Blog do escritor Ferréz

Lançamento livro Amazônia em Chamas - Cernov


Diretamente de Rondônia, a escritora Catia Cernov vem fazer seu lançamento em São Paulo, dia 14 de Setembro as 19:00 horas.
Amazônia em Chamas é o primeiro livro da escritora.
mais um livro da coleção Selo Povo, representando a Literatura Marginal.
ao preço de apenas R$ 6,00.
Dia 14 de Setembro na Ação Educativa.
para conhecer melhor Catia Cernov blog: www.selopovo.blogspot.com
Endereço:
Rua General Jardim 660 - Vila Buarque
Cep: 01223-010 - São Paulo - SP
Fone: 11 3151-2333

100% Favela / Sacudindo a Zona Sul


Dia 11 de Setembro, 10 anos da festa 100% Favela, Atrações a milhão como Leci Brandão, Mano Brown e Ice Blue, Tr3f, Negredo, R.D.G. Di Menor e muito mais.
a maior festa do Rap Nacional, ingressos nos locais indicados ou na hora do envento enquanto durarem.
Nessa festa vai acontecer pela primeira vez a participação dos escritores do Selo Povo.

EnsaiAço nessa Sexta-Feira

Toda sexta-feira não tem nada pra fazer...como isso foi me acontecer...agora esses versos estão errados, nessa Sexta é dia de EnsaiAço, o livro ensaio para o rap na Zona Show de Sampa City.
É só colar com seu grupo, ou seus discos e tocar, cantar, interferir para o bem da cultura Hip-Hop.
Antes do evento sempre rola um bate papo sobre as soluções.
Nessa Sexta dia 27. as 19 horas.
Estúdio 1DASUL
Rua Grisson 80-A
A 50 metros da Estação do metrô Capão Redondo
5512-7488
nos vemos por lá
Ferréz/Martinha V.F/Maurício DTS/YLsão.

Litera-rua (Ferréz)

Litera-rua


Não entendo o que o senhor oficial representante do estado está falando.
Desculpe, estou fazendo uma reciclagem de Alemão, e por isso as vezes me engano no idioma, eu disse para você parar referente a uma averiguação e possível restrição de liberdade.
Ok, para o senhor ser informado estou indo para a rua João Antônio, voltando da sala de leitura Trindade, esquina com a Plínio Barreto.
Abra as pernas, por favor, o senhor porta alienadores de realidade?
Não, no momento estou somente meio letárgico por causa de Shakespeare.
Tire o boné, por favor, tem alguma pagina de Marx ou algo do gênero?
Não senhor, pode exercer o método de vistoria cerebral.
Ok, cidadão, método de vistoria cerebral não será necessário, vejo pelo seu olhar nunca abaixando as íris e não desviando do contato direto que esta falando a verdade, já foi usuário?
Sim, não vou faltar com a verdade, já li muita L.M e também consumi artigos impróprios nos antigos sarais, mas hoje estou limpo.
Nossa que pena, um menino tão novo, já passou por sarau, mas tudo bem, hoje é outro dia.
Eu aconselho jovens como você a irem a peças de teatro, tem uma em cartaz que da até para ver de perto atores que fazem novela no horário nobre.
É mesmo? Que legal!
Espero que você não se torne um desses que de usar tanto Leminski no banheiro, de injetar Lourenço com nanquim em fundo de praça, que de ficar chapado de Colín e Shimamoto, acaba se desvinculando da realidade.
Não, isso não senhor!
bom, pode ir.

Olá amigo, você que esta vendendo o suor hoje?
Eu mesmo estou trabalhando, mas daqui a duas horas estou livre, o período de 4 horas do sindicato dos traficantes organizados e descompromissados de facções cadastradas me orientou sobre meus direitos.
Está certo, me vê uma pagina de Gorki, e uma de Dostoievski.
Vai usar aqui ou levar?
Vou usar aqui, você tem algum canto de leitura?
Tem sim, no terceiro barraco à esquerda, tem opção de café ou chá também, coloque as duas paginas na meia e cuidado, tem um policial colecionador novo na área.
Mas colecionador de que?
Dizem que é fanático por Veríssimo, já pegou vários por ai e tomou tudo, ainda da paginas de Paulo Coelho no lugar para humilhar o viciado.
Nossa! Sem dó mesmo heim?
Nem me fale, eu que recolho esse lixo que eles deixam por ai, tenho dezenas de paginas de magos, vampiros, feitiços e tudo isso.
Pior seria se ele obrigasse a ler Sidney Sheldon, ou Dan Brown.
Nem me fale irmão me vê uma dose de Montalbán?
Vou ter só na versão em Português, a original em espanhou ta difícil de trazer, tem muito clube de leitura oficial na nossa bota.
Mas eu queria a verdadeira a pura mesmo, sem tradução.
Então irmão, vai ter que ir a algum ponto oficial.
Mas eu não tenho carteirinha de leitor, sempre consumi assim no disbaratino, você sabe depois que agente passa pela literatura mexicana acaba perdendo o direito de entrar nas oficiais.
Faz o seguinte, não conta pra ninguém mas na leste tem um foco de resistência organizada, chama-se; Baluartes Unificados Zelando Oprimidos, ou como o povo chama de BUZO, você chega na leste, perto do Itaim literário e pergunta nas vielas do saber.
Firmeza, to mesmo a fim de recitar e consumir algo em conjunto você sabe onde ta pegando?
Bom, o elo da corrente agora são os poetas, eles tão se unindo agora num novo lugar, depois que a policia federal começou a perseguir o alto tráfico de informação, vários deles foram presos por porte ilegal de conhecimento e agora eles estão numa nova entidade, diz que o sarau lá é pura brasa, chama-se Donde Miras, como os muleque que traficam Cortázar começaram a chamar, pra você entrar tem que trocar idéia com o velho líder, um cara muito criterioso e que decide tudo da organização, o nome dele é Binho.
Certo, então vou pra lá, mas antes me vê um ai do Marcelino Freire.
Toma, guarda rápido.
Quanto é?
To te devendo aquela dose de Glauco Mattoso, então ficar elas por elas.
Firmeza, onde posso usar?
Faz assim, lê rapidinho no banheiro ali, se alguém encostar você finge que ta lendo essa revista Veja aqui.
Puta! vou ter que por isso na mão?
Só pra fingir irmão, só pra fingir.

Manual Prático do ódio na Argentina e mais notícias


O livro Manual Prático do ódio, o último romance que fiz em 2003 está agora sendo preparado para ser lançado na Feria Internacional del Libro de Buenos Aires, o contrato já foi fechado e agora eles preparam a tradução.
O livro que já foi publicado na Itália, Portugal, espanha, e também está para sair no México, agora ganhará as ruas da Argentina.
A distribuidora que fará o trabalho de divulgação é muito importante e chega em toda a América e também Espanha.
Outra surpresa é o Prefácio inédito de Arnaldo Antunes.
Essa semana saiu uma matéria bem legal sobre o novo livro infantil Periferia Lado Bom, que está também em diagramação no Rio e será lançado ainda esse ano pela Objetiva, escrever para crianças é uma coisa muito gratificante, no site www.rapnacional.com.br além de detalhes do livro novo tem também tem um texto inédito chamado: litera-rua.
Agora é correr atrás para divulgar o livro da Cernov, que acabou de sair e é o segundo título do Selo Povo,o lançamento será na Ação Educativa, seguido depois por vários sarais, muito trabalho, afinal como diz o Professor Pablo: - Esforço é o nome do talento.
Ferréz

Noticias ruins e boas.

Aos amigos e clientes.
nem todos os posts são felizes infelizmente, mas agente tenta ser sincero, infelizmente depois de 2 anos e 7 meses a loja 1DASUL de Santo Amaro, acabou fechando, foi difícil sair da galeria Borba Gato, que nos abrigou tão bem nesse tempo, a razão principal é a grande demanda de produtos da china que chegaram nesses meses ao local, é impossível produzir roupa como produzimos, onde não usamos mão de obra explorada, nem escravizada, onde todos que interagem com a marca são registrados, e rivalizar com preços como os produtos chineses tem.
Então a marca prefere se retirar, o país abriu as pernas para a importação, e na real agente não consegue bater de frente com os preços oferecidos.
Nesses meses não tem sido fácil para mim nem para a 1DASUL, o desfile que ia se realizar em julho acabou sendo cancelado, pois um dos organizadores fechou o lugar com a Nike, que acabou patrocinando todo o evento.
O organizador, Marcelo Rosenbaum que nos havia convidado para o projeto, Agente Transforma, acabou voltando sua atenção para a Nike, e a 1DASUL foi retirada do projeto, que foi realizado no campo do Astro no Parque Santo Antônio.
Como as pessoas que intermediaram a entrada do Rosenbaum no nosso bairro não tomaram partido, a 1DASUL por sua postura contra empresas multinacionais, que tem histórico de exploração de mão de obra, entre elas infantil, se coloca completamente contra iniciativas desse porte, que não trazem de fato, benefícios para a comunidade.
Como acreditamos que o juiz mais justo é o tempo, vamos continuar trabalhando, e lutando para um dia a periferia ser respeitada não só como um lugar onde as pessoas chegam e nos usem, mas como um lugar onde as pessoas venham para realmente somar.
Mas tem muita coisa boa acontecendo também, uma delas é o projeto Inteferência que agora terá aulas todos os dias.
O Interferência está no Jardim Comercial, na travessa Santiago , 23 e tem jogos, brincadeiras, oficinas de leitura e escrita, artes, lazer e cultura, agente te espera por lá.

Ferréz

Paraty 2010


E cheguei na cidade literatura logo pela hora do almoço, mas já tinha comido numa parada em um bar antes da cidade, para quem não sabe o rango lá é meio cara nesses dias de evento.
muitos autores vendendo suas obras, mas o lugar não tinha cara de tantos leitores, pelo menos foi o que achei, tinha muito turista, muita gente passeando, e trombei o Tezza andando tranquilamente sem ser reconhecido, quer dizer que leitor mesmo tava osso heim. A certeza veio quando encontrei o Suplicy numa mesa de autógrafo, um jovem na frente perguntou para o de tráz, - quem é esse escritor ai?
Fiz um bate-papo e vendi alguns exemplares do Cronista e do Amazônia em chamas, ambos do Selo Povo, apresentei o trampo na casa Clube dos autores (www.clubedeautores.com.br)

Entrei um café e outro muito debate, foi uma conversa muito boa, o Wagner do Sarau na brasa tava lá, o Rodrigo Ciríaco também, e ainda o MIchel da Silva.
agradeço a presença e as ótimas conversas que tivemos.


Fiz uma matéria para a MTV sobre o evento, e também falei com a Folha, o que achei dessa Flip é que como sempre é um evento muito organizado, que valoriza também o escritor, mas ainda vejo muito global brilhando mais do que os autores, que teriam que ser os grandes astros do evento, mas isso também é a mentalidade do povo, nossa missão é mudar isso, fazer a arte da escrita ser cada vez mais valorizada.
no final fui ver o Crumb e o Sheldon, o mediador começou até bem, mas depois a palestra desandou, virou conversa de relacionamento, e até a mulher do Crumb subiu para falar, uma pena,pois os trabalho dela não é bom e nem relativo aos deles, já que como dois ícones do underground teriam tanto a somar, falando de distribuição, de métodos alternativos de trabalho e de mídia pop, mas as perguntas não foram boas e deu no que deu, frustração.



Paraty sempre vale a pena, é um lugar muito bonito, encontrei muita gente ralando, vendendo seus trabalhos e lutando para ter seus livros lidos, isso por si só já vale a viagem.

Ferréz em Paraty

Salve, vou estar na Festa Internacional de literatura, dessa vez como convidado do Clube dos autores, que fica localizada no seguinte endereço.
Rua da Lapa 375 Centro Histórico – Paraty – RJ
a palestra será dia 7 de Agosto, as 16:30.
depois vou sair por lá vendendo o Cronista de um tempo ruim, o Selo Povo vai invadir Paraty, sem preguiça pela litera-cura.
Agradecimentos ao www.clubedeautores.com.br
aguardo vocês lá,
Ferréz
abaixo matéria que saiu quando fui convidado pela Flip.


16:30 do dia 07/08, com duas horas disponibilizadas para o evento.
Retrato da periferia ganha espaço na Festa Literária Internacional


Zuenir Ventura, Ferréz e José Martins durante o Flip
Entre o elenco de escritores nacionais e internacionais escolhidos para participar das 19 mesas que compuseram a Festa Literária Internacional de Parati (Flip), que aconteceu entre os dias 7 e 11 de julho, destaca-se um jovem nome da literatura nacional. Peculiar no jeito de ser, de falar e até de vender seus livros - já que montou uma espécie de "estande" do lado de fora do local onde eram vendidos os títulos dos autores participantes - Reginaldo Ferreira da Silva, conhecido como Ferréz, ganha cada vez mais espaço entre os escritores brasileiros com o que ele próprio denomina de "literatura de periferia". Para o sociólogo da USP José de Souza Martins, que também participou da Flip, a obra de Ferréz, além de dar voz aos moradores da periferia, retrata uma realidade que muitos desconhecem.

"Para as ciências sociais, a literatura pode ser vista como um documento. Ferréz faz um trabalho etnográfico da realidade da periferia de São Paulo, do ponto de vista do morador", afirmou Martins durante a Flip. Para o sociólogo, a obra transforma o morador da periferia em autor de seu próprio discurso. "É preciso parar de falar que somos a voz daqueles que não têm voz. Os moradores de periferia não têm voz porque lhes cortaram a língua", afirma Martins.

As obras de Ferréz, Capão Pecado, publicado em 2000, e Manual prático do ódio, de 2003, retratam o cotidiano da periferia de São Paulo, com foco no bairro do Capão Redondo, uma das regiões mais violentas da cidade. Com linguagem informal, traz cenas rotineiras dos moradores da região. "Eu encontrei na literatura um jeito de driblar a minha realidade. A vida na periferia é tão degradante que é preciso se autofirmar o tempo inteiro", afirma o autor, que contou que é idolatrado pelos moradores da região.

Para o autor, a literatura de periferia é atrativa para o morador das regiões periféricas porque há uma identidade com o que é tratado no livro. Mesmo assim, boa parte do que é produzido na periferia jamais chegará às livrarias. "Não é preciso comprar a nossa literatura por sentir pena, mas porque são obras de qualidade. Existem coisas boas e ruins também na literatura de elite. Não basta escrever e ser de periferia; tem que escrever bem, ainda mais porque temos que provar com muito mais força que a nossa literatura é boa", afirma.

Ferréz ressalta que não aborda o morador de periferia como excluído da sociedade. "Quem está excluído é a elite. Eu não ando de carro blindado e não tenho câmera vigiando a mim e a minha esposa", lembra Ferréz. Para o sociólogo Martins, a palavra exclusão é 'uma grande sacanagem cultural', já que não há exclusão porque o sistema não existe sem os chamados excluídos.

Na realidade da periferia de São Paulo, destaca Ferréz, além do desemprego, um grande problema é o álcool, e não as drogas, como se costuma pensar. "Há traficantes, mas eles ficam de um lado e nós fazemos o nosso movimento cultural de outro", afirma, adicionando que costuma brincar dizendo que "trafica livros". O movimento cultural ao qual Ferréz se refere inclui também poesia e música, como rap e hip-hop, estilo que o autor também compõem. "A literatura tem que ser tão popular na periferia quanto o rap é atualmente", diz.

Manual prático do ódio será em breve transformado em filme, com os mesmos roteiristas de Cidade de Deus. De acordo com Ferréz, Capão Pecado também foi especulado para ser adaptado para o cinema, mas a oferta foi negada já que, para ele, o bairro Capão Redondo ficaria muito exposto. Além disso, ele acredita que a produção de um filme sobre a região poderia provocar uma falsa expectativa de mudança na realidade do bairro, como aconteceu com Cidade de Deus. "Não é a minha função transformar meu livro em filme, assim como não é função do filme mudar a realidade do que é abordado", conclui.

A Festa Literária Internacional deste ano contou com um público recorde de mais de 10 mil pessoas. As 19 mesas que fizeram parte do evento tiveram a presença de 20 grandes nomes da literatura nacional, como Lygia Fagundes Telles, Ziraldo, Moacyr Scliar, além de 16 escritores estrangeiros convidados, como o norte-americano Paul Auster, a portuguesa Lídia Jorge e o britânico Ian McEwan.

Crédito das fotos: Sabine Righetti