Blog do escritor Ferréz

O.M.N.I.

O.M.N.I. (Objeto Matador não identificado).

Estudou milhões de casos de O.V.N.I.s, desde as aparições feitas pelo livro vermelho dos discos voadores, até os últimos lançamentos americanos, que sinceramente já estavam ficando repetitivos.
Sentia os temas ficando maçantes. Os avistamentos mais comuns eram sempre repetitivos, mas sempre que lhe sobrava uma hora ou mais, pegava as pastas de fotos e observava com sua lupa, para ver se achava alguma falha. O objeto voador era diferente em cada foto, mas isso não o incomodava, afinal existiam milhões de planetas e com certeza milhões de formas de vidas.
Sabia que não tinha conhecimento para ser um ufólogo ainda, mas se esforçava com as leituras de Johannes Von Buttlar no seu livro O fenômeno Ufo. Também passava os olhos no clássico de Henry Durrant, o Livro negro dos discos voadores, e fora longínquo o tempo que lia Erick Von Däniken, nos seus clássicos, O grande enigma, Somos todos filhos dos Deuses, Espaçonaves e terra, Eram os Deuses astronautas.
Comia apressadamente, sempre era xingado pela sua mãe, que falava para comer com estilo, mas tinha que ser rápido, o tempo não esperava muito por ele.
Da escola pra casa, da casa pro trabalho, todo dia igual, uma hora de cada vez, quando ia ao banheiro, sempre tirava uma revista, Thor, Aquaman, Gavião-Negro.
Uma vez tentou um romance, mas parou na página vinte, ufologia e histórias em quadrinhos ainda iriam dominar sua leitura por alguns anos.
Deixou de acreditar em Deus fazia uma semana, desde que leu Fernando C.N. Pereira em seu livro, A bíblia e os Discos Voadores.
Tinha certeza que o enfoque do livro ia muito além das interpretações de simples passagens isoladas dos textos bíblicos.
Crop Circles ele começou a estudar fazia alguns meses, e colecionava fotos de plantações de vários paises. Os desenhos e símbolos eram para ele um quebra cabeça praticamente resolvido, eram palavras alienígenas, um grande alfabeto que ninguém desvendou.
Tinha um outro sonho, além de ver por ele mesmo um O.V.N.I, queria ter uma moto, todos os dias ia pedalando para o trabalho, e ultimamente estava preferindo ir a pé para a escola, talvez fosse a impressão de parecer mais adulto.
Escovava os dentes todas as noites, enquanto olhava seu rosto magro, onde o corte que descia do canto dos olhos só parava próximo ao queixo, falta de carne que um dia encheu aquelas bochechas, um motorista embriagado e uma cicatriz permanente.
Todo mundo já foi bebê, ele tinha saudade de algum carinho, fazia tempo que não era tocado por ninguém.
Sempre que estava se olhando, ficava mais nervoso, como a vida estava sendo ingrata, ele nunca desperdiçou sequer uma madrugada em claro, nunca ingeriu álcool, nunca fumou cigarro, muito menos maconha. Mas mesmo assim sua aparência era desgastada, como se a vida tivesse batido com força e lixado seu corpo durante alguns anos em algo áspero.
Naquela noite quente, resolveu dar uma volta, fechou o portão com a corrente, fingiu que apertou o cadeado, talvez para dar conforto a sua mãe, e começou a andar, subiu o mesmo morro, e quando chegou já cansado no alto, sentou no único banco daquela pequena praça, foi quando de repente recebeu o baque, algo o acertou e uma luz forte quase o cegou, ele não podia mais enxergar os barracos mais próximos, tentou por a mão na frente mas nada adiantou.
Segundos depois viu os olhos, os olhos daquela criatura reluziam algumas estrelas do céu, ou talvez a luz de algumas casas. Eram negros como o infinito, grandes, bem maiores que os normais, pareciam até óculos de sol.
Abaixou a cabeça para ver se conseguia enxergar algo além do clarão e dos olhos negros, e viu que as criaturas eram cinzas, sem dúvida a cor era cinza, tanto o tronco como as pernas, já nas mãos não podia ver os detalhes, não sabia se tinham dedos, mas algo de prateado saia dos braços, como se fosse um cano de metal, mas também não saberia descrever o que era.
Caído ali, ainda tonto pela pancada, podia ver a nave se aproximando, a luz era muito mais forte agora, e ainda não conseguia focar o olhar, nem ver através dela.
As janelas da nave pareciam comuns, embora na lateral havia uma grafia estranha, nada costumeira pelas fontes que ele havia visto. Talvez seria uma raça extraterrestre, totalmente desconhecida.
Apertando os olhos, pode ler alguma letra parecida com um r todo customizado, mas as outras era mais difícil de saber o que eram, ou talvez fosse sua condição, seus olhos ardiam agora, e mais dois seres se aproximavam, enquanto tentava focar a visão pelo menos em um.
Torceu tanto por esse dia, uma experiência ufológica, e agora já não sabia se queria passar por isso.
Tentou usar a força do pensamento, talvez telepatia fosse a linguagem deles, mas não adiantou, foi nesse momento que conseguiu ver que um dos seres retirou algo do cinturão, sim ele podia ver os cinturões, todos tinham um, e também algo que cobria a pele cinza, algo como uma nova camada sobre a pele, algo parecido com um colete.
Já tinha certeza que seria abduzido, leu centenas de relatos assim, até que o ser finalmente se aproximou, levantou o que trazia acoplado em sua mão, algo de metal e bateu em sua cabeça, doeu muito e ao por a mão na cabeça sentiu o sangue escorrer, mesmo assim continuou tentando ver como era o rosto da criatura, foi quando começou a ficar tonto e ao abaixar a cabeça, segundos antes de desmaiar, finalmente pode ler a palavra que estava escrita na nave. Rota.



7 comentários:

canbeck disse...

Salve Ferrez tudo na paz?
Adimiro muito seu trampo e seus texto.
Gostaria de entrar em contato contigo pelo e-mail.
ah alguma possibilidade de me fornecer seu e-mail pessoal?

wellitonluiz@msn.com

Clara Mendes disse...

Olá Ferrez...
Moro em Indaiatuba-SP e sou uma leitora assidua da Caros Amigos, e na edição de abril seu "manifesto" está brilhante, é literalmente o que eu penso.
Parabens, por ter a coragem de expor sua indiganação perante a essa sociedade em que vivemos.
Ana Clara

Léo Menezes disse...

Te mandei um e-mail parabenizando-lhe pela matéri na edição de abril da revista caros amigos...
Quando vier pela Bahia manda um e-mail. ok?

Neto Miná disse...

Grande Ferrez...
acobo delersua publicação do mes de abril na Caros Amigos...
Nossa, naum predi tempo e vim parabenizá-lo..
qndo eu penso q jah estou acostumado com seu estilo, com suas ideias tu me surpreende!
Mto bom, axo q mtas coisas q andavam engasgadas em mim e em mtas pessoas foram abordadas por ti, com um brilhantismo incomunal!

AbraçO

Nathália Barra. disse...

Boa Noitee!
Passei apenas para dar um SALVE a sua matéria publicada na edição de fevereiro da Caros Amigos,o texto onde você nos mostra o quanto os Eua nos discriminam, e nós, rotineiramente, não percebemos!Achamos o máximo a moda deles, os filmes, os costumes, e esquecemos de valorizar aquilo que realmente é o máximo,a NOSSA cultura! =D
Mas um dia agente aprende e muda rumo, porque ainda existem pessoas assim como você, que estão aqui pra nos mostrar, onde estamos errando!
Obrigada!
E parabéns pelo seu trabalho de qualidade e respeito.

Amábile Aquino disse...

Não perco 5 segundos,com blogs que não estejam em meu contexto como leitora exigente, contudo vi muitos bons e neles encontrei o seu, que aliás já tinha visto outros trabalhos seus não só na linha de escritor, na tv, impressos, rádio...Parábens pelo seu trabalho de um modo geral, não deixando de ressaltar seus projetos sociais, abrindo uma fenda luminisa(que expandirá mais e mais!)para as comunidades da periferia, sobretudo, parabenizo a sua paixão pela escrita, assim como também sou!

Amábile

Guilhermé disse...

E aí Ferrés?
Sou assinante da Caros Amigos e curti à vera teu artigo de abril, sua volta armada.
Fiquei tão vidrado q fiz uma postagem no meu blog sobre ele, se der dá uma lida.
Abraço.
Guilhermé.
http://resistenciacarioca.blogspot.com/2008/04/ontem-mergulhado-na-minha-caros-amigos.html