Blog do escritor Ferréz

10 pras três da madrugada (Ferréz)

10 pras três da madruga
Sem conseguir dormir
Que hora ligar o terminal
Pro ônibus poder buscar
Quem no meio do caminho vou multar
Me empurrar, um homem pelo meio
Na periferia tumultuada sem calçada
Numa sociedade que não valoriza nem o inteiro
Se a deficiência tá em mim, porque porto ela assim
Falta de rampa, falta de acesso
Espaço garantido pela lei para trabalhar
Mas todos riem do esforço que faço pro salário honrar
Eu desço a avenida pra pedir uma informação
Encosto a cadeira, e o motorista diz que não tem um tostão
Tenho pena da deficiência dele em entender
Que o cadeirante não dependente de sua esmola pra viver
O aleijado, mutilado é aquele que não faz nada pelo próximo.
Tantas causas, mas ninguém quer escutar
Sofrem não por mim, mas quando se imaginam no meu lugar
Andam de carros que sufocam o bebê
Compram tênis que mutilam a criança
Correm muito para perseguir o tempo perdido
É nessa hora que eu entendo meu compromisso
Pego meu caderno escrevo algumas frases
Nesse texto eu jogo bola e caminho a largos passos
escrevo sobre olhar um pássaro com problema na asa
Que merece ser tratado com carinho, pra voltar pra casa
Em meio a guerreiros da mentira
comandantes da hipocrisia
O ser humano é complicado
Constrói, destrói, altera o planeta
Usa todo o conhecimento não para a cura
Mas pra promover a diferença
Consegue chegar até em outro mundo
Mas não me faz sonhar em andar por um segundo.
Mas a história não termina tão triste
Com meu protesto, me expresso e chego mais rápido do que os omissos.

Dedicado a todos cadeirantes do Brasil.

3 comentários:

Robson Canto disse...

OLÁ AMIGO/A VENHO POR MEIO DESTA, LHES INFORMAR QUE TRAGO UMA NOTICIA BOA E UMA RUIM A BOA É QUE GOSTO MUITO DA SUA PESSOA. E A RUIM É QUE EU (ROBSON CANTO) VOLTEI A LITERATURA... TALVEZ VOCÊ DIGA QUE PENA OU QUE BOM.

ABRAÇOS FORTE “CANTO EL BRUXO”

“AOS INIMIGOS: A SENTENÇA VAI COBRADA /COM O CHEIRO DA FLOR CAINDO NA CALADA /JUDARIA NÃO DEU BOI... EU MUITO MENOS”

rugai disse...

Malandro é o seguinte...

moro aí perto..mas sou as baixada...prá nós lá de baixo tudo aki é longe...mas de moto tudo aki é perto...

almoço todo dia no bom prato da comendador...

como dizem na quebrada, sou “alemão”, ex-mecânico do SENAI, hj professor...

salário de merda? sim...mas vou reclamar do q? eu é q escolhi e não me arrependo.

mas...mudando de assunto...na baixada é funk q domina...vários parceiros..vários MC´s

em SP o rap tem uma certa politização...mas na baixada...o funk é só o lado dos ladrão...

denuncia ou apologia eu deixo prá os outros julgar...o q eu sei é q o som é da hora e eu mesmo sinto a pele arrpeia...a massa canta...e diretoria tá de pé...

enfim ferrrez...sinceramente...não sei qual é qual é o corre do certo em dia, tu sabe?

por um lado a gente fica feliz de vê uns mano se dando bem se levantando, por outro eu vejo mó ilusão com marca de boy, desperdício de grana, enfim, mano virar burguês nos valores...tá certo isso caraio?

acho q não...tem uma frase q um irmão de amizade meu me deu a letra: é do tal de subcomandante marcos lá do sul do México (os cara é firmeza pelo q sei...), a frase deles é o seguinte: “para nós nada, para todos tudo”, é mó simplicidade, mas acho q deve dá prá traduzir em qualquer língua, meio q Assim: tamo metendo bronca, mas não é nada pro nosso bolso, é pra geral...enfim já falei demais...abraço...qq dia passo aí na loja depois do bom prato

rugai disse...

esse é um das antiga d meu blog petardo11

Moto, trânsito e o ódio dos bacanas de carrão em São Paulo
Que muitos motoqueiros (motociclistas para os politicamente corretos...) cometem barbaridades não se contesta. Pelo contrário, as motos e os motoqueiros são alvos constantes de reclamação na grande mídia.

Mas a verdade no atacado nem sempre é a mesma no varejo, afinal o diabo está sempre nos detalhes. Os carros também cometem barbaridades, mas elas não merecem o mesmo destaque na mídia.

Obviamente a grande mídia representa a burguesia paulistana, que anda de carro; e é feita por jornalistas, que em sua maioria andam de carro.

Podem se apresentar mil argumentos concretos contra as motos, mas nada me tira da cabeça que há um problema de fundo, muito subjetivo, mas muito real presente no conflito entre carros e motos. Trata-se de uma nova versão da velha luta de classes. Calma, já me explico.

O carro em São Paulo sintetiza uma das maiores contradições do capitalismo: interesse privado X interesse público; interesse individual X interesse coletivo. Além da idéia de que o dinheiro sempre poderá comprar confortos como locomoção e velocidade para cada um. Mas a soma desses desejos individuais gerou o caos coletivo no trânsito e a promessa se tornou paralisia no congestionamento, e ataques de nervos. Nada mais óbvio.

Para o indivíduo que tem carro, sobretudo se for dos mais caros, a irritação é maior ainda. Ele constata que seu dinheiro não foi capaz de comprar a velocidade e o conforto prometidos, todo diferencial de status se acaba o congestionamento, onde um importado de mais de 100 mil, fica parado lado a lado com o Golzinho velho. É o trânsito democratizando a desgraça.

E como se isso tudo não bastasse o proprietário do carrão se depara com uma enorme fila de motos de 125 cilindradas passando a mais de 60 km/h no corredor (as vezes a 90 km/h!), a poucos centímetros de seu espelhinho. O motoboy, o motoqueiro, com motos velhas de 125 cilindradas, que mal valem R$3000,00 passam por ele. No seu íntimo o motorista deve pensar como Boris Casoy: - “vejam só, o mais baixo da escala social” me passando, e eu aqui parado!

Mas tem mais. Não raro este motorista se impacienta, acalenta o sonho imbecil de que a faixa ao lado anda mais rápido; muda de faixa bruscamente, muitas vezes sem dar seta. Para resolver seu “grave” problema quase mata o motoqueiro que vem no corredor. Algumas vezes, mas nem sempre, ele recebe uma punição. Sim, o “mais baixo da escala social” repreende o grande proprietário de carro com um pedagógico pontapé no retrovisor! Afinal, como dizem alguns motoboys “a gente não chuta espelhinho, simplesmente retiramos aqueles que não são usados”.

Parado, humilhado pela atitude e pelo prejuízo, ao motorista só resta odiar o motoqueiro e esquecer que ele é a causa do caos no trânsito e da falta de transporte público. Esses motoristas refletem uma sociedade que abandonou o engajamento coletivo e optou pelo individualismo. Que se fodam então! Sem lamentações.