Blog do escritor Ferréz

Brazil for sale (Ferréz)

Brazil for Sale

O estilhaço do fuzil russo atinge a mulher, que nunca mais andará, nem ficará ao menos de pé.
A criança geme no porão, bomba de fabricação americana matou a mãe, o pai e o irmão.
Arma inteligente, manobrada pelo super soldado, ouvindo rock´n ´roll, dispara e arranque braço, do menino de 9 anos que queria entender, o que fez prá Alá pra isso acontecer.
Deus nos criou a imagem e semelhança, mas sem carga vitalícia de esperança.
A guerra é cinza e negativa, na grande SP cresce e procria, e o ódio domina, dia após dia, todo mundo trabalhando pra ter um dinheiro a mais, e poder sair daqui sem olhar pra traz.
Enquanto isso, perante a uma câmera comprada com dinheiro que um da seria usado para a educação, a apresentadora vadia, passeia pela favela e só quer falar das alegrias, como se fosse possível sorrir vendo o rato roer seu único saco de arroz, que o ex metalúrgico jurou que não ficaria mais caro, mas ficou.
Mas muitos vão pra balada, com boné americano, patrocinando a morte do povo Afegão, brincando de mano.
O tênis Nike 12 molas, sua camisa Rebook e sua calça Adidas, fazem mães chorar da África a Arábia Saudita.
Padre voador, nunca mais foi visto, em vês de ajudar o povo sofrido, ta brincando de anjo, imitando o dirigente do país que só pensa em subir.
Parece até piada, a classe média ta assustada, o monstro dessa vez não é preto, pobre nem fracassado. E agora qual vai ser o próximo recado?
O fuzil patenteado vem com patrocínio, Mcdonalds, Shell, Bayer, pra matar os filhos do homem que cria cabras e não consegue entender, porque chove míssil no deserto, quem vai lhe responder?
Empresário faz doação de lixo pra campanha da ONG que só coleciona troféu, conta criança por cabeça e aparece todo dia na mídia, com padrinho certo até o NX zero ganha como melhor cantor.
Mas na vida real, muleque analfabeto vai saber dar seqüência de tiro para quebrar o vidro a prova de esmola.
A Legião da boa vontade compra até canal de televisão, mas não tira a menina da rua.
Por isso que a polícia via ter que pedir seguro pro exército, ou vai ser metralhada enquanto dorme no serviço, por isso que o apresentador vai ter quer escrever criticando o assalto sofrido, não sabendo em que mundo vive.
Por isso o administrador é seqüestrado, e acaba sendo pela polícia assassinado, arrastado como bicho e no fim ainda chamado pelo secretário de segurança de “indivíduo”.
O caso Isabella chama atenção, pros políticos aprovarem a divisão do décimo terceiro salário em treze prestações.
Os três porquinhos do conto de fadas são presos, mas quem pede pra sair são os delegados.
Tudo é desculpa, no pais, qualquer brasileiro tem direito de trabalhar no circo de Solé, ou sei lá como se escreve isso, que foi pago pelos nossos impostos pra dar show pra puxa saco do Bradesco.
Talvez pra honrar o dinheiro roubado do congresso, talvez pra cobrir o escândalo do sexo.
Em julho de 86 sofria o Afeganistão, guerra com os soviéticos contra a invasão. Meses depois pelos americanos foram ajudados, agora quem joga bomba são os próprios aliados.
Vai entender, treinaram o Sadan e o enforcaram, vai entender.
Enquanto a Palestina é uma eterna nação ocupada, são muitos os mortos na faixa de Gaza, e no bar a propaganda da cerveja mostra a mulher que o computador corrigiu, que você olha sem parar enquanto não luta pra fazer sua família funcionar.
Aquela mesma mulher que toma anticoncepcional e te espera toda noite com um prato diferente e com um sorriso assim meio amarelo.
Promotor passeia pela Avenida Paulista, recém reformada e faz pose de que algo na cidade conseguiu, grande piada.
Junta a família, desce pra praia, cuida só do seu pedaço, prepara os poucos amigos, faz churrasco, brinca de artista, rabisca quadro, fala mais do que pensa e põe na conta do estado.
Uma criança morta na china também é milha filha, um velhinho polonês assassinado a sangue frio, pra mim também é um avô, talvez um tio, só assim creio eu, um vai viver pelo outro, e se existir Deus e ele voltar, talvez valha a pena resgatar esse povo.
Começar um mundo melhor pra nossos pivete um dia conhecer, crescer, uma letra, atitude, um tempo vago pra somar, começando pelo seu bairro, sua rua, e até seu lar, fazendo a vida valer a pena e no final falar, eu fiz a diferença, eu somei pra tudo melhorar.
Bom, vou terminar assim, com uma pequena ponta de esperança, vou mentir no final pra deixar vocês mais contente, com sensação de esperança, e tocaram suas vidas de boa, afinal a luz do túnel não apagou né?

Ferréz é escritor, e não é fatalista nem negativista, jura que somente tenta ser realista.

6 comentários:

Ricco disse...

Gostei muito do texto. Principalmente desta parte:
"Uma criança morta na china também é milha filha, um velhinho polonês assassinado a sangue frio, pra mim também é um avô, talvez um tio, só assim creio eu, um vai viver pelo outro, e se existir Deus e ele voltar, talvez valha a pena resgatar esse povo."

E te digo mano, Ele vai voltar pra nos resgatar deste mundo cruel.

Deus abençoe, sucesso e pazzzz

Ricco

Adriano Queiroz disse...

Caminhar neste chão duro com este olhos que não cansam de ver tanto absurdo, é difícil. Mas nós não desistimos. Quisera eu que todos lessem suas palavras.

Abraço forte.

. disse...

Recebo muitas críticas por ai, por falar a realidade no meu blog. Mas sempre que vejo o seu blog, vem uma recarga de animo, e ai me animo pra escrever mais e mais, sobre os safados que fazem nosso povo sofrer. Abraços.

Robson Canto disse...

Quem tem medo de monstro?... Eu tenho!

"Cinco anos de misérias e de sofrimentos, eis o que significa a minha estadia nessa cidade de prazeres. Cinco anos em que, primeiro como ajudante de operário, depois como aprendiz de pintor, vi-me forçado a trabalhar pelo pão cotidiano, mesquinho pão que nunca bastava para saciar minha fome habitual. A fome era então minha companheira fiel, que nunca me deixava sozinho e que de tudo igualmente participava. Cada livro que eu comprava aumentava a sua participação na minha vida*"

O texto acima poderia ser escrito por um trabalhador qualquer se não tivesse sido escrito pelo grande filho da puta (acho que a mãe dele nem tenha culpa das monstruosidade do filho) do Adolf Hitler.
Agora expliquem-me se for possível como uma pessoa que já passou até fome se trasforma em um monstro?

* Mein Kampf (Minha Luta) Adolf Hitler. págs 22 e 23. Editora Centauro.

"PRECISAMOS SABER O QUE O INIMIGO PENSA" PRETO GHÓEZ

Alfa disse...

É ISSO AÍ,
DIRETO E RETO
FIRME E FORTE
SALVE
lUIZ

Anônimo disse...

Caro Ferréz, sou professor de Sociologia, moro em Piracicaba/SP e ontem na aula com os alunos do Ensino Médio, fizemos a leitura do seu texto. Para surpresa dos alunos, suas palavras expressam uma realidade cada vez mais presente no nosso país, percebi o quanto significa para um adolescente que vive na periferia, ler o que ele gostaria de escrever, gritar, falar... suas palavras, realmente, mostram que devemos lutar sempre. Seguir nossos ideais. Eu e meus alunos estamos nessa batalha. Avante!!
Prof Washington