Certezas pelo ralo
Periferia, vários ritmos uma única via.
O mano que bebe e chama no grau, o bang loko que só mata no natal.
Um por um, o Golf não é mato, aqui o carro é tão importante que vira companheiro e sobre nome. – aquele ali é o Renato do Pálio.
Mais fácil é policial militar andar de Prêmio parcelado.
Estrago. Arrisca o estado ao fazer o cidadão andar armado, na verdade andar de farol auto é arriscado nesses bairros, é a dica do delegado.
Na contra mão com o cavalo, a moto é a nova companheira do periférico, que sabe se portar pistola tem risco imediato de ser preso, mas se andar desarmado, pode ser finado.
Já diz o ditado pregado nos carros, num méxiconóis, que ta arrombado!
Sou principado, dentro e fora de tudo isso, difícil não ter envolvido um aliado, a cerveja vendida no posto na madrugada faz estrago,
E o inocente queria ver a filha, cruzou a avenida, bateu numa árvore de concreto e virou finado.
Muita gente, pouca sabedoria, assim olha pra gente a elite no dia-a-dia, mas depende de tudo pra viver sua vidinha.
Por traz da máscara da alegria, dos bares e igrejas super lotados, te provo desgosto e ironia.
Cabeça baixa da dona Maria, político que só passa na periferia de carreata, assim oh! Na correria.
Pro morador que trabalha todo dia, todo dia, todo dia. No ônibus se expressa, que no governo o que reina é a patifaria.
O pais periferia se resume em uma rima.
Autos lucros, baixa estima.
O que te falo é quente chegado, feriado, nada pra fazer no barraco.
A rua tem olho estralado por todo lado, jogando no nariz o que daria pra cobrir um estádio, de branco, pra promover paz no gramado, pra ser exemplo pros moleques que sonham em ser Ronaldo.
Preço pago, e foi auto, o povo pilotado, ordenado, cada um sendo humilhado por um baixo salário.
E o estado? Ta lá, todo emparedado, com móveis coloniais em plena mudança de século, vivendo do cheiro mofado dos velhos príncipes, de restos de um império forçado, respirando ares aristocráticos.
Enquanto isso, no pais cenográfico, Robocop fecha avenida pra se mostrar ocupado, pra se exibir como representante do estado, aliás único representante que chega nesses lado.
E o resultado? A vida é paranóia desse lado, farol fechado, passa embriagado, se trombar com maluco errado sem boi, exterminado.
Transito parado, sinal de moto é o recado, portou baseado é esculachado, não vai fugir da realidade que agente montou seu arrombado.
Se não achou foi pra mente, hoje é pouco o mato, amanhã é viciado.
O que te falo, meus conselhos foram enterrados, quando minhas certezas desceram pelo ralo, numa viela com vários barracos, onde todo inocente vira culpado.
Quem fez o estrago, o dinheiro da saúde deputado, o imposto desviado, o mau caráter no senado, o país mal representado.
Na real, sem frase de efeito, nem recorrer a palavra de dicionário, uma única regra pra esse novo povo-palhaço, que vota e é condenado.
O que te falo, situação do povo ta um fiasco, alguns poucos enriquecendo, outros morrendo pra manter o conquistado, e o salário da maioria é mal pago.
O necessário? Agente ainda tem que dar a direção do que fazer pra esses arrombandos, que não sabem nada de nóis, e não andam de buzão lotado, que não vivem um minuto com alguém do povo ao lado, a não ser ler livro ou texto de um de nós quando somos publicados.
Dividir as riquezas do estado, com o operário? Isso é um sonho muito louco um dia imaginado, mas repreendido e assassinado, aqui o que é meu fica comigo, morro pregado nisso, num do boi pra safado, é a fala do sistema criado.
O que te falo, meus conselhos foram enterrados, quando minhas certezas desceram pelo ralo, numa viela com vários barracos, onde todo inocente vira culpado.
Texto do livro
Cronista de um tempo ruim (Ferréz)
Um comentário:
pancadaria!!!
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