Blog do escritor Ferréz

Prêmio Cultura Hip-Hop últimos dias para inscrição


Prêmio Cultura Hip Hop
135 iniciativas serão premiadas com recursos investidos de R$ 1,7 milhão

O Prêmio Cultura Hip Hop 2010 – Edição Preto Ghóez é uma realização das Secretarias da Identidade e da Diversidade Cultural (SID) e de Cidadania Cultural (SCC) – do Ministério
da Cultura -, em parceria com o Instituto Empreender e a Ação Educativa. O objetivo é selecionar ações e experiências de fortalecimento da Cultura Hip Hop em todo o Brasil.
Nesta primeira edição, o concurso presta homenagem póstuma ao músico maranhense Márcio Vicente Góes (1971-2004), o rapper Preto Ghóez, um dos líderes do Movimento Hip-Hop Organizado do Brasil (MOHHB).
A premiação conta com recursos de cerca de R$ 1,7 milhão e contemplará 135 iniciativas de pessoas físicas, instituições e grupos informais nas seguintes categorias: Reconhecimento, Escola de Rua, Correria, Conhecimento (5º elemento) e Conexões.
Oficina de Capacitação
Uma série de Oficinas de Capacitação serão realizadas em diversos estados brasileiros, e têm, como foco principal, dar esclarecimentos e orientações sobre o Edital. As oficinas serão ministradas por técnicos da SID/MinC, do Instituto Empreender e da Ação Educativa.
Inscrições
As inscrições são gratuitas e estarão abertas até o dia 12 de julho. Os interessados poderão encaminhar suas propostas pelos Correios, ou preencher os formulários eletrônicos por meio das inscrições online no endereço (http://sistemas.cultura.gov.br/propostaweb/) já disponíveis na internet. Os critérios, procedimentos e formulários de inscrição, necessários para a participação, estarão nas seguintes páginas eletrônicas:
www.premiohiphop.org.br;
www.cultura.gov.br/diversidade;
www.institutoempreeender.org
Conheça as Categorias
Reconhecimento: destinada a honrar personalidades ou coletivos importantes para o desenvolvimento da cultura Hip Hop no país, ao longo do tempo.
- 10 prêmios, sendo dois para cada macrorregião do país.
Escola de Rua: voltada para iniciativas que, por meio dos elementos do Hip Hop, desenvolvam ações sócio-educativas, seja a partir de pedagogias tradicionais ou inovadoras.
- 27 prêmios, um para cada Estado da Federação.
Correria: iniciativas que incidem sobre a geração de renda ou que criem oportunidades de trabalho para os envolvidos, tais como a criação de eventos e a confecção de produtos, dentre outras.
- 27 prêmios, um para cada Estado da Federação.
Conhecimento: iniciativas que fomentem a realização de encontros, seminários e debates, ou a produção de estratégias para a difusão do Hip Hop.
- 35 prêmios, sete para cada macrorregião do país.
Conexões: iniciativas que promovam o intercâmbio com outras formas artísticas afins à cultura Hip Hop, em particular as expressões culturais afrodescendentes, criando novas associações, incorporações estéticas e políticas, para além dos quatro elementos consagrados (Break, MC, DJ e Graffiti).
- 35 prêmios, sete para cada macrorregião do país.
O movimento Hip Hop é uma expressão da cultura urbana, com desdobramentos em diversas manifestações artísticas, tais como a dança, a música e as artes plásticas.
No Brasil, o movimento surgiu em meados da década de 80, nos tradicionais encontros que aconteciam na Rua 24 de Maio, região central da cidade de São Paulo. Grupos como os Racionais MC’s, representantes da segunda geração, tornaram o movimento conhecido e respeitado em todo o país.
Serviço
Período das inscrições: de 16 de abril a 12 de julho.
Endereço para envio das inscrições:
Instituto Empreender
SCS QD 01 Bloco nº 28 Edifício JK Sala 23
CEP 70 306-900
Brasília – DF
Telefone do Instituto Empreender: (61) 3225-2780
Contemplados: Iniciativas individuais, de grupos informais e instituições.
Valor do prêmio: R$ 13 mil para cada iniciativa.
Site: www.premiohiphop.org.br
Endereço eletrônico: premiohiphop@acaoeducativa.org
Twitter: @premiohiphop
Assessoria de Imprensa: Alexandre De Maio
Tel.:(11) 64077784
Endereço eletrônico: alexandre.de.maio@hotmail.com

Processo criativo do livro Manual Prático do ódio

Salve, um mano postou no youtube um dos extras do DVD que agente lançou a alguns meses, o Literatura e Resistência, o video é o processo criativo do Manual Prático do ódio.
fica ai o video postado para quem quiser ver.

Abraços Ferréz



A Árvore de natal na casa de Cristo - Dostoiévski

Dostoiévski
Fiódor Mikháilovitch Dostoiévski 

A ÁRVORE DE NATAL NA CASA DE CRISTO

(Dostoiévski)

Havia num porão uma criança, um garotinho de seis anos de idade, ou menos ainda. Esse garotinho despertou certa manhã no porão úmido e frio. Tiritava, envolto em seus pobres adrajos. Seu hálito formava, ao se exalar, uma espécie de vapor branco, e ele, sentado num canto em cima de um baú, por desfastio, ocupava-se em soprar esse vapor da boca, pelo prazer de vê-lo se evolar. Mas gostaria bem de comer alguma coisa. Diversas vezes, durante a manhã, tinha se aproximado do catre, onde, num colchão de palha, chato como um pastelão, com um saco sob a cabeça à guisa de almofada, jazia a mãe enferma . Como se encontrava ela nesse lugar? Provavelmente tinha vindo de outra cidade e subitamente caíra doente. A patroa que alugava o porão tinha sido presa na antevéspera pela polícia; os locatários tinham se dispersado para se aproveitarem também da festa, e o único tapeceiro que tinha ficado, cozinhava a bebedeira há dois dias; esse nem mesmo tinha esperado pela festa. No outro canto do quarto gemia uma velha octogenária, reumática, que tinha sido outrora babá, e que morria agora sozinha, soltando suspiros, queixas e imprecações contra o garoto, de maneira que ele tinha medo de se aproximar da velha. No corredor, ele tinha encontrado alguma coisa para beber , mas nem a menor migalha para comer, e mais de dez vezes já tinha ido para junto da mãe para despertá-la. Por fim, a obscuridade lhe causou uma espécie de angústia: há muito tempo tinha caído a noite e ninguém acendia o fogo. Tendo apalpado o rosto de sua mãe, admirou-se muito: ela não se mexia mais e estava tão fria como as paredes. "Faz muito frio aqui", refletia ele, com a mão pousada inconscientemente no ombro da morta; depois, ao cabo de um instante, soprou os dedos para esquentá-los, pegou o seu gorrinho abandonado no leito e, sem fazer ruído, saiu do cômodo, tateando. Por vontade dele, teria saído mais cedo, se não tivesse tido medo de encontrar, no alto da escada, um canzarrão que latira o dia todo, na soleira das casas vizinhas. Mas o cão não se encontrava ali, e o menino já ganhava a rua. 

Senhor! Que grande cidade! Nunca tinha visto nada parecido. De lá, de onde vinha, era tão negra a noite! Uma única lanterna para iluminar toda a rua. As casinhas de madeira são baixas e fechadas por trás dos postigos; desde o cair da noite, não se encontra mais ninguém fora, toda a gente permanece bem enfurnada em casa, e só os cães , às centenas e aos milhares, uivam, latem durante a noite. Mas, em compensação, lá era quente; davam-lhe de comer... ao passo que ali... Meu Deus! Se ele ao menos tivesse alguma coisa para comer! E que desordem, que grande algazarra ali, que claridade, quanta gente, cavalos, carruagens... e o frio, ah! este frio! O nevoeiro gela em filamentos nas ventas dos cavalos que galopam; através da neve friável o ferro dos cascos tine contra a calçada; toda a gente se apressa e se acotovela, e, meu Deus! Como gostaria de comer qualquer coisa, e como de repente seus dedinhos lhe doem! Um agente de polícia passa ao lado da criança e se volta, para fingir que não a vê. 

Eis uma rua ainda: como é larga! Esmagá-lo-ão ali, seguramente; como todo mundo grita, vai, vem e corre, e como está claro! Que é aquilo ali? Ah! Uma grande vidraça, e atrás dessa vidraça um quarto, com uma árvore dentro que sobe até o teto; é um pinheiro, uma árvore de Natal onde há muitas luzes, muitos objetos pequenos , frutas douradas, e em torno, bonecas e cavalinhos. No quarto, há crianças que correm; estão bem vestidas e muito limpas, riem e brincam, comem e bebem alguma coisa. Eis ali uma menina que se pôs a dançar com o rapazinho. Que bonita menina! Ouve-se música através da vidraça. A criança olha, surpresa; logo sorri, enquanto os dedos de seus pobres pezinhos doem e os das mãos se tornaram tão roxos, que não podem mais se dobrar nem ao menos se mover. De repente o menino se lembrou que seus dedos doem muito; põe-se a chorar, corre para mais longe, e eis que, através de uma vidraça, avista ainda um quarto, e neste, outra árvore, mas sobre as mesas há bolos de todas as qualidades, bolos de amêndoa, vermelhos, amarelos, e eis sentadas quatro formosas damas que distribuem bolos a todos que se apresentem. A cada instante, a porta se abre para um senhor que entra. Na ponta dos pés, o menino se aproximou, abriu a porta e bruscamente entrou. Hu! Com que gritos e gestos o repeliram! Uma senhora se aproximou logo, meteu-lhe furtivamente um tostão na mão, abrindo-lhe ela mesma a porta da rua. Como ele teve medo! Mas a moeda rolou pelos degraus com um tilintar sonoro: ele não tinha podido fechar os dedinhos para segurá-la. O menino apertou o passo para ir mais longe - nem ele mesmo sabe aonde. Tem vontade de chorar; mas desta vez tem medo e corre. Corre soprando os dedos. Uma angústia o domina, por se sentir tão só e abandonado, quando de repente: Senhor! Que poderá ser ainda? Uma multidão que se detém, que olha com curiosidade. Em uma janela, atrás da vidraça, há três grandes bonecos vestidos com roupas vermelhas e verdes e que parecem vivos! Um velho sentado parece tocar violino, dois outros estão em pé junto dele e tocam violinos menores, e todos meneiam em cadência as delicadas cabeças, olham uns para os outros, enquanto que seus lábios se mexem; falam, devem falar - de verdade - e, se não se ouve nada, é por causa da vidraça. O menino julgou, a princípio, que eram pessoas vivas, e, quando finalmente compreendeu que eram bonecos, pôs-se de súbito a rir. Nunca tinha visto bonecos assim, nem mesmo suspeitava que existissem! Certamente, desejaria chorar, mas era tão cômico, tão engraçado ver esses bonecos! De repente, pareceu-lhe que alguém o puxava por trás. Um moleque grande, malvado, que estava ao lado dele, deu-lhe de repente um tapa na cabeça, derrubou o seu gorrinho e passou-lhe uma rasteira. O menino rolou pelo chão, algumas pessoas se puseram a gritar: aterrorizado, ele se levantou para fugir depressa e correu com quantas pernas tinha, sem saber para onde. Atravessou o portão de uma cocheira, penetrou num pátio e sentou-se atrás de um monte de lenha: "Aqui, pelo menos", refletiu ele, "não me acharão: está muito escuro." 

Sentou-se e se encolheu, sem poder retomar o fôlego, de tanto medo, e bruscamente, pois foi muito rápido, sentiu um grande bem-estar, as mãos e pés tinham-lhe deixado de doer, e sentia calor, muito calor, como ao pé de um fogão. Subitamente se mexeu: um pouco mais e ia dormir! Como seria bom dormir nesse lugar! "Mais um instante e irei ver outra vez os bonecos", pensou o menino, que sorriu à sua lembrança: "Podia jurar que eram vivos!"... E de repente pareceu-lhe que sua mãe lhe cantava uma canção. "Mamãe, vou dormir; ah! como é bom dormir aqui !" 

- Venha comigo, vamos ver a árvore de Natal, meu menino - murmurou repentinamente uma voz cheia de doçura. 

Ele pensava que era a mãe, mas não, não era ela.Quem então acabava de chamá-lo? Não vê quem, mas alguém está inclinado sobre ele e o abraça no escuro; estendeu-lhe os braços e... logo... Que claridade! A maravilhosa árvore de Natal! E agora não é um pinheiro, nunca tinha visto árvores semelhantes! Onde se encontra então nesse momento? Tudo brilha, tudo resplandece, e em torno, por toda parte, bonecos - mas não, são meninos e meninas, só que muito luminosos! Todos o cercam, como nas brincadeiras de roda, abraçam-no em seu vôo, tomam-no, levam-no com eles, e ele mesmo voa e vê: distingue sua mãe e lhe sorri com ar feliz. 

- Mamãe! Mamãe! Como é bom aqui, mamãe! - exclama a criança. De novo abraça seus companheirinhos, e gostaria de lhes contar bem depressa a história dos bonecos atrás da vidraça... - Quem são vocês então, meninos? E vocês, meninas, quem são? - pergunta ele sorrindo-lhes e mandando-lhes beijos. 

- Isto... é a árvore de Natal do Cristo - respondem-lhe. - Todos os anos, neste dia, há na casa de Cristo, uma árvore de Natal, para os meninos que não tiveram sua árvore na terra... 

E soube assim que todos esses meninos e meninas tinham sido outrora crianças como ele, mas alguns tinham morrido, gelados nos cestos, onde tinham sido abandonados nos degraus das escadas dos palácios de Petersburgo; outros, tinham morrido junto às amas em algum dispensário finlandês; uns sobre o seio exaurido de suas mães, no tempo em que grassava, cruel, a fome na Samara; outros ainda, sufocados pelo ar mefítico de um vagão de terceira classe. Mas todos estão ali neste momento, todos são agora como anjos, todos junto a Cristo, e Ele, no meio das crianças, estende as mãos para os abençoá-las e às pobres mães... E as mães dessas crianças estão ali, todas, num lugar separado, e choram; cada uma reconhece seu filhinho ou filhinha que acorrem voando para elas, abraçam-nas, e com suas mãozinhas enxugam-lhes as lágrimas, recomendando-lhes que não chorem mais, que eles estão muito bem ali... 

E nesse lugar, pela manhã, os porteiros descobriram o cadaverzinho de uma criança gelada junto de um monte de lenha. Procurou-se a mãe... Estava morta um pouco adiante; os dois se encontravam no céu, junto ao bom Deus.

A obra de arte - Anton Tchekhov

A Obra de Arte
Carregando sob o braço um objeto embrulhado no número 223 do Mensageiro da Bolsa, Sacha Smirnoff, filhinho de mamãe, assumiu uma expressão de tristeza e entrou no consultório do doutor Kochelkoff.
— Ah! meu grande jovem! — exclamou o médico. — Como vamos? O que há de novo?
Fechando as pálpebras, Sacha pôs a mão no coração e, comovido, falou:
— Mamãe lhe manda seus cumprimentos, Ivan Nicolaìevitch, e me encarregou de lhe agradecer… Mamãe só tem a mim no mundo, e o senhor me salvou a vida… curando-me de grave enfermidade e… não sabemos como lhe agradecer.
— Ora! O que é isso, meu jovem! — atalhou o médico, realizado. — Não fiz mais do que qualquer um no meu lugar teria feito…
Depois de observar o presente, o médico coçou lentamente a orelha, bufou e suspirou, confuso.
— Sim — murmurou —, é algo realmente magnífico… como diria?… um tanto ou quanto ousado… Não é apenas decotada; é… sei lá, que diabos!
— Mas… por que diz isso?
— Nem a serpente em pessoa poderia inventar alguma coisa de mais indecente. Se eu colocasse esta fantasiazinha na mesa, iria contaminar a casa toda.
— Que modo mais excêntrico tem o senhor de interpretar a arte! — disse Sacha, ofendido. — É um objeto artístico!… Olhe! Que beleza! Que elegância! É de se ficar com a alma inundada de piedade, e com lágrimas a subir aos olhos! Contemplando-se tamanha beleza, nos esquecemos de tudo o que seja da Terra… Veja bem… Que movimentos! Que harmonia! Que expressão!…
— Compreendo muito bem tudo isso, meu caro — interrompeu o médico —, mas acontece que eu sou pai de família. Meus filhos costumam vir aqui. Recebo senhoras…
— É evidente — disse Sacha — que se a gente adotar o ponto de vista do povo, este objeto, altamente artístico, causará uma impressão diferente… Sou o filho único de mamãe… somos pobres, e por isso não podemos lhe recompensar os seus cuidados; e não sabemos o que fazer; embora, apesar de tudo, mamãe e eu… seu filho único… lhe suplicamos de todo o coração que aceite, como penhor de gratidão… esta ninharia que… É um bronze antigo… uma obra rara… de arte.
— Mas não havia necessidade — disse o médico, franzindo as sobrancelhas. — Por que razão?
— Não, eu imploro ao senhor, não recuse! — continuou a murmurar Sacha, desembrulhando de todo o pacote. — Seria uma ofensa, a mamãe e a mim… Trata-se um objeto belíssimo… em bronze antigo. Foi herança de papai, guardada como uma querida lembrança.. Papai comprava bronzes antigos e revendia-os aos colecionadores… Já mamãe e eu não nos ocupamos disso…
Sacha acabou de desembrulhar o objeto e colocou-o solenemente em cima mesa. Era um pequeno candelabro de bronze antigo, de fina feitura. Representava duas figuras femininas em trajes de Eva e em atitudes que não ousaria — nem tenho temperamento para isso — descrever.
As figuras sorriam ostensivamente, dando a impressão de que, não fossem retidas pela obrigação de suster o castiçal, teriam imediatamente fugido do pedestal dançado tal cancã que, amigo leitor, nem é bom imaginar.
— O doutor, claro, está acima destas coisas todas e portanto sua recusa nos daria, a mamãe e a mim, uma enorme frustração. Sou o filho único de mamãe; o senhor me salvou a vida… Damos-lhe de presente o que de mais precioso possuímos, e… só tenho a tristeza de não nos pertencer o par do candelabro!
— Muito agradecido, meu jovem amigo. Fico-lhe muito grato… Minhas recomendações à sua mãe, mas rogo-lhe, o senhor mesmo considere a questão! Meus garotos costumam vir aqui… Aparecem muitas senhoras… Mas deixo-o aqui, já que me parece impossível convencê-lo!
— Ora, não há de que me convencer! — disse Sacha com habilidade. – Coloque o candelabro do lado desta jarra. Que infelicidade não possuir o par!… Bem, vou indo, adeus, doutor.
Depois da saída de Sacha, o doutor observou bastante o candelabro, coço orelha e concluiu:
“Não se pode negar que é magnífico. É uma pena abrir mão dele. Ao mesmo tempo é impossível deixá-lo aqui… Hum… Está criado o problema… Poderia dá-lo de presente a quem?” ·
Depois desta reflexão, lembrou-se do advogado Ukhoff, seu amigo íntimo, que gostaria de ter o objeto.
“Às mil maravilhas!”, decidiu. “Ukof Ukhoff não aceita receber dinheiro de mim , mas ficará contente com esta lembrança… E assim me livrarei deste incômodo. Além do mais, ele é solteiro e maroto…” ·
Rápido, o médico se vestiu, pegou o candelabro e foi até a casa do advogado.
— Bom dia, amigo — disse, ao encontrar Ukhoff em sua morada… — Venho lhe trazer uma recompensa pela amolação… Já que não quer aceitar dinheiro meu, aceitará um pequeno presente… Ei-lo, meu amigo! É um objeto magnífico!
Ao ver o candelabro, o advogado viu-se tomado de inefável encantamento.
— Isso sim é que é obra de arte — disse, rindo às gargalhadas. — Que o diabo carregue os meliantes capazes de sequer imaginar alguma coisa de parecido… É maravilhoso! Onde foi que você encontrou tal preciosidade?
Assim que o entusiasmo se esgotou, o advogado lançou temerosos olhares para o lado da porta e disse:
— No entanto, meu velho amigo, é melhor levar de volta o seu presente. Não posso aceitá-lo…
— Por quê? — quis saber, espantado, o médico.
— Porque… Mamãe vem aqui, meus clientes… e além do mais é constrangedor em relação aos criados…
— Ora, essa é boa!… Você não terá a ousadia de recusá-lo. (E o médico agitou as mãos.) Eu ficaria ofendido!… Trata-se de um objeto de arte… Que movimentos! Que expressão!… Não quero ouvir seus argumentos! Você me deixaria melindrado!
— Se pelo menos tivesse alguma sutileza, ou se estivesse coberta…
O médico, porém, ainda a agitar as mãos e contente por conseguir se desfazer do presente, voltou para o seu consultório.
Sozinho em casa, o advogado pôs-se a examinar o candelabro, apalpou-lhe todas as partes e, da mesma forma que o médico, viu-se tentado a refletir sobre o que deveria fazer com ele.
“É um objeto belíssimo”, pensou. “Seria uma pena se desfazer dele; ao mesmo tempo, é inconveniente tê-lo em casa… Melhor seria oferecê-lo a alguém… Já sei, vou levá-lo hoje à noite ao cômico Chachkine. O sacana adora as coisas desse gênero, e hoje é justamente o dia de sua estréia…”
Foi o que fez, tão rápido quanto pensou. À noite o candelabro, lindamente embrulhado, era oferecido ao cômico Chachkine.
A noite toda o camarim do artista foi invadido pelos homens que queriam admirar o presente; a noite toda foi de murmúrios de aprovação e de risadas que mais pareciam relinchos… Quando uma artista se aproximava do camarim e perguntava: “Pode-se entrar?”, logo a voz rouca do cômico retumbava:
— Não, não, cara amiga! Estou sem roupa!
Terminado o espetáculo, Chachkine dizia, dando de ombros e abrindo os braços:
— Onde vou colocar tamanha indecência? Moro em casa de família e recebo muitos artistas! E isso não é como fotografia, que a gente pode esconder dentro da gaveta..
— Ora, por que não o vende, senhor? — aconselhou o cabeleireiro, que o ajudava a trocar de roupa. — Tem uma velha aqui no bairro que compra bronze antigo. Vá lá e pergunte pela senhora Smirnoff… Todo mundo a conhece.
O cômico resolveu seguir o conselho…
Dois dias depois, o doutor Kochelkoff meditava sobre os ácidos biliosos, de dedo na testa. Subitamente a porta se abriu e Sacha Smirnoff jogou-se a seu encontro. Sorria exultante, e todo o seu ser transpirava felicidade… Trazia alguma coisa embrulhada em jornal.
— Doutor — disse, ofegante —, imagine só nossa alegria!… Para nossa felicidade, encontramos o par do seu candelabro!… Mamãe está se sentindo tão feliz!… E o senhor me salvou a vida…
E então, tremendo de gratidão, Sacha colocou o candelabro diante dos olhos de Ivan Nicolaievitch. 0 médico quis dizer alguma coisa mas não conseguiu. Perdera o uso da palavra.
Anton Tchekhov Extraí do Projeto Releituras

Perdemos Saramago

Morre, aos 87 anos, o escritor José Saramago

Saramago nasceu em Azinhaga em 16 de novembro de 1922, em uma aldeia ao norte de Lisboa. Em sua juventude, estudou em escola técnica e começou a escrever no "Diário de Notícias". A partir de 1976, voltou-se exclusivamente à literatura.


Prêmio Nobel de Literatura em 1998, ele faleceu em sua casa, em Tías, Lanzarote, na Espanha.

Consta na bibliografia de Saramago obras como "Memorial do Convento", "O Evangelho segundo Jesus Cristo" e "Ensaio sobre a Cegueira", que virou filme sob direção de Fernando Meirelles.

Realmente uma pena a morte de Saramago, já li vários livros dele, o último era sobre lembranças  de sua infância, realmente um grande autor, que soube viver seu tempo, e que envelheceu com sabedoria.

perdemos muito, e hoje o dia amanheceu com certeza menos feliz.

Ferréz.

Turnê Selo Povo na Livraria Suburbano Convicto

Sexta-Feira (18/06) na Livraria Suburbano Convicto, a Turnê Selo Povo faz sua última apresentação em São Paulo, lançando o livro Cronista de um tempo ruim as 19:oo hs.


Ferréz estará sexta-feira no Bixiga encerrando a turnê de lançamento do "SELO POVO" que vende os livros à R$ 5,00, sendo o primeiro deles "Crônista de Um Tempo Ruim.




Onde?
Livraria Suburbano Convicto
www.livrariasuburbanoconvicto.blogspot.com
suburbanoconvicto@hotmail.com
(11) 2569-9151
Rua 13 de Maio, 70 - 2o and
Bixiga- São Paulo - SP

INTERFERÊNCIA no ar.

Foi com muito esforço, persistência e principalmente esperança, mais uma vitória para a periferia foi alcançada.Nesse sábado, dia 19 de Junho vamos reabrir a Interferência, totalmente reformada.
A nossa casa agora está toda colorida, com espaço mais amplo.
convidamos a todos com muita alegria.
Bairro Jardim Lilah na Travessa Santiago, Capão Redondo.
Sejam bem vindos a tranformação que a periferia está passando.
abraços
Ferréz e Tia Dag.
Evanise linha de frente com as crianças na reforma.
Muita cor para mudar a quebrada.

Cada um faz um pouquinho, olha a Célia com a vassoura na mão.

Grande agradecimento aos voluntários, nesse dia não tinha nenhum artista, só pessoas normais que suaram muito junto com as crianças que estudam na ong, uma prova de que a revolução não depende dos artistas que tanto falam. valeu Célia, Corina, e todos voluntários da CZ e voluntários do Banco Societe.
FZ


Matéria 1DASUL


Salve manos e minas
a Mona Dorf fez uma super matéria com a 1DASUL no Rio de Janeiro, e postou no site dela, tem videos e tal, o link é essa abaixo.
Http://colunistas.ig.com.br/monadorf

vou publicar logo abaixo também a parte escrita da matéria, que fala do novo site da 1dasul, do blog e já prepara a todos para o nosso desfile, dia 25 de julho, aguardem...

Criada pelo rapper e escritor Ferréz, a 1DASUL não está nas passarelas, nos tititis dos fashionistas, muito menos na pauta ou editoriais da moda brasileira, apesar de ser a primeira e única grife criada e produzida na periferia de São Paulo. O berço é o Capão Redondo.

“ Universo, galáxia, sistema solar. São Paulo, zona sul, esse é o lugar”. Quem anda pela periferia de São Paulo, ou em festas hip hop pode facilmente encontrar alguém vestindo a camisa da marca da periferia. 1DASUL, com muito orgulho. Ao contrário de outros subúrbios, os habitantes da imensa zona sul de São Paulo não sofrem de baixa auto-estima e nem vestem moletons da Califórnia…

A marca que surgiu há 11 anos acaba de estrear um novo site multimídia, antenada que só ela.

É uma moda solidária, cooperativada. Antes o que era apenas uma confecção de roupas, hoje extrapola para outros produtos, conta Ferréz, escritor e agitador cultural, que conseguiu dar voz própria aos habitantes do Capão Redonda e Jardim Ângela. “1DASUL – Todos somos um só pela zona sul é esse o significado. A idéia é divulgar a zona sul como um lugar bacana pra se viver. É uma marca de autogestão, produzida na periferia, para ser vendida e usada na periferia. A idéia é que as pessoas se orgulhem daqui e consumam o que é feito aqui mesmo ou em outras periferias”.

A marca valoriza o lugar. Hoje fazemos vários produtos recicláveis, de protetor de tanque, cadernos, a pézinhos de moto, cartão postal, vinho… Começamos com mochilas, bonés, bermudas. “ As camisetas com slogans são a identidade e viraram moda, um must , disputadíssimas por suas mensagens políticas: Mídia mente – Capão pecado – Bom dia Vietnã, Bom dia Capão…..

Além da moda outro canal de expressão é a internet

Quer ler sobre o Itaim Paulista, entra no blog do Alessandro Buzo . Quer ler sobre o cotidiano do Capão? Entra no do Ferréz . “ É a periferia retratada por ela mesma. A gente falando da gente, de dentro. Isso é uma mudança tremenda. Nós somos o tema. Começamos nos livros, na rua falando poesia, agora estamos na internet “, completa.

Não faltam autores para retratar um dia a dia que não é só violento, como mostra a TV, tem saraus, shows, quermesses, eventos, shows de hip hop e escritores que ninguém vai divulgar… E surge uma nova literatura: “ Há todo um movimento de autores independentes fazendo uma cena diferente da literatura e boas coletâneas como Cenas da favela, de Nelson de Oliveira, Literatura marginal ( Agir ), Nascer 9, de Rondônia…”.

Ferréz comemora os bons números da internet: “ Antigamente a gente fazia fanzine, vendia um a um. Hoje qualquer um pode te ler em Pernambuco, de outro estado, é um meio muito rico pra um cara que tá longe ter acesso a seu texto. Agrega muito! É uma vitória: 317 mil acessos, desde que começou o blog há um ano e meio atrás, 15 mil por dia! “.

Muito além da moda, a marca se tornou uma resposta do Capão Redondo e outras áreas para a violência que lhes é creditada, fazendo os moradores terem orgulho de onde moram e lutarem para um lugar melhor, com menos violência e mais esperança.

Autor: Mona Dorf - Categoria(s): Entrevista, Redes Sociais Tags: 1DASUL, Alessandro Buzo, Capão Redondo, Ferrez, hip hop, moda, periferia, zona sul

Lançamento na Fundão 10 de junho quinta agora.

Salve, nessa quinta-feira tem lançamento do meu novo livro, a turnê Selo Povo chega na Vila Fundão, a partir das 20 horas, muita poesia, música e abraços.
Livros vendidos no local a 5,00. é nóis que tá. últimos dias da turnê, a próxima é no Rio e depois na livraria Suburbano Convicto.

O que aconteceu esses dias...

Eduardo (Facção Central) durante show em Brasilia, usando jaqueta e calça 1DASUL.
Mano Brown, durante a gravação do novo clip do Racionais MC´s, usando 1DASUL. (No clip ele estará de pingente 1ds, e calça Jeans da nova coleção).
Super lançamento na 1DASUL Centro, Marcio Vidal cansou a mão de dar autógrafo do seu primeiro livro Receitas para amar. Muita gente na sintonia da litera-rua.
Muitos abraços, alegria, regado a suco de uva e sorrisos, isso é literatura marginal.
Ufa!
O Cronista de um tempo ruim (Selo Povo) também foi lançado na loja da 1dasul, prosseguindo com a turnê Selo Povo, agora dia 10 de Junho é na Vila Fundão, e dia 18 Livraria Suburbano Convicto. a banca da litera-rua não pára.
O Interferência está sendo reformado, é nóis na luta pela melhoria, do discurso pra prática sem preguiça.
Ponteiro-caneta. bom é escrever essa história no concreto.
e vamos que vamos, muita coisa no ar, o sitio novo da 1dasul http://www.1dasul.com.br/ e já está marcado o desfile da marca, em breve mais detalhes do evento que vai abalar o Capão Redondo.
Ferréz






Cronista de um tempo ruim - por Jéssica Balbino

Cronista de um tempo ruim
Ferréz
por Jéssica Balbino
Deveria ser de leitura obrigatória.
No Ensino Fundamental, Médio, Vestibular e sequência.
Deveria ser promocional "Compre meia dúzia de pães e ganhe o livro "Cronista de um tempo ruim". Arroz, feijão, farinha, macarrão e o livro"Cronista de um tempo ruim", estes são os principais produtos da cesta básica.
Compre uma Mercedes ou uma Ferrari e ganhe o livro "Cronista de um tempo ruim". Calce um tênis nike e ganhe o livro "Cronista de um tempo ruim".
Abrace a causa do câncer de mama e o Ferréz: compre a camiseta e leve o livro.
Todos brasileiros, sejam da periferia ou não, deveriam ler este livro de bolso, de 123 páginas com histórias e contos incríveis.Um tempo ruim - o nosso tempo - é retratado por um homem que enxerga à frente desta realidade e também deste tempo.
Por um homem que nasceu e sempre viveu na quebrada mas consegue enxergar os problemas e soluções desta vida tão miserável.O livro, em formato de bolso, pode ser adquirido pelo preço de uma refeição ou de duas cervejas e meia. Pode ser lido para sempre, passado de mão em mão, de escola em escola, pode ser trabalhado, interpretado, porque é vivido diariamente por milhões de brasileiros desse mundaréu de quebradas, vielas, periferias e córregos sujos.
A visão de Ferréz para o cotidiano periférico é bem peculiar, e para os causadores dos problemas enfrentados pelo povo que é massacrado também.
Ele diz sim à guerra contra os que merecem, e paz aos que precisam. Ele passar por restaurantes populares, chacinas diáiras na zona sul de São Paulo, falta de comida em casa, falta de comida na casa dos amigos, muitos destes que morrem e o abandonam no meio do caminho, vai pelo crime, pela rima, por uma biblioteca comunitária montada numa antiga boca de tráfico e por fim, passa pelos nossos corações, ora mesquinhos e materialistas, desejando um nike, uma roupa da moda, um computador, um DVD, um home theater, ora caridosos, cobrindo o mendigo que dorme na esquina, rezando por quem já se foi e agradecendo até mesmo a desgraça.Ele se arma com a caneta e dispara palavras.
Não se importa quem vai machucar, mas temo que seja muito mais quem vive do lado de lá da ponte.
No mais, o pequeno livro (que não vai mais sair do meu bolso e bolsa) é um lindo presente para a favela e para nosso intelecto. Ferréz, você é um cara fera !
Jéssica Balbino.

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