Blog do escritor Ferréz

Se o Rap tá morto nós somos o necrotério!


Salve, ontem foi a noite mais bonita do ano, mais de 150 pessoas passaram pelo EnsaiAço, o livre ensaio para o Hip-Hop na Zona Super de Sampa City.
Muitos grupos novos chegaram pela primeira vez e muitos outros que nos acompanham desde o primeiro EnsaiAço, como NSN que fez duas músicas muito foda, o grupo mais Gangsta que conheço, som pesado, letra contundente, depois foi a vez de F.I.N.O que fez todo mundo por a mão pra cima, cantando que a paz que procuramos está aqui!,
Os manos do R.D.G anunciaram o lançamento do seu primeiro CD, que vai sair em Novembro, e será lançado no EnsaiAço dia 26 de Novembro.

E o Show continuou com a apresentação de Martinha Vila Fundão, Ylsão e Mauricio, que puxaram várias idéias positivas, a Alcatéia quebrou tudo e o grupo Uclã também chegou arrebentando tudo, foi tanto grupo que alguns só no blog do projeto www.ensaiaco.blogspot.com.
confere ai algumas fotos, em breve Detentos do Rap que também promete o cd para esse ano, e também esse ano tem novo cd do Negredo e 100% favela 2.
os manos tavam usando 1DASUL em peso, agradeço o reconhecimento, várias tattos também aparecerem, somos legitimados pelo gueto, obrigado pelo boné na cabeça e pelo símbolo na péle, somos muitos agora.


As novidades não param, além da coletânia do mano Pool Thalento Nato 2, mano se o rap tá morto então realmente nós somos o necrotério.
ainda nesse sábado fui na festa das bruxas, feita no projeto Periferia Ativa, o Alê e a Cíntia tavam fazendo uma surpresa para as crianças de lá fui para o Interferência ver como anda as crianças, começamos as aulas de capoeira na ong, que está cada vez melhor, é isso...centenas de abraços por dia, dos pequenos e dos grandes, a comunidade se organiza de verdade e o futuro chega um pouco mais positivo, não dependendo de politico filha da puta nenhum, nem de aval de ninguém, fazendo nóis por nóis, por puro amor, o tempo vai julgar.
ferréz

1DASUL Centro - cultura da periferia

A 1DASUL no Centro
Produtos exclusivos: Literatura Marginal, fanzines, livros ideológicos, bonés, camisas, blusas e cadernos,
Junte-se a revolução auto suficiente.

Na loja, livros de autores independentes, fanzines, edições Toró, Literatura Suburbana, Editora Aeroplano, Editora Global, Selo Povo e muitos títulos que você só encontra lá.

Em Novembro: 1DASUL P/B (Preto e Branco)Coleção nova de bonés aba reta e flex flit.
Em Dezembro: CD´s exclusivos = R.D.G (Rapaziada da Godoy) Negredo (novo álbum), Detentos do Rap, DVD 100% favela 2. Livro Marcos Teles e Luiz Alberto Mendes - Selo Povo.
Periferia com qualidade www.1dasul.com.br

PalavrArmas no Centro Cultural

Inaugurando meu novo trabalho: PalavrArmas, dia 13 agente faz a primeira apresentação no Centro Cultural São Paulo,a apresentação é seguida por uma palestra, conto com todos por lá.
Abraços, Ferréz

Os mesmos (texto inédito)

Os mesmos

Chegaram, em cartazes, folhetos, banners, TV, rádio, boca-a-boca.
A eleição da canalhocracia tem seu início, meio e fim.
Temos que escolher, optar, garimpar, pesquisar, enquanto a mídia fica a todo tempo tocando a mesma música, editada pelo sistema democrático.
Temos que votar.
Você escolhe seu futuro.
É sua chance de mudar as coisas.
Entre frases fáceis, sorrisos falsos, maquiagens fortes, discursos vazios e apoios hipócritas, o povo que está tão longe tem que escolher.
A culpa pega forte, votar em nulo, é desperdício? Vai para outro candidato?
A resposta é não, voto nulo é nulo, não pode ir para ninguém, não é computado em nenhum candidato, é uma escolha.
Escolher, temos que escolher entre velhos decréptos a beira da morte, ou promessas de mudanças de rostos iguais, de filhos, netos, sobrinhos, irmãos, que no fim são os mesmos com suas promessas sempre cheirando a mofo.
Os artistas em massa se candidataram esse ano, vendem sua carreira as vezes conquistada com tanta luta, talvez por motivos financeiros, ou simplesmente pela vaidade, vai saber no fim o que motiva a alguém estabilizado na vida artística a querer ser deputado, talvez vontade de mudar algo?
Você também sente ânsia ao ouvir o discurso empolado, difícil, não direto e abrangente, mas resumido.
- A família, justiça, Saúde!
O vômito é inevitável para quem sabe um mínimo do que acontece na vida real.
Postos de saúde sem ao menos um curativo.
Hospitais com senhas de atendimento que demoram 6 meses.
Falam, esbraveja, latem que vão fazer mudanças.
Sim, na vida deles haverá mudança, ao manipular um cargo tão vantajoso.
Dentro disso o menos mal é o palhaço que faz seu papel, que desde a origem do mundo é isso, ridicularizar.
Só que agora a piada não tem tanta graça.
Greve de professores, aposentadoria sendo ameaçada, transporte público em colapso, juventude afundando nas drogas, debate racial, cotas, crise na universidade pública, favelas sendo queimadas, polícia exterminando.
O riso não sai, os olhos enchem de água, você digita o voto, não agüentou tanta propaganda para fazer isso.
Seu direito.
Seu dever.
Agora não precisa sequer tirar o título eleitoral.
Não tem direito a não ir, não tem o dever de saber a verdade e é sua responsabilidade se o palhaço errar.
Vou votar com nariz de palhaço pois é o que sou se der meu voto para algum deles.
Tentamos enxergar alguém transparente nessa festa suja de slogans fáceis como o diálogo de novela.
É eleição, digite Kaos, fome e ignorância, escolha o palhaço, mas veja sua face triste, morfética, suja, veja sem a maquiagem, ele está no camarim contando o lucro da risada.

Mas os nossos motivos ainda são os mesmos, tentar alertar, não deixar tantos cair no buraco da facilidade do sorriso vazio, da promessa falsa.
Porcolíticos, ratocessores, troxeleitores.
O homem que não é de todo de natureza má, deixa os veículos de comunicação por ele julgar.
Esquece o ônibus lotado, o posto de saúde inútil, a falta de policia realmente comunitária, as filas imensas quando é para receber e o pronto atendimento quando é para pagar.
Olhando, não vejo nada, caminho sem estrada, mágoa, alienação, discursos sem alma, ternos sem pó, sapatos com solados sempre limpos.
Tudo é espetáculo, você corre não para você, mas para todo mundo.
Onde está o amor do pai que usa a foto do filho assassinado na campanha? Onde está o amor do artistas que expõe os filhos adotados para ganhar votos? Onde está o carinho do artista que pede seu voto para o marido, que nunca sequer discutiu política na vida?
Da minha parte, fica uma certeza, não vou contribuir com vagabundo nenhum.
Meu voto é nulo. Conscientemente nulo.

Ferréz é datilógrafo.