Promessa (Ferréz)
eu sou a escrita que fica
quando a cela se fecha
sou a promessa
da mãe que chora quando
o filho erra
dá hora
ela nunca foi embora
sou o pai do motorista
profissional isca
arrisca a vida
e fica
sem ela
sou a promessa
da dor que vai nela
de casa em casa
sem espera
viela
sou sorriso
se fico com meu
umbigo só isso
egoísmo
no carro sozinho
contra outros carros
homens
no mesmo caminho
caminhando sentado
comendo o destino
sou portador
da caneta sem estilo
filho do método
escrito
sou isso e só isso
um rabisco
uma virgula no destino
o ponto final
do ato continuo
o travessão
no mundo mudo
pobre
seco mas com sorriso
a escrita que fica
quando partir
quando o olho fecha
fica o risco
da minha promessa
sou a imaginação
mal paga
mas iluminada no beco
sou entusiasta
da cultura
do valor do negro
sou o calor
no coração do gueto
sou a esquina da palavra
a escrita que não para
sou desse jeito
assim mesmo
sem batida
minha musica
é o toque da caneta
a inspiração
pra melhora
a promessa é cumprida agora.
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