Blog do escritor Ferréz

Mais uma favela em chamas...

Amigos e amigas
Vocês devem estar sabendo do que ocorreu na manhã de sexta-feira (dia 24 de setembro) no Real Parque.
Foram quase 350 famílias desabrigadas...
Caso alguém acredite que é uma boa saída colaborar com doações, eles estão precisando principalmente de roupa para criança, material de higiene, toalhas, fraldas, leite em pó... alimento e roupa pra adulto é sempre bem vindo.

Podem falar com a Cris (11) 7015-1801 e a Karina (11) 7503-4948, elas são moradoras e atuam no Coletivo Favela Atitude.

A articulação com outros movimentos e coletivos faz-se necessário.

Falar sozinho, na atual conjuntura tem limite.

Juliana
Qualquer coisa gritem!

E que tudo pareça um acidente: Incêndio no Real Parque

O esquema é semelhante á máfia italiana. Tudo tem que aparentar ser um simples acidente. Qualquer semelhança ao ocorrido no início do ano na região do Jd. Pantanal tem que mostrar-se como uma mera coincidência. Cada região com sua peculiaridade, cada qual com o seu tratamento diferenciado. No Paraisópolis não adianta fechar as comportas ou a barragem da Usina da Traição, pois os barracos não estão em uma baixada e o resultado seria o transtorno do moradores do Morumbi e Panamby que passam com seus respectivos carros pela Marginal Pinheiros. O jeito foi optar por outro elemento fundamental da natureza. O fogo. Na manhã do dia 24 de setembro, parte dos barracos da favela do Real Parque, zona sul de São Paulo, foram incendiados. Não por um, mas por três focos de incêndio em pontos diferentes. Um deles, segundo moradores, foi próximo aos eucaliptos que ficam na parte de cima do morro.
Incêndio criminoso? Como provar se a nossa força pública eficientemente limpou o local do atentado antes da chegada da perícia. O mais curioso é que na madrugada de quinta para sexta parte da favela estava sem energia elétrica. Um dos focos do incêndio começou por volta das 4:30 horas e outro lá pelas 8 ou 9 horas da manhã. O resultado: parte do tumor que assombra a elite paulistana moradora da nobre região do Morumbi e imediações desapareceu. Para garantir que os moradores não retomem o terreno da EMAE (Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A.), foram feitas bases provisórias por onde circulam a Guarda Civil Metropolitana, Guarda Florestal e alguns homens do Exército. Parte deste mesmo terreno já tinha sido desocupado por uma ação de despejo em dezembro de 2007, momento em que a própria empresa declarou não ter grandes planos de construção para área por ser inapropriado devido seu aclive. A ação desta vez teve o papel somente de retirar da área famílias que moravam em grande parte em abrigos provisórios, próximos ao CDHU. Muitos dos que alí estavam já vinham de outras áreas evacuadas. O resultado: cerca de 350 família, quase 1.200 pessoas, ocupam garagens e casas de parentes próximos. Perderam quase tudo.
Mas lembrem-se, tudo isto tem que ser avaliado de maneira desarticulada. O incêndio na favela do Jaguaré, os despejos na região da antiga Avenida Águas Espraiada, as enchentes e remoções na região do Jd. Pantanal, os ocorridos na região do Parque Residencial Cocaia, Cantinho do Céu, Grajaú, não passam de fatos isolados. Para qualquer um dos casos, o padrão de desculpas já é bem conhecido: moradias em área de risco e incêndio provocados por ligações clandestinas de energia. O mais incrível é que estes acidentes ocorrem de preferência em áreas de intensa especulação imobiliária e/ou espaços no qual há uma opção clara do discurso de preservação ambiental em detrimento da população que já está na situação de excedente do excedente do exército de reserva de mão-de-obra. E a tendência é que estes acidentes aumentem de modo exponencial até 2012, 2014. A cidade precisa mudar rapidamente, mas investimentos na área da moradia parecem estar definitivamente fora dos planos da Secretaria de Habitação que recusa-se insistentemente a ouvir parte considerável dos movimentos que lutam por moradia.
Portanto, desarticulados, continuaremos a ouvir de maneira solta e desconexa as mesmas notícias?

Interferência - Firme e Forte na missão.

Em 2009 quando abrimos as portas do Interferência no Jardim Comercial, o Marrom chegou com a gente, ele não cantava Rap, não era escritor, nunca sequer pisou num palco, mas gostava de somar na quebrada, aqui fica nossa humilde homenagem ao menino Marrom, temos muita saudade. Ferréz, Evanize e todas as crianças do Jardim Comercial.


Construindo com a palavra
Em 2009 o escritor Ferréz e a pedagoga Tia Dag criaram a ONG Interferência, para dar uma opção de cultura para as crianças do Capão Redondo.
Uma casa, foi comprada na Travessa Santiago, bairro do Jardim Comercial, lugar onde cresceu o escritor.
Hoje com 120 crianças, que fazem desde reforço escolar até Ioga.
A Ong funciona de terça a sábado das 9:30 da manhã até as 16:00 horas. Jardim Comercial Travessa Santiago - Capão Redondo. Responsável pelas aulas Tia Evanize

Cernov Lança livro na Ação Educativa


O livro da Cernov - Amazônia em chamas foi lançado na Ação Educativa, num espaço muito bacana, uma galeria de arte nos cercou por todos os lados.
Muitos amigos vieram ao lançamento, Carlinhos do Periferia Ponto C, Nego Chic, Marcos Teles (Selo Povo) Paulo e Thais (projeto gráfico)


Eleilson fez uma fala muito importante, falando do apoio da Ação Educativa e do Centro Cultural da Espanha.

Salve a Cúpula Negredo que chegou em peso e também o B.I.G.

Ainda tivemos a Érica Peçanha que recentimente lançou um livro especializado sobre L.M. pela editora Aeroplano.

Agradecemos a todos que estiveram presentes, agora a missão é Lima Barreto e Marcos Teles a Selo Povo continua a milhão pela cultura da periferia.

Tumulto

Tumulto

Puxa uma criança pelo braço vê outra no colo dela perua desvia de um buraco a calçada cheia de lixo para a bicicleta carro tem que comer faixa farol demora pedestre filha da puta do caralho ela precisa levar a feira motorista grita algo menino desvia da moto a sacola da tia bate no joelho o silêncio não existe menino desvia da moto sacola da tia bate no joelho sai da rua arrombado menino solta a mão dela lotação vazia estoura o retrovisor o peito do homem segura um retrovisor alguém grita lincha um menino foi comprar cigarro uma lombada raspa o carro olhar é ignorado se não por lombada esses minino abusa mesmo catador de papelão cospe no chão o motoqueiro sobe o pezinho alguém acontece a venda fechou por luto o motorista grita o jovem arruma o cabelo o lixo junta som alto da porra menino quer algodão menina balança trança policial encara motoboy abaixa visor banca com ti ti ti vizinha diz que homens vieram dali negro branco um par churrasco farinha palito de bambu pipa canteiro chama no rádio com cigarros rostos secos pelo tempo frutas passadas bacias coloridas caixas amontoadas preços em varais pastel caldo de cana refrigerante ta quente faz dois pra viagem agente brinca de nação voltar pro Irene descer pro Amália subir pra Itapecerica rodar a padaria Elaine açougue lotado banca vazia frita jornal lê coxão mole caminha pra fazer a chave vai rolar quermesse hoje sabia que ele chapou o globo pior levou dois téco na caixa de catarro num gosto de simpático o joelho ta ficando ruim aquele dia lá foi sem querer hoje vai ter amistoso quanto tempo Odete vai ver se eu estou na esquina tem uma caneta ai moço us minino é ruim mesmo quanto deu na quina pega e vê se é da boa pode ser de carne mesmo vê uma lôra gelada domingão tem jogo Cê vai colar é boliviana parece da boa vou correr pra pegar o restinho do jornal menino filha da puta vive no computador entulho ética caco de vidro esgoto transbordando pedaço de papel voando pedra na calçada velho com mão na barriga corre-corre filha da puta Adamastor está embaixo do carro diz que diz que diz alguém viu ele subindo do nada apareceu um ônibus alma suja começa o culto você ta um charme hoje a escola ta de greve mentira tem aula todo dia vai fazer exame de fezes professor volta desgostoso tabela da copa do mundo pose de bom fama de macho rebolation tem cinco diz que apareceu um caroço aqui vai vir pro Brasil o policial falou que não tem boi que se pá vai querer o torro inteiro governador autoriza subir morro mulher deixa filho na escola entra no Orkut dele gás lacrimogêneo no educador pai sente saudade depois que separou ta cheio de vírus copa do mundo é assunto hoje no jornal desce escadão sobe viela abaixa nariz muita conta pra bagar encara os homi será que vai dar tempo o goleiro acho que é culpado mesmo todo dia a mesma novela o menino entra na sala sorriso no rosto fala fio pra mim o que você queria dizer na verdade Sônia Abrão falou que ele era pobre só ganhar dinheiro mata a vida dessa mulher é complicada mesmo eu ouvi um som assim que na moral num tem blá blá blá nuazinha na capa da revista deixa a gente tudo acabado a idéia é reta sem curva várias vezes eu vi eles juntos subindo o morro sai todo mundo daqui filhos da puta Ratinho vai mostrar o DNA a lotação desceu a milhão o Faustão parece doente aquilo ali é tudo miliciano corja de viado cê viu o jornal nem ação oficial do estado é de fato deixei ele lá para buscar depois fusca fura pneu índice é medido por entrevista Jabolani rola em bairro nobre começa o tiroteio só para despistar o acordo foi feito o barato é shopping acho mêmo que foi us cara é tudo forgado menino entra na classe o Junior disse que não vai mais falar com o pai senta na carteira abre o caderno quando é tiro de bandido todo mundo escracha essa maconha é da boa mesmo cheirinho bão pega uma farinha cheio de homi armado num esquenta é tudo cria nóis por nóis lado a lado ta tudo acertado tiro tiro tiro vara o coração do menino país sem um ponto de compromisso


Ferréz

Saida da Caros Amigos.

Amigos leitores,
Venho por meio desse curto post dizer que pedi demissão da Revista Caros Amigos a alguns dias.
Escrevi na revista durante 10 anos, e foram muitos momentos bons, tive a sorte de conviver com grandes jornalistas e profissionais de primeira linha.
A maior lembrança que trago é minha amizade com Thiago Domenici, Marina Amaral e o fundador da Caros, o grande Sergio de Souza.
Sei que deixo alguns leitores órfãos, mas vou manter nesse blog todo mês um texto inédito para compensar.
O motivo é bem simples, estou repensando minha carreira e nesse momento pretendo me dedicar aos meus projetos recentes.
Agradeço de coração aos que me acompanharam nesse tempo, e também aos que leram ao menos um texto nesses 10 anos.
A partir de agora nos vemos sempre por aqui.
grande abraço
Ferréz

O aniversário de uma favela em São Paulo


O Aniversário de uma favela em São Paulo (ferréz)

Muitos podem se perguntar por que comemorar o aniversário de uma favela? Primeiro porque ela comemora 38 anos, segundo porque a 10 anos ela tem uma festa tradicional que junta muito hip-hop, protesto anti militarista (a festa sempre acontece em 7 de setembro ou no sábado sub seqüente).
Comemorar um aniversário, de um lugar que é importante para quem lá vive. Festejar pintando os muros com grafites coloridos, com crianças brincando numa linda praça, talvez uma demonstração de que todos ali sonham com um espaço urbano organizado, e respeitoso.
A festa destina toda renda ao projeto que dá aula para mais de 100 crianças da própria comunidade, apesar disso foi muito difícil realizá-la, ouve um verdadeiro boicote e de todos os lados foram pedidos documentos que não se conseguiria nem para um lugar fechado, assim como ouve autoridades contra o evento, também ouve muita gente a favor, Eleison da Ação educativa, Ananda representando o Calil, Protógenes e principalmente o Senandor Suplicy que ajudou muito e segurou a responsabilidade de ir a sub prefeitura, de conseguir autorização na CET, e de todos documentos que pediram, ele entendeu que era importante para uma comunidade que não tem outra chance de diversão e de conscientização a não ser se ela mesma a fizer.
As barracas são montadas pelos vendedores de lanches, bebidas, e até produtos caseiros como pães e bolos, todos apreensivos e esperando que a festa seja um sucesso para que consigam boas vendas.
As crianças tomam a rua chamada de Avenida Sabin, talvez o médico que deu nome a rua e criou a vacina, também tenha indiretamente criado a vacina da esperança para uma gente tão sofrida, que não deixa de acordar as 4 ou 5 da manhã para ir trabalhar, que cuida da casa dos patrões, mas deixa a sua como esta, que cuida da educação dos filhos dos patrões, mas não consegue acompanhar seus filhos, que faz a alimentação das crianças classe média, e não sabe se seus filhos comeram.
O palco é montado, os brinquedos das crianças são retirados, o pula-pula, a máquina de algodão, o escorregador e vários outros alugados pelo projeto chamado Periferia Ativa, que já existe a 10 anos dentro da favela Godoy paralela a Avenida Sabin.
Os mesmos meninos que alugam os brinquedos organizam a festa, e também tem um grupo de rap chamado Negredo (respeito ao negro), com letras que alertam para o erro de consumir álcool, para o erro de entrar na vida criminal, e ao consumo as drogas.
A festa que esse ano completa 10 anos prova que a periferia pode se organizar, pode não, ela deve se organizar e poder falar por si própria.
O palco está pronto, foi montado por uma empresa do próprio bairro chamada Lonas Base, os donos são moradores negros e militantes que fazem um grande trabalho de fechar as vielas e os acessos para que a festa tenha um controle.
Alexandre, chamado de Dj Ale, é o presidente da Ong Periferia Ativa, ele que corre para lá e para cá para que entre a primeira atração, e assim os grupos locais de Hip-Hop entram em ação, meninos dançando Break, outros cantando, outros recitando, o projeto se faz presente com eles no palco, demonstrando o que aprenderam dentro da biblioteca que já conta com mais de 1.000 livros.
Algumas horas depois começa a entardecer, então a atração surpresa entra para cantar, João Suplicy e Supla tocam as musicas do Brothers of Brazil e mostram a diversidade musical que tem, misturando clássicos da música brasileira com grandes sucessos mundiais e composições próprias, de quebra o Senador Suplicy canta Bob Dylan acompanhado pelos filhos.
Agora é a vez dos escritores entrarem no palco, a literatura ganha vez com os autores do Selo Povo, editora criada no Capão Redondo e que publica livros a 6 reais.
Para a festa na favela, além do escritor Marcos Teles e do poeta Germano Gonçalves, também está presente vinda diretamente de Rondônia, Catia Cernov, autora militante que tem a natureza como matéria prima de seus textos, ela apresenta o livro Amazônia em chamas.
Assim, misturando protesto, luta pelo meio ambiente, amor pela leitura e pelos livros que os representantes da literatura marginal se retiram do palco para dar lugar a mais grupos de rap, como Alvos da Lei, R.D.G, Jairo Periafricania e DMN.
A meia noite o grupo Tr3f entra no palco, eu faço um discurso contundente sobre o consumo, sobre a mão de obra escrava e sobre produtos que compramos, mas não somam em nada com nossa vida, logo depois Maurício DTS entra no palco e fala da dificuldade de se criar um filho especial, todo o show é acompanhado por cadeirantes que apóiam a iniciativa.
10.000 pessoas estão lotando a rua, em todos muros á faixas contra o uso de drogas e de agradecimento a policia, a sub prefeitura, aos amigos que ajudaram e tudo acontece maravilhosamente bem, não tem sequer uma discussão, sequer uma briga, talvez por isso a festa não seja notícia nos jornais do outro dia.
A rainha do samba Leci Brandão chega, enquanto isso o Senador Eduardo Suplicy é ovacionado por todos os presentes, uma demonstração de que a vida política se feita de forma correta também demonstra seus valores.
Leci faz seu show, todos acompanham entusiasmados, acabaram de ver o show do Negredo, e agora esperam Mano Brown, Ice Blue e convidados.
O dia começa a amanhecer, os policiais recebem lanches dos moradores, Mano Brown e convidados entram no palco, muitos abraços, a favela está emocionada, uma hora e meia depois o público ainda canta as músicas, a missão está cumprida, começa a limpeza, desmontar o palco e voltar para a vida normal, pelos menos até o próximo ano...








Lançamento livro Amazônia em Chamas - Cernov



Cernov já está em São Paulo, a autora chegou a poucas horas no Capão Redondo, e se prepara para a festa do 100% favela, onde os escritores do Selo Povo farão uma intervensão.
dia 14 o lançamento oficial na Ação Educativa, contamos com todos os literários de plantão.

A União faz a Festa!

Depois de tanta treta, que não caberia nesse blog, a Festa 100% Favela está confirmada, dessa vez a documentação foi osso, cada vez mais difícil, enquanto o funk vira várias quebradas pelo avesso, mas é isso, tudo confirmado. 100% Rap, 100% favela, 100% literatura.
Os escritores do Selo Povo vão estar presentes, Cernov vem direto de Rondônia, Marcos Teles ao vivo no Palco e vários convidados, o Ingresso para a festa pode ser adquirido na 1DASUL do Centro. É Nóis.

a Marca é forte, estilo monstrão!

Mano Brown - Líder dos Racionais MC´s usa 1DASUL - Nova blusa Full Print
Eduardo Compositor e rapper do grupo Facção Central, usa 1DASUL


Lourenço Mutarelli e Grupo Recepção Usam 1DASUL.

WWW.1DASUL.COM.BR