalhar tanto, tanto...
por tão pouco é mais que tristeza
a morte por exaustão traz na cachaça a maldição
a ganância do dono da refinaria
via álcool, via destilaria
o vicio é a pior prisão
no bar é vendido perto do barraco a poucos centavos
a água que não traz vida, mas sofrimento embalado
que faz você abaixar a cabeça em desalento
no meio da sua família é pior, muito mais sofrimento
mãe você não olha ninguém nos olhos
minha heroína, dona do lar
nem pro meu pai consegue olhar
a tristeza engarrafada que você compra
enriquece alguns que não se dão conta
da dor que essa droga faz dentro de uma família
não chega a ver o quanto chora um rapper por sua mãe na periferia
Minha genitora não tem mais os traços fortes do norte
se tornou fraca, vazia, uma sem sorte
como ver alguém que amo tanto definhar
como pegar sua alma no colo, tirar de dentro do bar
que peça falta no seu coração
que historia triste traz da infância... não sei não
qual o buraco ai dentro, como preenche-lo?
como posso ajudar alguém que bebe seu pesadelo?
me bate, xinga diz que não me conhece
eu agarro beijo, abraço e finjo que ainda sou um moleque
que tinha tanto orgulho de ser seu filho
logo você uma rainha africana num mundo hostil
apesar de você estar ai na calcada fria
mãe, eu vejo ate hoje em você... minha eterna rainha
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