Foram muitos dias de informação, diversidade, debates, leituras, conhecimento além do imaginado, mas agora to de volta, passando alguns dias com a Dana (que não me reconheceu) e com a Elaine, fora os amigos da quebrada para quem ontem fiz a turnê de chegada, e tome café atrasado na casa dos parceiros.
Fui visitar com muita saudade a Biblioteca Êxodus, e começo a leitura dos livros que comprei na semana que vem para os meninos de lá, consegui livros africanos e um grande exemplar dos Panteras Negras.
Os eventos das palestras, leituras e o show foram um grande barato, e com certeza muito dessa experiência vou desenvolver aqui, depois quando tiver chegado num descanso merecido eu posto aqui as coisas em detalhes.
Ferréz.
Um comentário:
Ferrez,
fale-nos dessa operação aí (a favela Alba fica perto do Capão, não é?):
Governo Serra faz marketing com fuzis em favela
(Quinta-Feira, 13 de Setembro de 2007 às 11:39hs)
Jornalistas bons os jornais comercias têm e aos montes. Aliás, a grande maioria. Os picaretas, em geral, são os estafetas que nunca saíram nas ruas para fazer uma reportagem. Ficam ali, na ante-sala do dono apenas dando as “diretrizes editoriais”. E passando informações privilegiadas para os amigos dos donos. Mas hoje a Folha mostra a degradação moral de alguns jornalistas, da Polícia Militar, da assessoria de imprensa do governo e do governador do Estado se ele não vier a demitir sem pestanejar a todos os que estiveram envolvidos no estapafúrdio replay de uma ação policial.
O leitor que tem assinatura do Uol ou da Folha deve ler a matéria no original. Para aqueles que não os têm, coloco um trecho:
“Em uma ação de marketing, a Polícia Militar de São Paulo repetiu ontem uma incursão antidrogas em uma favela apenas para que pudesse ser filmada e fotografada pela imprensa. Eram cerca de 10h na favela Alba (zona sul), onde moram 7.500 pessoas. A incursão dos PMs havia acabado momentos antes, registrada só por uma equipe da TV Globo e três fotógrafos – entre eles, um da Secretaria da Segurança Pública.
Com a intenção de “desestruturar o tráfico de drogas e estreitar laços com a comunidade", policiais tinham entrado na favela, na chamada Operação Saturação, enquanto 201 carros da polícia, a cavalaria e um helicóptero a cercavam. No total, 667 homens e mulheres participavam da ação, cujo balanço oficial não foi divulgado.
Diante do lamento de jornalistas (comentário meu: sinto vergonha de ser jornalista quando sou exposto a esse tipo caso) de outros órgãos de imprensa, que, recém-chegados, não tinham conseguido registrar as cenas, a assessoria de imprensa do governo José Serra (PSDB) interveio. Com isso, uma nova incursão foi organizada pela PM “para que todos possam fazer boas fotos da operação”, como disse a assessora Teresa Cristina Miranda.
Policiais e repórteres seguiram, então, para dentro da favela. Todos vestindo coletes a prova de bala da PM. Esta incursão durou cerca de 35 minutos e, segundo a própria polícia, ninguém foi preso e nenhuma arma ou droga foi apreendida.
Três repórteres fotográficos, entre os quais um do “O Estado de S.Paulo” e um do “Diário de S.Paulo”, e três cinegrafistas, sendo um do SBT e outro da TV Bandeirantes, acompanharam seis policiais, que revistaram moradores em vielas.
Enquanto ocorria a incursão, um helicóptero da PM fazia manobras, chamadas de “desembarque tático”, onde nove policiais se revezaram em breves vôos rasantes sobre a favela, descendo a 80 metros dali."
(...)
"A Folha questionou outros policiais presentes na operação sobre o motivo da segunda incursão. Eles confirmaram que serviria exclusivamente para mostrar aos jornalistas. Na operação, funcionários da Subprefeitura de Santo Amaro derrubaram barracos de moradores, mesmo sem autorização judicial. A assessoria da subprefeitura afirmou que a retirada das moradias foi um erro e que será estudada uma solução para as famílias.
Com a imprensa por perto, a polícia nos tratava bem. Longe, todo mundo era tratado como traficante”, afirmou Flaviane dos Santos Ferreira, 24, que perdeu o barraco na operação de ontem da PM.”
Sinto nojo - Não dá para dizer outra coisa disso tudo: sinto nojo. Isso é mais do que degradação moral é crime. Foi praticado por alguns jornalistas, pela assessoria de imprensa do governo do Estado e pelo comando da operação. Eximo apenas os policiais que a realizaram porque cumpriam ordens. O governador Serra e os órgãos de imprensa que participaram desse escândalo precisam se explicar. Quero saber, por exemplo, a opinião da OAB-SP sobre o caso, da Fenaj e do Sindicato dos Jornalistas.
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