Ontem, dia 29/08/2006
Peguei meu velho Gol, junto com o meu parceiro Maurício e fomos para o Hotel Sofitel, no meio do caminho levei uma multa por que esqueci que era dia da minha placa no rodízio, eu nunca presto atenção nessas coisas.
Bom, somando com o preço do estacionamento, mais 18,00 reais, eu diria que o suco de laranja e o pequeno pão que me serviram lá não compensou muito, mas tudo bem.
Entramos no hotel, as 6:oohs da tarde, eu sabia que toda reunião com o PT sempre atrasa, mas por ser tratar do presidente...estava enganado, atrasou também.
No corredor abracei um amigo, Paulo Lins estava com um blaser bonito, e de camisa de cacharrel era o único sem gravata, sem contar eu e o Mauricio, que além de não ter gravata estávamos de jaqueta, boné, calça de moleton e tênis, fomos com o kit completo da favela.
Conversamos um pouco sobre o filho do Lins e sobre o Rio e depois falei com o Maurício que era melhor agente ficar um tempo lá embaixo, (devo confessar, que muito engravatado me dá coceira).
Sentado num confortável sofá, eu olhava toda a estrutura do hotel e pensava quantas pessoas iguais a mim era necessárias para limpar tudo aquilo, também lembrava da época que fazia pintura, sem querer olhava o acabamento e o tom da tinta, coisa de sofredor.
Minha conversa com Maurício foi interrompida pelos jornalistas, Folha, Estadão, Agora etc, todos perguntando da minha ida ali, e da coisa da ética do governo.
Respondi que assunto mais sério do que ética pra mim era a morte de 460 pessoas em São Paulo devido a má administração do governador. Eu sabia o que a grande mídia queria, um escritor de periferia carrancudo, crítico, sem papas nas línguas, mas não dei o que queriam, porque na verdade eu estava naquele encontro também para ouvir, coisa que aprendi com um provérbio do preto Ghóez, que numa palestra minha disse para um penetra: agente tem dois ouvidos, e só uma boca, isso te diz algo?
Então, a minha ida naquela reunião só tinha uma missão, trazer para a periferia o que tinha rolado lá, e também deixar claro, que o Alckimin não era a minha escolha.
Depois das entrevistas fomos para a sala de reunião, lá Fernando Moraes, Marilene Chauí, Moacyr Scliar, Paul Singer, Ariano Suassuna e mais de 70 intelectuais presentes.
O presidente se sentou ao lado de Berzoini, Marta, e outros ministros, depois chegou o aviso de que 10 pessoas foram escolhidas para falar em nome de todos ali.
Não me espantei quando vi o nome do Paulo Lins, mas sim quando vi o meu, tentei pensar no que falaria, qual era o ponto mais necessário naquele momento, e todos caíram por terra ta ligado? Assim que lembrei de tantas vitimas esse ano.
Falei, fiz a falação como dizia o Ghóez, e nesse momento retratei as mães que choraram por seus filhos, ignorados pelo estado que naquele momento tinha um representante só preocupado em se candidatar a presidente, também falei da tentativa da mídia de criminalizar a periferia a todo momento, associando todos da vida criminal com moradores dos subúrbios.
Falei do rio de sangue que banhou a periferia no governo Alckimin, falei da falta de preparo da única presença do estado na nossa comunidade, a policia, que de certa forma também é vítima desse mesmo estado omisso.
Fiz meu papel, e infelizmente não falei de literatura, mas o Paulo Lins também não, assim como eu, ele citou a questão da violência que na verdade é nossa primeira preocupação, como vamos falar de literatura se as pessoas em nossa volta morrem a todo momento de forma banal, e na maioria sem motivos.
Depois do discurso do presidente, fui até o Ariano e pedi um autógrafo, ele me atendeu prontamente e a assinatura desse grande talento e ser humano, ta aqui do lado da minha mesa, enquanto escrevo essas palavras.
Na volta, paramos para comer algo, e voltamos para a periferia aproveitando o transito livre que só a noite de São Paulo pode nos dar, quando o carro começou a trepidar mais, e as paradas por causa dos buracos se faziam mais necessária era sinal de que estávamos na nossa quebrada, os barracos estavam todos escuros, e só algumas luzes iluminavam os cães que nessa noite não latiam.
Ferréz.
Peguei meu velho Gol, junto com o meu parceiro Maurício e fomos para o Hotel Sofitel, no meio do caminho levei uma multa por que esqueci que era dia da minha placa no rodízio, eu nunca presto atenção nessas coisas.
Bom, somando com o preço do estacionamento, mais 18,00 reais, eu diria que o suco de laranja e o pequeno pão que me serviram lá não compensou muito, mas tudo bem.
Entramos no hotel, as 6:oohs da tarde, eu sabia que toda reunião com o PT sempre atrasa, mas por ser tratar do presidente...estava enganado, atrasou também.
No corredor abracei um amigo, Paulo Lins estava com um blaser bonito, e de camisa de cacharrel era o único sem gravata, sem contar eu e o Mauricio, que além de não ter gravata estávamos de jaqueta, boné, calça de moleton e tênis, fomos com o kit completo da favela.
Conversamos um pouco sobre o filho do Lins e sobre o Rio e depois falei com o Maurício que era melhor agente ficar um tempo lá embaixo, (devo confessar, que muito engravatado me dá coceira).
Sentado num confortável sofá, eu olhava toda a estrutura do hotel e pensava quantas pessoas iguais a mim era necessárias para limpar tudo aquilo, também lembrava da época que fazia pintura, sem querer olhava o acabamento e o tom da tinta, coisa de sofredor.
Minha conversa com Maurício foi interrompida pelos jornalistas, Folha, Estadão, Agora etc, todos perguntando da minha ida ali, e da coisa da ética do governo.
Respondi que assunto mais sério do que ética pra mim era a morte de 460 pessoas em São Paulo devido a má administração do governador. Eu sabia o que a grande mídia queria, um escritor de periferia carrancudo, crítico, sem papas nas línguas, mas não dei o que queriam, porque na verdade eu estava naquele encontro também para ouvir, coisa que aprendi com um provérbio do preto Ghóez, que numa palestra minha disse para um penetra: agente tem dois ouvidos, e só uma boca, isso te diz algo?
Então, a minha ida naquela reunião só tinha uma missão, trazer para a periferia o que tinha rolado lá, e também deixar claro, que o Alckimin não era a minha escolha.
Depois das entrevistas fomos para a sala de reunião, lá Fernando Moraes, Marilene Chauí, Moacyr Scliar, Paul Singer, Ariano Suassuna e mais de 70 intelectuais presentes.
O presidente se sentou ao lado de Berzoini, Marta, e outros ministros, depois chegou o aviso de que 10 pessoas foram escolhidas para falar em nome de todos ali.
Não me espantei quando vi o nome do Paulo Lins, mas sim quando vi o meu, tentei pensar no que falaria, qual era o ponto mais necessário naquele momento, e todos caíram por terra ta ligado? Assim que lembrei de tantas vitimas esse ano.
Falei, fiz a falação como dizia o Ghóez, e nesse momento retratei as mães que choraram por seus filhos, ignorados pelo estado que naquele momento tinha um representante só preocupado em se candidatar a presidente, também falei da tentativa da mídia de criminalizar a periferia a todo momento, associando todos da vida criminal com moradores dos subúrbios.
Falei do rio de sangue que banhou a periferia no governo Alckimin, falei da falta de preparo da única presença do estado na nossa comunidade, a policia, que de certa forma também é vítima desse mesmo estado omisso.
Fiz meu papel, e infelizmente não falei de literatura, mas o Paulo Lins também não, assim como eu, ele citou a questão da violência que na verdade é nossa primeira preocupação, como vamos falar de literatura se as pessoas em nossa volta morrem a todo momento de forma banal, e na maioria sem motivos.
Depois do discurso do presidente, fui até o Ariano e pedi um autógrafo, ele me atendeu prontamente e a assinatura desse grande talento e ser humano, ta aqui do lado da minha mesa, enquanto escrevo essas palavras.
Na volta, paramos para comer algo, e voltamos para a periferia aproveitando o transito livre que só a noite de São Paulo pode nos dar, quando o carro começou a trepidar mais, e as paradas por causa dos buracos se faziam mais necessária era sinal de que estávamos na nossa quebrada, os barracos estavam todos escuros, e só algumas luzes iluminavam os cães que nessa noite não latiam.
Ferréz.
P.S: Devido a alguns abusos, esse texto e todos os demais que constam desse blog só podem ser usados por outros blogs e sites, e não está autorizado a ser usado em outros meios de comunicação. Fz.
7 comentários:
Precisa ter muita coragem pra falar numa hora dessas. Um bando de engravatados representantes de um troço feito o Estado. E ainda a incumbência de representar um bando de gente. Tem que ter garra mesmo, não é pra qualquer um. No seu lugar, eu teria um baita de um branco, ia passar batido em tudo. Até em abrir o coração pra falar o que todo mundo sabe e ninguém gosta de ouvir. Te admiro e não é só pela Literatura. Valeu.
Ae tio é nóis denovo dando idéia pelo veículo loko dos blogs... Mas é o jeito, essa parada existe pra ver o lado de quem não consegue se trombrar e discutir essas fita tomando uma gelada e jogando um bilhar na quebrada... Ultimamente eu to sem inspiração pra escrever, acho que você já deve ter passado por isso. Essa porra de eleição consome até a alma... e bater na mesma tecla empapussa. Mas ae... o toque que eu quero deixar aqui é que essa história de luta de classes não me ilude mais. Hoje cedo minha mina tava loka com 2 fita que trampa com ela, e na ignorancia deles, acabaram irritando ela tirando onda de que quem vota do barbudinho denovo é loque... No meio da idéia que dei pra ela sobre se colocar no lugar do outro e tal, de quem não tem parametro nem opniao pra respeitar as idéias alheias, minha mina me surpreendeu. Disse que fechou o debate dizendo o que ela vota no Lula denovo, sim, não por uma questão pessoal e sim pelos pobres, por quem precisa, pela maioria, pelo coletivo. O recado é claro, nem eu nem ela precisamos de esmola do governo... na correria do dia-a-dia nóis se levanta.. mas tem muita, mas muita gente que precisa das migalhas, quem sou eu pra julgar.
E o meu discurso vai nessa linha, democracia, representatividade, luta de classes, opnião publica ou publicada, mídia viciada, lideranças, discursos bonitos e inflamados... que se foda tudo isso. Não importa quem vai ocupar o palacete... A mudança não começa por ali.
Se tem algo que me orgulha no Lula é o espaço que ele dá pra ouvir o povo, e lá vc representou o gueto, firmeza total, assim como foi no encontro com os Rappers, Mano Brow, Rappinhood e os caraio... É isso que vale, o que vem depois, depende de tantos interesses, tantos egos. Pra nós mesmos, vale o desabafo que garante a nossa fé e coragem pra continuar na luta.
Obs.: Sem duvida seu post vai ganhar um (Copy / Paste) no meu blog...
Salve!
Ae tio é nóis denovo dando idéia pelo veículo loko dos blogs... Mas é o jeito, essa parada existe pra ver o lado de quem não consegue se trombrar e discutir essas fita tomando uma gelada e jogando um bilhar na quebrada... Ultimamente eu to sem inspiração pra escrever, acho que você já deve ter passado por isso. Essa porra de eleição consome até a alma... e bater na mesma tecla empapussa. Mas ae... o toque que eu quero deixar aqui é que essa história de luta de classes não me ilude mais. Hoje cedo minha mina tava loka com 2 fita que trampa com ela, e na ignorancia deles, acabaram irritando ela tirando onda de que quem vota do barbudinho denovo é loque... No meio da idéia que dei pra ela sobre se colocar no lugar do outro e tal, de quem não tem parametro nem opniao pra respeitar as idéias alheias, minha mina me surpreendeu. Disse que fechou o debate dizendo o que ela vota no Lula denovo, sim, não por uma questão pessoal e sim pelos pobres, por quem precisa, pela maioria, pelo coletivo. O recado é claro, nem eu nem ela precisamos de esmola do governo... na correria do dia-a-dia nóis se levanta.. mas tem muita, mas muita gente que precisa das migalhas, quem sou eu pra julgar.
E o meu discurso vai nessa linha, democracia, representatividade, luta de classes, opnião publica ou publicada, mídia viciada, lideranças, discursos bonitos e inflamados... que se foda tudo isso. Não importa quem vai ocupar o palacete... A mudança não começa por ali.
Se tem algo que me orgulha no Lula é o espaço que ele dá pra ouvir o povo, e lá vc representou o gueto, firmeza total, assim como foi no encontro com os Rappers, Mano Brow, Rappinhood e os caraio... É isso que vale, o que vem depois, depende de tantos interesses, tantos egos. Pra nós mesmos, vale o desabafo que garante a nossa fé e coragem pra continuar na luta.
Obs.: Sem duvida seu post vai ganhar um (Copy / Paste) no meu blog...
Salve!
Ae tio é nóis denovo dando idéia pelo veículo loko dos blogs... Mas é o jeito, essa parada existe pra ver o lado de quem não consegue se trombrar e discutir essas fita tomando uma gelada e jogando um bilhar na quebrada... Ultimamente eu to sem inspiração pra escrever, acho que você já deve ter passado por isso. Essa porra de eleição consome até a alma... e bater na mesma tecla empapussa. Mas ae... o toque que eu quero deixar aqui é que essa história de luta de classes não me ilude mais. Hoje cedo minha mina tava loka com 2 fita que trampa com ela, e na ignorancia deles, acabaram irritando ela tirando onda de que quem vota do barbudinho denovo é loque... No meio da idéia que dei pra ela sobre se colocar no lugar do outro e tal, de quem não tem parametro nem opniao pra respeitar as idéias alheias, minha mina me surpreendeu. Disse que fechou o debate dizendo o que ela vota no Lula denovo, sim, não por uma questão pessoal e sim pelos pobres, por quem precisa, pela maioria, pelo coletivo. O recado é claro, nem eu nem ela precisamos de esmola do governo... na correria do dia-a-dia nóis se levanta.. mas tem muita, mas muita gente que precisa das migalhas, quem sou eu pra julgar.
E o meu discurso vai nessa linha, democracia, representatividade, luta de classes, opnião publica ou publicada, mídia viciada, lideranças, discursos bonitos e inflamados... que se foda tudo isso. Não importa quem vai ocupar o palacete... A mudança não começa por ali.
Se tem algo que me orgulha no Lula é o espaço que ele dá pra ouvir o povo, e lá vc representou o gueto, firmeza total, assim como foi no encontro com os Rappers, Mano Brow, Rappinhood e os caraio... É isso que vale, o que vem depois, depende de tantos interesses, tantos egos. Pra nós mesmos, vale o desabafo que garante a nossa fé e coragem pra continuar na luta.
Obs.: Sem duvida seu post vai ganhar um (Copy / Paste) no meu blog...
Salve!
Ae tio é nóis denovo dando idéia pelo veículo loko dos blogs... Mas é o jeito, essa parada existe pra ver o lado de quem não consegue se trombrar e discutir essas fita tomando uma gelada e jogando um bilhar na quebrada... Ultimamente eu to sem inspiração pra escrever, acho que você já deve ter passado por isso. Essa porra de eleição consome até a alma... e bater na mesma tecla empapussa. Mas ae... o toque que eu quero deixar aqui é que essa história de luta de classes não me ilude mais. Hoje cedo minha mina tava loka com 2 fita que trampa com ela, e na ignorancia deles, acabaram irritando ela tirando onda de que quem vota do barbudinho denovo é loque... No meio da idéia que dei pra ela sobre se colocar no lugar do outro e tal, de quem não tem parametro nem opniao pra respeitar as idéias alheias, minha mina me surpreendeu. Disse que fechou o debate dizendo o que ela vota no Lula denovo, sim, não por uma questão pessoal e sim pelos pobres, por quem precisa, pela maioria, pelo coletivo. O recado é claro, nem eu nem ela precisamos de esmola do governo... na correria do dia-a-dia nóis se levanta.. mas tem muita, mas muita gente que precisa das migalhas, quem sou eu pra julgar.
E o meu discurso vai nessa linha, democracia, representatividade, luta de classes, opnião publica ou publicada, mídia viciada, lideranças, discursos bonitos e inflamados... que se foda tudo isso. Não importa quem vai ocupar o palacete... A mudança não começa por ali.
Se tem algo que me orgulha no Lula é o espaço que ele dá pra ouvir o povo, e lá vc representou o gueto, firmeza total, assim como foi no encontro com os Rappers, Mano Brow, Rappinhood e os caraio... É isso que vale, o que vem depois, depende de tantos interesses, tantos egos. Pra nós mesmos, vale o desabafo que garante a nossa fé e coragem pra continuar na luta.
Obs.: Sem duvida seu post vai ganhar um (Copy / Paste) no meu blog...
Salve!
boa
belo texto ferrez.
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