Blog do escritor Ferréz

Moacyr Scliar nos deixa aqui.



Um ótimo escritor, mas além disso reconhecido por ser um grande amigo e uma pessoa muito agradável.
Scliar nos deixa aqui, mas tive a satisfação de trabalhar com ele em vários eventos, em outros ele teve a gentileza de assistir minha palestra, em Paraty demos um rolê durante a madrugada junto com Veríssimo e nossas esposas, ele nos deixou sozinhos nesse planeta azul e alagado na madrugada de ontem.
Em 11 de janeiro, o escritor deu entrada no hospital para a retirada de pólipos do intestino. Cinco dias mais tarde, ele sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) e teve de passar por nova cirurgia. No início de fevereiro, o quadro se agravou, com uma infecção respiratória.

O velório de Scliar aconteceu, ontem, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. A esposa do escritor, Judith Scliar recebeu os cumprimentos de familiares, autoridades e amigos.

O corpo do escritor será enterrado, hoje, em cerimônia reservada para parentes e amigos.
E nós ficamos mais pobres de gente boa como ele, e também de seus textos, mas ainda temos mais de 70 motivos para ler sua obra, pois ele escreveu mais de 70 livros.
obrigado Scliar.
Ferréz

Zé (texto inédito)


Zé Bahia não manda nada na quebrada.
Abaixa a cabeça pra polícia e pra bandido na quebrada.
De dentro do barraco ouve a malandragem.
- Esse carro é bem louco, é de bandido.
Zé firmeza se irritou um dia com o barulho da moto, o malandro não parava de ficar passando com o escapamento aberto.
Zé fudido da vida mandou o menino voltar de ré.
A noite Zé ficou na moral, bandidagem circulou perto do seu barraco.
Zé que antes era José Aparecido de Oliveira, mudou de nome quando entrou na obra, Zé da porra, Zé Largarto, Zé da pá (deu uma pazada num pião metido a forgado).
E finalmente Zé tiozinho. Com a velha sacola da World Tênnis e um conteúdo de alumínio.
A policia hoje parou o Zé, chamou de Zé Buceta, perguntou onde era a boca, ele apontou pra própria boca, pensou que era teste de embriaguez, mas viu que não era quando tomou um tapa, a bolsa a tiracolo caiu, o policia chutou, alguém gritou.
– é trabalhador, é um Zé povim! Um Zé qualquer!
Os hollerits se espalharam, voaram pelas quebradas.
O outro policial tomou a sacola a tiracolo, abriu a marmita, a população chegou perto.
- É trabalhador, seus coxinha de bosta!
Os agentes de cinza se enfezaram, encheran-se de fezes.
Agora que o governo mandou por a cor vermelha de sangue no veículo, eles tinham mais motivos para serem nervosos, fortes, quentes como o vermelho. Quentes como o inferno.
Um deles puxou o 38 cromado, abriu a marmita do Zé, enfiou a ponta do revólver dentro, cutucou, cutucou, espalhou a mistura e não achou nada, retirou o cano, fechou e deu para o Zé esculachado.
A população estava revoltada.
- Tantu bandidu na rua e us fi dégua ai pára um trabaiador, um Zé ninguém de merda.
- Tão abusando du Zé, qui é um coitado, se fose um bandido não faziam isso.
Os agentes da lei sairam, Zé humilhado entrou no meio do povo, se misturou pra ver se o aperto no peito parava, mas não parou.
Zé finiu.

Capão Pecado, a Caminho dos 12 anos.
No dia 3 de Julho de 2000 era lançado o meu primeiro romance.



“A número 1 sem troféu”


1o. Obrigado a Deus por me manter malandramente vivo.
2o. Obrigado Ferréz pelo espaço cedido ao C.L. da Z.S. vulgo M.B.
Estou no momento ouvindo “Lamento” do Tim Maia, + 1 loko que viveu a vida loka por não concordar com as pilantragens do mundão.
Sei lá qual que é, esse tinha mó cara de Capão Redondo oh, mano. Pode ser pretensão minha, mas eu acho que Tupac, e Bob Marley também tem a cara da nossa quebrada.
Sem pretensão nós aqui do Capão nunca ia conseguir chamar a atenção do resto do mundo, por que da ponte João Dias prá cá é outro mundo tá ligado.
Eu nem sei o significado do nome Capão e nem porque seria Redondo.
Eu era bem pivetinho e já ligava o nome Capão Redondo a sofrimento, 80% dos primeiros moradores ou quase primeiros, eram nordestinos, analfabetos, gente muito humilde, sofredora que gosta das coisa certa.
Gente igual a minha mãe.
São Paulo Massacra os + pobres e aqui no extremo sul eu senti na pele, o que é ser preto, pobre, filho de mãe solteira negra, que veio da Bahia com 12 anos de idade aprendi a não gostar de policia, sei o que é anda muito loko 3,4, dias direto e nem por isso atravessa o caminho de ninguém.
No Capão Redondo, é onde o cartão postal não tem inspiração pra foto.
Os turista não vem gasta os dólares e os poetas nunca nem sequer ouviram falar prá citar nos samba enredo.
Capão Redondo é a pobresa, injustiça, ruas de terra, esgoto a céu aberto, crianças descalças, distritos lotado, veículo do I.M.L, subindo e descendo prá lá e prá cá, tensão e cheiro de maconha o tempo todo.
São Paulo não é a cidade maravilhosa e o Capão Redondo no lado sul do mapa muito menos.
Aqui as história de crime não tem romantismo e nem heróis.
Mais ai! Eu amo essa porra.
No mundão eu não sou ninguém, mas no Capão Redondo eu tenho meu lugar garantido morô mano.
Vida longo aos guerreiro justo.
É assim que eu vejo.
“A número 1 sem troféu”

Capão Redondo uma escola.

Firmeza!!

Mano Brown

Novidades 2011

Salve
2011 já chegou a milhão, a 1DASUL não descansou um dia na virada para preparar sua nova coleção, em algumas semanas chega nas lojas, assinada por 5 desenhistas.
A Quintessa está encubando a 1DASUL, e parte desse novo processo é a inauguração do novo escritório da Marca, no mesmo lugar que ela foi criada.
O novo escritório da 1DASUL já está em fase final de construção, nossa nova base será no Jardim Comercial - Capão Redondo.
Também nessa nova fase o grupo de dança Lords of Krump é o nosso novo parceiro,o grupo que é formado por meninos da Zona Sul de São Paulo, antes tinha somente o apoio, passando agora a ter o patrocínio da marca, um video de lançamento do grupo está sendo feito pela produtora Quadra 11 e em breve estará nas pistas.
O Selo Povo também não para e traz o livro de Marcos Teles que já está no forno, a capa foi prensada ontem, e a costura e colagem vai ser feita hoje.
Fechamos com o NFL Zine e com a revista Menelick, além da C7 Design ser nossa nova parceira nas criações da Marca.
O DVD Literatura e Resistência ganhará uma nova edição com nova capa, final alternativo e um novo documentário. as últimas peças da primeira tiragem estão a venda na Livraria Cultura, na HQ Mix e nas lojas da 1DASUL.

no EnsaiAço de Fevereiro a coletânea Reviva Rap, e lançamento do CD do Negredo.


e tem mais, o DVD 100% Favela estará nas lojas em algumas semanas, uma produção nunca vista antes no rap nacional, com os maiores grupos do cenário, Tr3F, Facção Central, Negredo, NSN, A fusão, e muito mais, capa de Alexandre de Maio, produção Sindicato Paralelo, Negredo e 1DASUL.
a Revolução será silenciosa e determinada, como ler um bom livro a luz de velas em plena madrugada.
Ferréz

Sarau da Fundão foi Show


O Sarau da Vila Fundão foi super lotado no lançamento do grupo Negredo, ficaram mais de 100 pessoas para fora do bar, muito calor humano, poesia e música.
no meio do show recitei o texto que fiz especialmente para esse CD, A Maldição da Refinaria. como muita gente no sarau pediu o texto, segue ele abaixo desse post.

Dj Alê do grupo Negredo autografa o CD novo do grupo de rap da zona sul.

Nosso povo, nossos artistas, autografando o trabalho que foi conquistado com tanta luta.

A maldição da refinaria (Ferréz)

Espero seu toque novamente
seus olhos me vendo como sou
por mais que nos palcos eu cante
nada será como antes
me cobrindo, protegendo do frio
dando o único cobertor da família
me beijando com tanto carinho
fazendo de mim um rei, sendo seu filho
A tristeza dos cortadores de cana
a melancolia do plantio na terra seca
trabalhar tanto, tanto...
por tão pouco é mais que tristeza
a morte por exaustão traz na cachaça a maldição
a ganância do dono da refinaria
via álcool, via destilaria
o vicio é a pior prisão
no bar é vendido perto do barraco a poucos centavos
a água que não traz vida, mas sofrimento embalado
que faz você abaixar a cabeça em desalento
no meio da sua família é pior, muito mais sofrimento
mãe você não olha ninguém nos olhos
minha heroína, dona do lar
nem pro meu pai consegue olhar
a tristeza engarrafada que você compra
enriquece alguns que não se dão conta
da dor que essa droga faz dentro de uma família
não chega a ver o quanto chora um rapper por sua mãe na periferia
Minha genitora não tem mais os traços fortes do norte
se tornou fraca, vazia, uma sem sorte
como ver alguém que amo tanto definhar
como pegar sua alma no colo, tirar de dentro do bar
que peça falta no seu coração
que historia triste traz da infância... não sei não
qual o buraco ai dentro, como preenche-lo?
como posso ajudar alguém que bebe seu pesadelo?
me bate, xinga diz que não me conhece
eu agarro beijo, abraço e finjo que ainda sou um moleque
que tinha tanto orgulho de ser seu filho
logo você uma rainha africana num mundo hostil

apesar de você estar ai na calcada fria
mãe, eu vejo ate hoje em você... minha eterna rainha

Maldição da refinaria - novo texto de Ferréz no youtube

A Maldição da Refinaria - texto gravado para o cd do grupo Negredo, o texto é um ponto de vista de um rapper sobre sua mãe alcoólatra e traça uma geral do problema da bebida na periferia.

Em breve esse e outros textos serão lançados no projeto PalavrArmas.

Editora Selo Povo assina contrato com Luiz Alberto Mendes

Editora Selo Povo assina contrato com um dos maiores autores da Literatura Nacional

Editora Selo Povo assina contrato com um dos maiores autores da Literatura Nacional Luiz Alberto Mendes é novo contratado da editora Selo Povo, criada por Ferréz. O Escritor é um dos maiores nomes da literatura nacional, já escreveu livros como: “Memórias de um Sobrevivente”; Cia. das Letras. “Tesão e Prazer”, Geração Editorial. Traduzido e publicado na Rússia. “Às Cegas” Cia. das Letras e finalista prêmio Jaboti. Ficou preso por 31 anos e 10 meses; 10 anos alfabetizando e aulas de História e Português na prisão. Em 1984 foi o primeiro preso a freqüentar faculdade no Estado – Direito PUC/SP. Agora seu novo livro: Cela-Forte sairá pela Editora Selo Povo em 2011.

O que é Selo Povo

Selo feito para livros de bolso, livros esses escritos por e para mãos operárias, rebeldes, marginais, periféricas. Que possa alcançar o público despossuído de recurso que geralmente vê o livro como um item raro e elitista. Um vinho guardado e nunca degustado, enquanto queremos que todos bebam pelo menos sua tubaína diária. Um selo em um livro de bolso, para ser posto na sexta básica, para ser lido na rua, no horário de almoço, nas prisões, nos acampamentos, nas zonas, nos bares, barracos e barrancos desse imenso país periferia. Esse selo garante um livro de fácil leitura e que será lido, relido, emprestado, e gasto, andando de mão em mão até que volte para onde veio, a vida. Ao preço de 1 cerveja e meia, e mais barato que um prato feito, a desculpa para não ler acabou. Bem vindo ao Selo Povo, feito pra você e pra todo mundo.


Onde encontrar os livros da Selo Povo

Loja 1dasul Centro
Rua 24 de Maio, 62 loja 40 Centro (Galeria do Rock)
Fone 3222-8387

Livraria Cultura
Conjunto Nacional – Paulista

Loja Negredo
Rua Godoy – Continuação da Avenida Sabim
Capão Redondo – São Paulo

Livraria HQ Mix
Pça. Roosevelt, 142 – Centro – SP.
Tel. 11 – 3258 7740

Livraria Suburbano Convicto
Rua 13 de Maio, 70 – Bixiga
São Paulo – SP CEP: 01327-000
Fone (11) 2569-9151

Loja 1dasul Capão.
Avenida Comendador Sant´anna 138 capão redondo
fone 5870-7409

HQ Mix Club Noir
Rua Augusta, 331, Consolação-SP
(11)3257-8129/3255-8448

Blog oficial do Selo Povo
www.selopovo.blogspot.com

Manual Prático do ódio na Argentina

O lançamento de Manual Prático do ódio na Argentina está próximo, e a editora preparou um time de peso para apresentar o livro, Arnaldo Antunes, Heloísa Buarque, Allan da Rosa e também João Camillo Penna. Em breve publico trechos exclusivos dos prefácios aqui no blog.

Time de Peso