Blog do escritor Ferréz

Capão Pecado é caçado em Minas Gerais

Capão Pecado está sendo vítima de uma verdadeira caça às bruxas em Minas Gerais, é porque nas nossas escolas ninguém fala palavrão, e palavrão pra mim é FOME, Corrupção e Hipocrisia.
O debate devia girar em torno da desigualdade social que o livro aborda, mas em vez disso se discute a linguagem.

mas o pau tá comendo, como você pode ver na matéria a seguir:
http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdEdicao=1435&IdCanal=6&IdSubCanal=&IdNoticia=122721&IdTipoNoticia=1

Polêmica. Quinze mil exemplares já foram distribuídos no Projeto de Aceleração da Aprendizagem, em MG
Livro didático com palavrões é motivo de controvérsia
Secretaria de Educação descarta recolher o material didático das escolas
FLAVIANE PAIXÃO
Um fragmento da obra literária "Capão Pecado", de Reginaldo Ferreira da Silva, o Ferréz, suscitou um debate entre professores e pais de alunos do 8º e 9º anos do ensino fundamental do Projeto de Aceleração da Aprendizagem do Estado. O capítulo 15 da publicação foi incluído no material didático usado pelos estudantes, mas o texto contém palavrões e expressões chulas, usadas para descrever a rotina de personagens que vivem em uma área de vulnerabilidade social de São Paulo. "Sou avesso a esse tipo de literatura em sala de aula. Se a pessoa vai a uma biblioteca, ela escolhe o livro. O aluno não teve opção", disse o professor e escritor Henrique Nunes Paixão, que aboliu o material didático de suas turmas, em Juiz de Fora, na Zona da Mata. Nunes ainda alegou que o livro cedido pela Secretaria de Estado de Educação (SEE) - "Viver, Aprender Unificado" - não condiz com a realidade dos estudantes, que têm dificuldade de aprendizagem e passaram por pelo menos duas reprovações.
Você acha que os palavrões e outras expressões que possam provocar polêmica devam ser retirados de livros didáticos? Clique aqui e vote em nossa enquete!O público leitor do livro tem idade mínima de 15 anos. O material didático, segundo ele, chegou com atraso. Somente em julho passado os adolescentes tiveram contato com a obra. Com o avançar da leitura, descobriram-se os termos. O presidente da Federação das Associações de Pais e Alunos das Escolas Públicas de Minas Gerais (Fapaemg), Mário de Assis, afirmou que irá enviar hoje um ofício ao governador Aécio Neves cobrando explicações. O Ministério Público também deverá ser acionado. "Nenhum pai reclamou para a federação. Mas não me sentirei confortável caso meus filhos se dirijam a mim com os mesmos termos usados no livro", ponderou Assis.
Hipocrisia ou precaução? De que lado você está?Clique aqui e dê sua opinião. Participe do nosso forum!Por outro lado, a presidente da Associação de Professores Públicos de Minas (APPMG), Joana D’arc Gontijo, avalia que as expressões foram usadas em um contexto específico, que pretendia explorar as diversas formas de linguagem. "Não tem nada além do linguajar do dia a dia. Está mostrando a realidade nua e crua do brasileiro pobre. Indecente e imoral é roubar. Não estou defendendo o palavrão, mas houve um objetivo, que era mostrar uma comunicação mais simples", analisou Joana. Os professores deverão ser convidados pela associação para discutir o material. Em nota, a SEE esclareceu que o livro foi examinado e aprovado pela equipe pedagógica da secretaria para ser usado na faixa etária que corresponde ao projeto. Foram distribuídos 15 mil exemplares aos alunos do programa. Ainda conforme a secretaria, o livro não será recolhido. "O debate precisa sair da esfera moral. Recolher o livro seria lamentável. É um pecado privar os alunos de uma leitura crítica desse conteúdo", observou o pedagogo e professor da PUC Minas Luiz Carlos Rena. Outra observação do especialista é que o autor literário não precisa restringir sua liberdade. "Vale a pena debater e não condenar", disse.Apesar de não ter tido contato com o livro, a estudante Natália Malta, 15, classificou o palavreado como impróprio. "Não acho correto para um livro. Me assusta um pouco."
OUÇA ABAIXO TRECHOS DAS ENTREVISTAS COM O PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DE PAIS E A PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE PROFESSORES:
Mário de Assis, presidente da Federação de Pais e Alunos das Escolas Públicas de Minas Gerais

Quem disse que não tem retorno?

Recebo e-mails todos os dias, e cartas todas as semanas, das mais longinquas escolas, até o vizinho ao lado.
meninos, meninas, manos e minas, escritores, professores, advogados, e muita, muita gente mesmo, vou postar uma, porque só 1a pode representar todas.

moises santos para mim mostrar detalhes 13:07 (21 horas atrás)

salve loco fmz !!!!!!!!!!!pow tru tive e oportunidade de ver o o dvd literatura e resistência otimo ey tds aquelas participaçãoes muitu bom informação de maz malukoboa parte dos livros q vc mostra eu li principalmente do plinio marcos e herman hesse loko...mas a entrevista com o paulo lima foi um dos melhores do dvd sua visão em relação a varias fitas faz a gente msm a mudar nosso conceito de td ta ligadu sastifação rapa...issumemu....li na primeira edição do boletim do kaos vc sitando livros e falando do madame bovary..vc jah conseguiu esse filme?sei q tem duas versões uma de 1933 e uma de 1991dublado eu ainda não vi maz com legenda nu é dificil fmz tru ah d 1991eu tenhuse quize disponibilizo uma copia do filme pra vc jha q original nen eu consegui fmz ..............ah da proxima festa 100% o sergião tem q conta afita doi tocador de coco ey ....ssumemu informação é a chave.................
Quem diria eim? mano de quebrada falando de madame Bovarry? de literatura? novos tempos!
Ferréz
____________pra ficar ligado nos eventos_________________________________

Pra ficar antenado com o que rola, depois do sucesso 100% favela, o Detentos do Rap faz seu pré lançamento, quem compra o ingresso, ganha um cd exclusivo da banda. eu vou participar no dia cantando na faixa inédita: Guerra sem fim, e também tocando a música do TR3f - De sofrimento Basta meu Passado.


Grande evento do nascimento de Plinio Marcos

Aniversário de Plínio Marcos no Teatro de Arena, na próxima terça-feira, dia 29 de setembro
Plínio Marcos nasceu dia 29 de setembro de 1935, para celebrar seu aniversário, alguns amigos, atores e admiradores vão se reunir no Teatro de Arena na próxima terça-feira. Quem está agitando é o Carlão do Boné, o Carlos Costa, ator, carnavalesco e grande parceiro do Plínio. O Kiko Barros, filho do Plínio, e o Moisés da Rocha, também já confirmaram presença. Convidados: Marco Antonio Rodrigues, César Vieira, Chico de Assis, Graça Berman, Castor Fernandez, Osvaldo Mendes, Emilio Fontana, Izaías Almada, Estér Góis, Sérgio Mamberti, Antonio Petrin, Walter Breda, José Renato, Júlio Calasso, Jair Alves, Jairo Mattos, Javier Contreras, Vinicius Pinheiro, Vera Artaxo, João Signorelli, Carlos Cortez, Edson Lima, Barão, Borbam Carlão do Peruche, Osvaldinho da Cuíca, Toniquinho Batuqueiro, a turma da Banda Redonda, entre tantos outros. Será uma noite de bate papo, depoimentos e até uma roda de samba. Na verdade é um encontro simples de amigos e pessoas que admiram este grande dramaturgo. É só chegar, a partir das 19h. Também é um momento para começar as comemorações pelos 50 anos da primeira montagem de Barrela, em Santos em 1º de novembro de 1959 e lembrar os dez anos sem Plínio (19/09/99).


Dia 29 de setembro, Terça Feira, a partir das 19h – è só chegarTeatro de Arena Eugênio KusnetRua Teodoro Baima, 94 – Tel. 3256 9463 - Metrô RepúblicaOrganização: Amigos do Plínio. Apoio: O Autor na Praça

Novas camisas 1dasul (feitas com garrafa Pet)

Salve,
sairam vários modelos de camisas da 1dasul, uma especial do Selo Povo e algumas com frases minhas, nesses 10 anos de marca, eu nunca tinha assinado as frases, e agora fizemos uma edição limitada assinada.
Além de serem produzidas no bairro, as novas camisas são feitas de material reciclável.
Quem é da quebrada tá ligado no tanto de garrafa Pet que tem nos córregos e no meio da rua, consumir produtos recicláveis é valorizar a qualidade de vida, uma nova oportunidade de recuperação de equilibrio ao meio ambiente. A linha é Eco Bud, fibra Pet reciclado, produzida com fibras de poliéster, obtida á partir de reciclagem de garrafas Pet.
Todos somos responsáveis pra esse mundão continuar com a bateria alta.
dá uma olhada ai, e qualquer dúvida tem o site da 1dasul, 1dasul.com.br com outros trampos feitos no bairro.
abraços
Ferréz













Linha de camisas feitas com material reciclável de Garrafa Pet.


Palestra e exibição.

Salve, vai rolar mais uma exibição do filme Literatura e Resistência, e logo depois uma palestra. vai ser agora dia 24 de setembro às 19:30 horas - CEU Cantos do Amanhecer .
Avenida cantos do Amanhecer - Jardim mitsutani - Vindo do largo do Campo Limpo -
quem quiser colar, é só pegar a estrada velha Pirajussara - Valo velho.
mais um evento para por fogo literário na quebrada, estão todos convidados.
Ferréz

Certezas pelo ralo (Ferréz)

Certezas pelo ralo

Periferia, vários ritmos uma única via.
O mano que bebe e chama no grau, o bang loko que só mata no natal.
Um por um, o Golf não é mato, aqui o carro é tão importante que vira companheiro e sobre nome. – aquele ali é o Renato do Pálio.
Mais fácil é policial militar andar de Prêmio parcelado.
Estrago. Arrisca o estado ao fazer o cidadão andar armado, na verdade andar de farol auto é arriscado nesses bairros, é a dica do delegado.
Na contra mão com o cavalo, a moto é a nova companheira do periférico, que sabe se portar pistola tem risco imediato de ser preso, mas se andar desarmado, pode ser finado.
Já diz o ditado pregado nos carros, num méxiconóis, que ta arrombado!
Sou principado, dentro e fora de tudo isso, difícil não ter envolvido um aliado, a cerveja vendida no posto na madrugada faz estrago,
E o inocente queria ver a filha, cruzou a avenida, bateu numa árvore de concreto e virou finado.
Muita gente, pouca sabedoria, assim olha pra gente a elite no dia-a-dia, mas depende de tudo pra viver sua vidinha.
Por traz da máscara da alegria, dos bares e igrejas super lotados, te provo desgosto e ironia.
Cabeça baixa da dona Maria, político que só passa na periferia de carreata, assim oh! Na correria.
Pro morador que trabalha todo dia, todo dia, todo dia. No ônibus se expressa, que no governo o que reina é a patifaria.
O pais periferia se resume em uma rima.
Autos lucros, baixa estima.
O que te falo é quente chegado, feriado, nada pra fazer no barraco.
A rua tem olho estralado por todo lado, jogando no nariz o que daria pra cobrir um estádio, de branco, pra promover paz no gramado, pra ser exemplo pros moleques que sonham em ser Ronaldo.
Preço pago, e foi auto, o povo pilotado, ordenado, cada um sendo humilhado por um baixo salário.
E o estado? Ta lá, todo emparedado, com móveis coloniais em plena mudança de século, vivendo do cheiro mofado dos velhos príncipes, de restos de um império forçado, respirando ares aristocráticos.
Enquanto isso, no pais cenográfico, Robocop fecha avenida pra se mostrar ocupado, pra se exibir como representante do estado, aliás único representante que chega nesses lado.
E o resultado? A vida é paranóia desse lado, farol fechado, passa embriagado, se trombar com maluco errado sem boi, exterminado.
Transito parado, sinal de moto é o recado, portou baseado é esculachado, não vai fugir da realidade que agente montou seu arrombado.
Se não achou foi pra mente, hoje é pouco o mato, amanhã é viciado.
O que te falo, meus conselhos foram enterrados, quando minhas certezas desceram pelo ralo, numa viela com vários barracos, onde todo inocente vira culpado.
Quem fez o estrago, o dinheiro da saúde deputado, o imposto desviado, o mau caráter no senado, o país mal representado.
Na real, sem frase de efeito, nem recorrer a palavra de dicionário, uma única regra pra esse novo povo-palhaço, que vota e é condenado.
O que te falo, situação do povo ta um fiasco, alguns poucos enriquecendo, outros morrendo pra manter o conquistado, e o salário da maioria é mal pago.
O necessário? Agente ainda tem que dar a direção do que fazer pra esses arrombandos, que não sabem nada de nóis, e não andam de buzão lotado, que não vivem um minuto com alguém do povo ao lado, a não ser ler livro ou texto de um de nós quando somos publicados.
Dividir as riquezas do estado, com o operário? Isso é um sonho muito louco um dia imaginado, mas repreendido e assassinado, aqui o que é meu fica comigo, morro pregado nisso, num do boi pra safado, é a fala do sistema criado.
O que te falo, meus conselhos foram enterrados, quando minhas certezas desceram pelo ralo, numa viela com vários barracos, onde todo inocente vira culpado.
(texto do livro Cronista de um tempo ruim - Selo Povo.)

Prefácios

Salve
Tudo começa assim, com uma apresentação, o Plínio dizia que não gostava, mas na maioria é bem vindo, além de apresentação do texto ou do autor, um prefácio é outra visão da obra, é outra forma de mostrar aquilo que as pessoas vão ler. Também é uma forma de trazer a tona algo que ficou de fora, que não coube, ou não será visto facilmente.
Quando faço um prefácio, penso na responsabilidade de representar aquela pessoa, aquele filho que ela gerou e todos que vão ler, penso nessa responsabilidade e depois tiro algo de dentro sobre aquilo.
Logo abaixo está alguns "batismos" desses filhos que foram gerados por autores tão surrados pela vida, mas bem cuidados pelos leitores, um trecho inédito do prefácio do primeiro livro de Érica Peçanha e logo abaixo o prefácio que fiz para Sérgio Vaz, Ridson, Tico e uma introdução que fiz pro disco do professor Pablo.
espero que eu tenha batizado esses afilhados direito.

Uma menina na capital da solidão. (feito para o livro inédito de Érica Peçanha)

O sinal da escola era seu despertador, embroa não fizesse eco na casa de dois cômodos. A mãe começou a alisar seu cabelo quando tinha dez anos. Tudo bem que ela queria ser borboletinha da Mara Maravilha (tipo paquita da Mara); mas para balancear você conheceu algum adolescente que gostava do Milton Nascimento? Ela tem essa vantagem.
O pai assinava o círculo do livro, e tem uma trajetória como liderança do bairro, coisa que influenciaria a pequena para a vida toda.
A menina leu Negras raízes, Steve Biko, Malcom X, Nelson Mandela, e Florestan Fernandes e com este último descobriu sua profissão.
A mãe da pequena tricotava, e a menina apoiava os livros nas blusas que usava.
Dizia que ia estudar, estudar muito pra ninguém machucar
.
Introdução ao caos. (prefácio publicado no livro de Iatã Cannabrava)

Num esquenta, me dá licença e não se preocupe, odeio sinopses, trailers e tudo que indique o que vou ver, portanto não vou ousar narrar as fotos, comentar sobre seus detalhes, nem direcionar seu virgem olhar.
Falar do fotógrafo é falar da prensa, e o que sai dela varia de acordo com o acabamento.
Ler as fotos de Iatã traz dor, porque não é suave nem um pouco.
O olho mal do fotógrafo do terror que não preparou cenário, nem subjugou a estética do organismo que sobrevive a cidade grande e ao capetalismo.
Em época de infernet muitos prostituem a imagem, mas algums ainda sobrevivem do que sabem fazer de verdade.
Esse moço é um caso destes, não passo um pano pois ele rasga, assim como as fotos, mas verdade seja dita, a máquina é um acessório que veio de fábrica com esse homem.
O flash disparava enquanto o vento se aproximava, levava os cabelos e dava a sensação de um alívio.
O que escodemos de nós mesmos ele tenta descobrir.
A ação intelectual que começa com a certeza de congelar momentos, de parar o tempo, de registrar um detalhe da obra do universo, um frame da criação.
Hércules Florence se orgulhará das fotos da sua máquina meu pequeno homem olho.
Conheço muita gente que anda com máquinas caras e olhares pobres, se diz fotógrafo, mas como na minha profissão, não é a caneta de ouro que te faz ser cronista de um tempo ruim.
Esse corpo não desperdiça apertos de dedo, não inutiliza olhares, não tem como escolher entre oportunidades vistas só por alguém que nasceu para isso.
O fotógrafo do “xácomigo”, que nunca deixa de se jogar no chão, de subir nas telhas, de olhar nos olhos e não pedir pose, o mano que nunca pisca, quem viu Iatâ piscar está mentindo.
Ele não tira fotos para expor de costas, ele olha de frente, encara você e te mostra o abismo.
As fotos desse ser não são quebra cabeças, são diretas, certeiras, como bala perdido da PM paulista.
Seus olhos não se fecham para o cartão postal do fim do mundo, se São Paulo está em guerra ele está preparado, mais que armas ele mostra rostos.
A gráfica não chega no tom, não consegue o nível de realismo, não mantém o brilho, o papel não tem o mesmo toque, a reprodução de suas fotos são tentativas de imitar o inimitável.
A perifa se desnuda para Iatã, como o ser vivo e mutante que é, não com uma dama nem com uma prostituta, muito além de qualquer extremo, embora seja na Zona Show onde o espetáculo acontece.
As fotos desse rapaz você não vê, você lê.
A primeira fotografia Nicéphore Niépce aqui ninguém viu, mas o carro forte com três manos na frente, foi vista, copiada e colada nas portas dos guarda-roupas de meninos que brincam com armas e sonham com motos, de meninas que brincam com filhas e sonham com bonecas.
Prata numa placa de cobre, fazendo os olhos tentarem registrar, mas a eliminação de cores não nos deixa guardar essas imagens como são.
Egoista, cada momento ficará só com ele, mesmo com novos amigos e amores, ficará só com ele, na cidade onde a vida é uma pilha de papel esquecida, aqui onde muitos esquecem o sentido da vida.
O que se sente agora ao olhar as fotos, é que queriamos que as margens fossem abolidas, pois além daquela janela tem a continuação da vida.
O caos é a palavra mais próxima do criador.
Iatã nos mostra essa proximidade.

Ferréz
Inverno de 2009
Procura-se poeta (publicado no livro Colecionador de pedras de Sérgio Vaz) Editora Global.

Um copo de café com leite para iniciar o dia no front.
Um corpo já preparado com várias cargas de realidade.
E nada mais do que isso é preciso para o traficante de informação correr o risco de ser preso por porte ilegal de poesia.
O nome na patente do guerreiro cultural da periferia é Sérgio Vaz.
E daqui a alguns minutos ele irá guerrear pelas palavras, onde poetas geralmente não vão, em mais uma base cultural periférica, chamada popularmente de escola.
O pai não foi embaixador, e não estimulou o filho a fazer um curso de direito, muito menos engenharia.
A mãe não foi socialite, nem deu ao filho algum sobrenome que desse status.
Mesmo assim, acredita se quiser, esse cara vai teimar em mexer com palavras no futuro.
Não as palavras que ocupam a placa pendurada no varal da barraca do feirante, nem a da caixa de isopor onde se lê: vende-se coxinhas.
Ele não tocará em palavras que enchem o nosso país de hipócritas leis, muito menos gastará algumas delas em algum discurso moralista inútil.
Eles as lapidará, as recolherá no caos cotidiano em que, de brinde vem junto o sangue e também o sorriso.
Observará, e num momento de loucura vai joga-las numa folha, e nessa folha você vai ler, que junto com a pistola vem a linha sendo desenrolada da lata e um menino mandando busca em outra pipa no céu quase não visível pela altura dos barracos.
Não somos um bloco, não somos iguais, e a palavrarma de Sérgio Vaz prova isso.
Como ter um traço nosso e ao mesmo tempo não se afastar do que esta sendo produzido no mundo?
Como procurar uma identidade própria e ao mesmo tempo representar outros pontos de vista? Só colecionando pedras que nos aparecem pelo caminho.
No meio de uma terra devastada pela canalhice plantada a tantos anos, alguém quer semear a poesia e certamente colherá incompreensão.
Os pensamentos vadios do poeta se disseminam quando vê que subindo a ladeira mora a noite, e na margem do vento numa rua de terra ele lê a poesia dos deuses inferiores.
Se outros poetas pedem silêncio, ele pede mais barulho.
Se outros escritores pedem paz, ele quer é guerra.
Por favor não repasse a ninguém os livros desse homem que não quer ser mais um na imensa massa manipulada pelos patronos.
Isso pode acarretar algum crime, se não hoje, talvez amanhã.
Siga um conselho, os poemas de Sérgio Vaz estarão mais seguros na sua memória.

Ferréz

Meu povo (recitado no primeiro disco de Prof. Pablo, Estratégia)

Nas ruas sou mais um a caminhar
Vejo a anuncio do Mac Donalds
Como um colecionador admiro o quadro raro
Vou abraçado ao meu rancor
Olhar a loja de carros importados
Mas sei que o que tenho nas mãos são currículos
Que serão rasgados
Olho a madame e percebo que seu sapato é mais caro
Que minha pretensão de salário
Volto mais uma vez pro gueto
Vou sair amanhã de novo, bem cedo.


Ridson o Transmutador (publicado no primeiro livro de Ridson)


Escritor pra mim sempre se pareceu muito com um super-herói.
Quando lia as aventuras do Super-homen, não era o herói fantasiado que admirava, era o tímido e discreto Clarck Kent, que como eu andava com um caderninho na mão, e tinha vergonha de olhar uma garota nos olhos.
Mais parecido com um transmorfo, tão realista que para agüentar o que percebe vive como camaleão, só assim o nosso dom, ou maldição (depende do ponto de vista) nos mantém ainda vivos.
Fingimos ser quem não somos, fingimos comer o que não comemos, fingimos viver, o que não vivemos.
Um cara chamado Ridson.
Uma vez chegou uns escritos dele pra mim, me impressionou logo de cara, versos cortantes como facadas rápidas e cruéis, e ao mesmo tempo trazendo uma linha de pensamento em todo o trajeto, um cão numa viela e não um lobo da estepe.
Pode ser que seu talento passe batido por outros meios, mas no Rap e na Literatura Marginal não. Aqui perante meus olhos e de outros tantos ele foi e será sempre visto, lido e ouvido.
Porque o conteúdo que enche sua carcaça tem muito dor, revolta e também esperança.
Ele ativa seus super poderes, digita e se transforma numa inocente menina que quer dançar balé, e não sabe que existe uma palavra no mundo, que traz tudo de ruim que um ser humano pode ter. preconceito.
Ele se transmuta novamente e dessa vez é um sábio, coisa que muita gente não consegue nem fingir ser.
Mas o inquieto Ridson ainda tem fôlego para ser um ator desprezado, e ensaiar seu principal papel, no relato “Extremamente necessário” ele interpreta ele mesmo e com isso prova que o que realmente lhe cai bem é o papel de escritor. Na acepção total da palavra.

Ferréz Capão Redondo 12/09/2006
Meu mundo irreal. (publicado no livro Elas Etc, de Tico)

Sabe, o Tico foi o único autor que eu publiquei sem ter conhecido pessoalmente, a vida só vai nos apresentar acho eu, depois desse texto.
Melhor assim.
Sem simpatias, sem misturar a obra com o autor, se é que isso é possível.
Estranho né? Mas eu conheço ele melhor que muito amigo intimo, porque ele está todo em “uma noite com Neuzinha” a primeira lamina que tive contato.
A noite ta fria, muito fria, terminei agora a pouco de jantar “Álbum de Retratos” e de sobremesa degustei “A visita”.
Pra aproveitar o clima coloquei Assassinos por natureza no dvd e não sei exatamente a ligação com esse tal de ‘Elas Etc ’mas alguma sei que tem.
O Tico é do Umarizal, extremo da sul, grandes ruas de terra, pequenos córregos, muitas igrejas e bares, nada diferente dos outros cantos, só que lá conheci tanta gente legal, mas muitos já se foram, inclusive meu grande amigo, Alex.
Pra nós da perifa o lugar é o sobrenome do cara.
Num é fácil sobreviver aqui, e quando leio as histórias do Tico, eu sinto sua fuga, não aquela ligada a covardia, mas aquela da reconstrução, sei lá, de achar tudo tão errado que temos vontade de fazer melhor.
Dificilmente conseguimos.
Histórias não fáceis, não comuns e muito bem elaboradas.
Difícil foi poder sair daqueles mundos que no fundo, são o lugar de todos nós.
Não sou critico, e uns dizem que nem escritor, embora não concorde com a segunda parte, o que posso falar sobre seu primeiro livro, meu ilustre desconhecido?
É diversão garantida, ótima literatura de rua, e com certeza nenhuma linha será em vão.
Toda palavra será castigada pelas mãos e a mente de um escritor com os pés na periferia e a mente no mundo, um cara nada desconhecido chamado Tico.


Ferréz Capão Redondo setembro de 2006.

Tudo ao mesmo tempo agora...

Salve
Nessa quarta estou indo para uma palestra no Sesc São Carlos, vai rolar a partir das 8 da noite, ao mesmo tempo que chega o DVD Literatura e Resistência nas lojas da 1dasul, e esse filho todo especial tem muito trabalho pela frente, demorou... mas 2 anos depois, saiu! um documentário que mostra os 11 anos do corre, desde a distribuição pioneira da literatura marginal junto com a Caros Amigos, até a marca 1dasul e passa pela minha carreira e palestras, na versão em DVD tem extras, entre eles a entrevista feita por Paulo Lima (revista Trip) e os clips Judas, Periferia lado bom e Determinação, além do processo criativo do Manual prático do ódio.
segunda feira começa a distribuição via correio, quem se cadastrou só aguardar que o primeiro produto do Selo Povo tá chegando.

O corre anda a milhão, ainda não conseguimos o papel pela isenção, mas estamos lutando e acabamos de fechar parceria com a Sur+ do México e agora a coisa é internacional, o ponta firme Alejandro Reyes (autor de A rainha do cine roma) veio até a sul fazer a reunião que uni Brasil e México pela Literatura Marginal.

Alejandro Reyes e seu novo livro A rainha do Cine Roma.
enquanto o Cronista de um tempo ruim não sai, vai curtindo ai uma das fotos internas do Manual Prático do Ódio que vai sair na França, com prefácio inédito de Paulo Lins.


Rolou a Festa - as primeiras fotos do 100% favela 2009

A festa 100% favela 2009, foi inesquecível, muitos sorrisos por todos os lados, no sábado rolou só brincadeiras para a garotada, no dia que expulsamos os carros das ruas e aquele pedaço voltou a ser das pessoas.
menos carros, mais vida, é isso que tem que ser o nosso lema. A organização do Negredo e da Vocal Musical estava perfeita, seguranças, disciplina, almoço, camarim, tudo certo para a maior festa da Zona Show de Sampa City.

todo mundo quer pousar para uma foto...

Os grupos fizeram bonito no dia, Mano Ty, R.D.G, Negredo, Samba da Ponte, Sammy Brown, e muitos outros que fizeram a festa brilhar a milhão.

No Estúdio 1DASUL rolou a Work Shop com Jota Mayuscula, que veio da Espanha para tocar ao lado do MC Nafa no 100% favela, na aula foram muitas dicas boas sobre produção, e veio manos até de Santana do Parnaíba e de Ubatuba para prestigiar.
O pessoal do CCE, centro cultural da Espanha veio em peso, e trouxe muita gente bacana.




André com cara de pânico, com a invasão da Loja 1DASUL que foi montada na festa, em 1 hora e meia acabaram todos os bonés, e também foi um sucesso a venda das camisas oficiais da festa, 100% favela, eu fui.

Fica nosso agradecimento a todos da comunidade que somaram, a todos que foram na festa, e abrilhantaram ainda mais o evento, que comemora os 37 anos daquela comunidade, que apesar de tudo está sorrindo, feliz e correndo para tornar o próximo dia melhor.

Ferréz

Atividades na quebrada - lançamentos

Salve, muita coisa boa tá acontecendo na quebrada, chegou o novo Boletim do Kaos, dessa vez com nada mais nada menos que Sérgio Vaz e Fernando Bonassi na capa, a capa do jornal tá com muito ácido, cuidado!Agora é a vez do 100% favela, o festival anual da Godoy, que faz brilhar no mapa o Capão Redondo, a atração internacional já está confirmada, os ingressos acabando e se perder não reclama, no local vamos instalar a marca 1DASUL e pra comemorar os 10 anos, quem comprar uma peça, ganha outra...pra quebrada sempre o melhor.
Nas bancas a resistência da Caros Amigos, fortificar os amigos é enfraquecer os inimigos (sistema hipócrita). na revista os textos de Arbex, Felinto, Vasconcelos e muito mais.


como todo ano é único, a Mostra Cultura da Cooperifa está chegando, a Zona Sul no mapa cultural da cidade. acompanhe no http://www.colecionadordepedras1.blogspot.com/ e fique por dentro da agenda lotada de novidades, tudo pra nosso deleite.
e nesse domingo o sistema treme, Work Shop com o Rapper e produtor Espanhou Jota Mayuscula.
á partir das 10:30 da manhã no estúdio 1DASUL - você é nosso convidado, compareça.
Work Shop com Jota Mayuscula (diretamente da Espanha)
Um dos maiores nomes do rap internacional traz o modo de produção para o Brasil.
Comemorando os 10 anos da 1DASUL, o presente é para você.
Dia 6 de setembro work shop com o rapper espanhou Jota Mayuscula, um dos maiores nomes do rap internacional.
Os DJs, produtores e grupos de rap que quiserem pegar uma aula gratuíta é só se cadastrar no blog http://www.ferrez.blogspot.com/ ou deixar nome e endereço em uma das lojas ou estúdio 1DASUL, o evento é gratuíto e as vagas limitadas.
Realização: 1DASUL Capão-SP / Estúdio 1dasul/ Firme e Forte e Selo Povo editora.apoio: Aecid/Embaixada da espanha no Brasil/Centro Cultural da Espanha.
O evento é gratuíto, feito para os moradores da região e interessados em música, e visa fortalecer a produção de rap nacional.
endereço Rua Grissom, 80 A Parque Vera Cruz. a 50 metros do metrô Capão.

Ah! a mentira mata.

Salve
ontem acompanhei uma parte da desocupação (de novo) da antiga favela Portelinha, chamada agora de Olga Benário, pelo menos enquanto tiver um último barraco.
o caminhão da prefeitura ia chegando, tirando os barracos, levando as madeiras e dando uma senha que vale 600 reais.
pra você ter uma idéia, depois que as famílias eram tiradas das casas, que eram destruidas, elas pegavam essas senhas, com seus filhos e restos de móveis e tinham que procurar um lugar para alugar, se você conhecer alguém que alugue uma casa por 300 reais para quem estava na favela, está desempregado e tem filhos e com dinheiro para só dois meses de aluguel por favor me avise, pois eu mesmo não conheço ninguém.
mas foi o acordo aceito, durante 2 meses eles vão morar lá, agora já disseram que pode se estender por mais 6 meses, essa ajuda aluguel.
não vou por nenhuma foto, pois é triste ver os barracos sendo retirados, e um papel sendo dado, o que foi informado é que a prefeitura está sem dinheiro, e até esses 600 foram tirados de outras famílias.
pobre São Paulo... quem sabe agente não faz uma campanha para ajudar o estado mais rico do Brasil?
outra mentira da mídia, depois de chamar os moradores de vandalos, a mídia hipócrita grita que foi um acidente o guarda de São Caetano do Sul...isso mesmo de São Caetano que atirou numa jovem em Heliópolis, segundo os moradores, na verdade é uma tentativa de penetração de uma milicia na favela, mas nada disso você vai ouvir nos jornais, onde a preocupação é o bilhete, bom pelo menos estão se preocupando com alguma forma de escrita...
Ferréz

Carta de Ferréz e Suplicy para o Prefeito.

Amigos, segue as cartas enviadas para o Kassab, eu escrevi uma e o Suplicy outra, agradeço a todos pela força que deram para a comunidade Olga Benário, mas nossas esperanças foram por terra quando fui levar hoje uma perua com madeira para ajudar nos barracos, e eles me disseram que amanhã a prefeitura vai tirar os moradores e dar um ticket de R$ 600,00 para cada um pagar 2 meses de aluguel, as pessoas que organizam o lugar, no desespero que se encontram aceitaram, e portanto temos que torcer para que essas famílias não estejam sendo enganadas.
agradeço mais uma vez a força de todos, mas a partir de amanhã não será mais nescessário as doações, pois não existirá mais a favela.
uma pena...
Carta enviada para Kassab.
Senhor prefeito.
Venho por meio desta expor a situação referente ao ocorrido na segunda-feira, dia 24 de agosto, a PM cumpriu reintegração de posse de um terreno da Viação Campo Limpo, ocupado há dois anos. O terreno não estava murado, era frequentemente usado para desova de carros roubados, uso de drogas e estava ocioso há mais de 20 anos.
Nas favelas, sempre tem boatos sobre os despejos, portanto os moradores não acreditavam que iriam sair, ainda mais que durante a campanha politica, muitos candidatos foram a região e prometeram dar o terreno se tivessem o voto da população, prova disso foi um asfalto “falso” que foi feito em frente a favela, com cimento.
No dia da reintegração, na sua maioria, os moradores não revidaram, pois foram acordados as 5:00 horas da manhã e tiveram 30 minutos para retirar seus pertences, findado esses minutos, a PM juntamente com a Tropa de Choque e um trator começaram a remover os barracos.
Eu estava pessoalmente no local pela manhã e vi vários moradores que perderam, eletrodomésticos, móveis, roupas e inclusive os documentos, já que uma minoria se desesperou e ateou fogo em suas casas, assim o fogo se propagou e prejudicou mais ainda aquela população.
Enquanto um bombeiro me levava para longe do fogo, pois estava ajudando uma senhora a tentar tirar seu armário do barraco já em chamas, eu escutei um outro bombeiro dizendo que a água estava acabando.
Mesmo alertada da falta de alternativas das familias, a justiça negou garantir a inserção das famílias em programas habitacionais antes do despejo e expediu o mandato para cumprimento da reintegração de posse.
Cerca de 2 mil pessoas ficaram desalojadas e estão acampadas na calçada em frente ao terreno, como não podem ficar na rua, ocupam essa calçada que não tem mais que um metro de largura.
Os barracos foram novamente montados, dessa vez com restos de madeira dos antigos barracos, também tem um chuveiro improvisado para as crianças tomarem banho, a comida é feita na igreja e levada para eles, que estão vivendo de doações e tem um privada dentro de uma caxia d´água onde todos usam como banheiro.
A constante fumaça que ainda sai dos barracos escaldados, e a poeira do local fazem as crianças passarem mal durante toda a noite, inclusive os recén nascidos que também estão nos barracos, caso até que sensibilizou o pais como a criança que foi sequestrada por uma voluntária que tirou proveito da situação.
Pessoas passam e dão o que podem, voluntários tentam conter o caos que é ver nove famílias num barraco de 2 metros quadrados, a situação é tão precária que muitas pessoas nem barracos tem, e ficam dormindo nos escombros.
A emprensa noticiou que esses moradores não querem ir para albergues, é verdade pois albergue é uma coisa provisória, que não se pode levar móveis, nem pertecenses, além de que tem horário limite para permanecer.
Não vou estender essa carta, pois sou romancista e tendo a crescer o assunto, mas nesse caso o pedido é um só, que essas famílias sejam alojadas num lugar seguro, com água, comida e o mínimo de decência que todo morador de uma grande cidade como São Paulo merece.
O Senador Eduardo Suplicy foi comigo ao local e pode constatar a urgência de se resolver essa situação, fica aqui o meu apelo e o da comunidade Olga Benário para o Senhor.
Ferréz – Escritor e morador da região
Carta do Senador Suplicy

Sua Excelência o Senhor
Gilberto Kassab:
Prefeito do Município de São Paulo

Prezado Prefeito Gilberto Kassab:

No último sábado, 29 de agosto, visitei o que ficou da favela instalada no terreno da Viação Campo Limpo, destruída por parte da tropa de choque da PM na semana passada, tendo em vista a decisão judicial concedendo reintegração de posse do terreno à Viação Campo Limpo. Fui a convite dos moradores e do escritor Ferrez, morador da região. Tive a oportunidade de conversar com aquelas dezenas de famílias que se encontram na calçada junto à area onde estavam instaladas. Ao longo de aproximadamente um quilômetro, as famílias construíram barracos precários, um colado ao outro, com as madeiras e tapumes que restaram do que antes era a favela. Em alguns dos barracos estão mais de duas famílias, sem qualquer condição de higiene e abastecimento de água.
Capão Redondo é também o bairro onde moram Mano Brown e os componentes da Banda Rap "Os Racionais MCs" que acompanham com interesse o desenvolvimento desses episódios. No próximo dia 6 de setembro acontece, na Avenida Albert Sabin, o "Festival do Godoy", que já se tornou uma tradição cultural importante na cidade de São Paulo. Constitui-se um dos principais festivais de Rap e Hip Hop do Brasil.
Encaminho-lhe, anexa, a carta do próprio Ferréz na qual ele faz uma síntese do ocorrido e conclama as autoridades governamentais a darem a atenção devida para resolver a situação daquelas pessoas, inclusive muitas crianças, as quais estão agora vivendo da solidariedade e do auxílio de moradores vizinhos e das igrejas de diversas denominações da região. Muitas das crianças, pelo que pude testemunhar, estão com dificuldade de frequentar a escola.
Gostaria de sugerir que, com a equipe das Secretarias Municipais de Habitação e de Assistência e Desenvolvimento Social, possa Vossa Excelência realizar uma visita ao local para que as providências, de caráter humanitário e de solução habitacional, possam ser encaminhadas com a maior urgência. Conversei no sábado com a Sra. Elisabete França, Superintendente da Secretaria da Habitação, que me relatou da reunião que teve com os representantes daquela removida favela. Algumas providências já estão sendo encaminhadas. Avalio, entretanto, que será importante a presença de Vossa Excelência naquela localidade, dada a gravidade do que aconteceu.
Sugiro que, quando de sua visita, possa convidar o escritor Ferréz, que acompanha de perto o que se passa com a população do Capão Redondo. Lá ele é um dos responsáveis por inúmeras iniciativas, como a instalação de duas bibliotecas para as quais pessoas em geral doam livros, e que se tornaram centros de ensino e de atividades culturais.
Ferréz (Reginaldo Ferreira da Silva) é também autor dos livros "Capão Pecado", Editora Objetiva, 2005; "Manual Prático do Ódio", Editora Objetiva, 2003; "Ninguém é Inocente em São Paulo", Editora Objetiva, 2006; "Amanhecer Esmeralda", Editora Objetiva, 2005; "Literatura Marginal: Talentos da Escrita Periférica", Editora Agir, 2005 e "Inimigos não Mandam Flôres", Editora Pixel Media, 2006. Os telefones do Ferréz são: (11) 5825.7031; 7890-6364.
Considero importante que as ações da Prefeitura Municipal possam ser bem apoiadas pela Secretaria de Habitação do Governo do Estado de São Paulo, bem como pelo Ministério das Cidades do Governo Federal. Conversei hoje o ministro Márcio Fortes sobre o problema. Ele me informou de sua disposição em dar o apoio necessário e para visitar aquela área em breve.
Disponho-me a apoiar essas ações no que for possível.
Respeitosamente,
Senador Eduardo Matarazzo Suplicy