Blog do escritor Ferréz

A bondade humana

A bondade humana

Parquinho, o nome é diminutivo, mas o encanto não.
Crianças que ao passarem pelos fios cheios de lâmpadas coloridas, entram num mundo encantado onde a magia não tem limites.
Os carrinhos enferrujados, as improvisações por falta de dinheiro e os funcionários que trazem nos rostos o cansaço de uma vida inteira de mudanças repentinas.
Nada disso a criança vê, nós adultos percebemos, o dono da barraca de batidas que queria estar vendendo doces, mas infelizmente o álcool dá muito mais dinheiro.
O piloto de roda gigante que fugiu de casa com doze anos e nunca mais se achou nessa vida.
O palhaço que pertencia ao um circo e agora perambula pelo parquinho tentando encontrar a paz de espírito.
As crianças continuam sorrindo.
A senhora que faz pipoca capricha, tem doce e salgada, mas sua vida ta sem gosto, desempregada pegou o carrinho emprestado do parquinho para fazer um bico, eles ajudam quando deveriam ser ajudados.
Ela me diz com franqueza – esta sempre vazio, us jovens prefere ir nos shopping center, esqueceram os parquinhos.
Quatro anos no mesmo lugar, montando, refazendo, inventando.
O dono do sonho morreu a alguns meses, quem gerencia agora é a esposa e os filhos.
As crianças continuam sorrindo.
Um casal chega com o filho, compra alguns ingressos ao preço de R$ 1,00 cada, depois de passar por alguns brinquedos, o operador libera os outros. – pode ir moço, precisa pagar não.
A bondade está em quem não tem o que dar, e mesmo assim doa.
As luzes continuam acesas, nós saimos devagar, eu, minha esposa e minha afilhada, que agora é minha filha.
Vejo no seu sorriso, nos seus olhos brilhando as coisas que eu via em seu pai, e sei que ele ta sorrindo no céu, céu esse que hoje ta escuro e enigmático.
Agente sai do parquinho, as crianças continuam sorrindo, nós vamos voltar pra casa, e talvez um dia encontraremos algo aqui dentro de nós mesmos.
Algo que seja mais eficaz que as luzes que um dia me fizeram sonhar.

Ferréz

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