Selo Povo, 8 livros. 8 navalhas.1. Cronista de um tempo ruim (Ferréz)2.Cernov (Amazônia em chamas)3. Lima Barreto (título a decidir)4. Cidinha Silva (título a decidir). www.selopovo.blogspot.com
Turnê Selo Povo
Selo Povo, 8 livros. 8 navalhas.1. Cronista de um tempo ruim (Ferréz)2.Cernov (Amazônia em chamas)3. Lima Barreto (título a decidir)4. Cidinha Silva (título a decidir). www.selopovo.blogspot.com
Textos de Capão Pecado proibido na Bahia.
“Pais de alunos denunciam uso de livro com conteúdo erótico em escola estadual em Feira de Santana.” Por Elenilson Nascimento
Ferréz, o autor do polêmico(?) texto incluso num livro didático. Mas parece que esse livro “Capão Pecado” do Ferréz está sendo vítima de uma verdadeira caça às bruxas, pois caso parecido já aconteceu também em Minas Gerais, como o próprio autor escreveu no seu blog que, segundo o autor, talvez seja porque “nas nossas escolas ninguém fala palavrão, e palavrão para ele é FOME, Corrupção e Hipocrisia”.
G.U.E.R.R.A
escritor do gueto
plantador de ódio,
injetor do kaos moderno
terrorista literário
de fuzil bic na mão
arma nuclear
a informação
conseguiram do povo
a desunião
50 cents de pistola na mão
Luter king morreu em vão
se for falar o que penso
tem coisa que não compreendo
Pornô mundo
Mundo pornô
Me mostra
A nudez da sua cor
amor pela quebrada
virou frase de para-choque
a ideologia tá em crise
pra quem tá em choque
o povo chora a dor, chora dor
mensageiro da mentira para senador
mas no meu peito zumbi
na mente mariguela
no punho Solano
quebrada favela
são anos de rancor em vão
chega de tiração
Deus perdoa
eu não
o pavio é fácil de acender
no clip tem tudo
que você quer ser
na rua tanta solidão
verdades são mentiras jão
anota 10 a minha nota
pro sistema hipócrita
todo mundo é fantoche,
mas eu vejo as cordas.
Ferréz
Buzo convida
Tem sangue na bandeira do Brasil
Tem sangue na bandeira do Brasil
Tem sangue na bandeira do Brasil
Sangue de Zumbi, Lampião e Conselheiro
Sangue do povo que construiu o pais
Mas herdou só o sofrimento
Sangue dos filhos da periferia
Sangue da pátria gentil homicida
Da pm, civil, do deputado, senador
Do presidente servil, mano pelo amor.
Tem dona Maria que lava o sangue da farda
tem gás lacrimogêneo na massa
Tiro, espancamento para o MST
Paulada, choque no povo no DP
A nação que sangra giz da mão do professor
É o tiro que ninguém dá no opressor
Tira onde na Oscar freire, Alphavile, Daslu
O sangue na viela, morreu 13 aqui na sul
Ande por ai, note a desigualdade
Tem sangue nas mãos de quem
Vota na maioridade
Em quem se fecha, lacra, cerca e higieniza
De quem luta pelo seu e vive na hipocrisia
Pais sem rumo, inviável, difícil missão
Tem sangue no oprimido, mas ta limpo
quem promove a opressão.
Ferréz
Selo Povo hoje no Jornal da Tarde
deu destaque pros livros da perifa, e de quebra falou um pouco da minha carreira.
gostei bastante da matéria, que mostra que não viemos para brincar.
segue a matéria abaixo.
Comandada pelo escritor Ferréz, loja 1DASUl, na Galeria do Rock, vira polo da literatura marginal
ANA CAROLINA RODRIGUES, anac.rodrigues@grupoestado.com.br
Interferência sai do Manos e Minas
Muro Cinza (Ferréz)
Muro Cinza.
Quando Ellen. G White iniciou sue ministério que daria origem aos Adventistas do Sétimo dia, ela não imaginaria o muro cinza.
São Paulo, Capão Redondo, em 1914 chegava à região um pastor adventista chamado John Lipke e um obreiro de nacionalidade Russo-Alemã chamado John Böehn.
Em abril de 1915 John Böehn fechou negócio com os irmãos Pantaleão e Antônio Theisen, comprando uma fazenda com 300 acres, por 20 contos de réis em uma das colinas do Capão Redondo.
Em 1925 eles importaram dos Estados Unidos algumas cabeças de gado holteinfrisien (gado Holandês) das fazendas Carnation, até 1984 o rebanho de gado holandês permaneceu na fazenda do Instituto Adventista de Ensino tendo participado de várias de competições com dezenas de premiações e recordes nacionais na produção de leite, todo o I.A.E. era cercado por cercas simples, de arame.
Enquanto isso favelas iam se formando em volta da área, barracos iam sendo construídos, terrenos cercados e vendidos a terceiros, em sua maioria, vindo da Bahia, Ceará, Piauí, Minas Gerais e várias outras regiões, além de pessoas que pela valorização dos lugares onde moravam, foram sendo jogadas para o bairro que começava a tomar forma.
A Light and Power Co instalou força e luz no Capão, a pedido do colégio Adventista que até então vinha produzindo sua energia através de dínamo instalado em açudes.
Alguns meses depois, era cometido o primeiro assassinato no bairro Jardim Comercial, por uma discussão de rede elétrica, um morador matou o outro a facadas na frente do recém colocado poste de madeira.
Em 1969 é implantada a primeira faculdade no bairro do Capão, o curso de enfermagem no Instituto Adventista de Ensino.
Alguns anos depois o hospital público Piratininga é conhecido por servir o famoso “chazinho da meia noite”, onde segundo pacientes, o líquido acabava com a chance de recuperação, e causava o óbito.
Shunji Nishimura nascido em Kioto, estudou no colégio adventista , fundador da maior fabricante de máquinas agriculas da América latina, a Jacto, em 1994 o governador de São Paulo conferiu-lhe o título de empresário do ano.
Fabinho, estudou na escola Adventista do Jardim Lilah e anos depois era conhecido como um dos maiores traficantes da região, morreu assassinado na rua onde nasceu.
A alguns metros do mesmo colégio, moradores são detidos pela polícia, eles fizeram um protesto por uma lombada, pois ouve um atropelamento de uma criança, a policial chegou, agrediu e prendeu alguns moradores.
Em 1997 a fundação do colégio Adventista Ellen G. White é a primeira escola secundária particular no Brasil a obter o certificado de qualidade ISSO 9000, enquanto isso uma chacina devasta o cotidiano do jardim Ângela, o sangue no bar dá arrepios a quem passa pelo local.
Em 1983 o I.A.E. teve 80% da área desapropriada pela municipalidade da cidade, hoje essa área chama-se Cohab Adventista.
Moradores de várias favelas foram retirados de seus lugares, perderam seus amigos, vizinhos e história, suas casas foram derrubadas e foram todos transferidos para a Cohab Adventista, ninguém escolheu sua casa, ninguém foi ouvido sobre a futura vizinhança e hoje o bairro que abriga os prédios é chamado de favela vertical, tem um grande problema de criminalidade e uso de drogas.
Falar que os Adventistas e os moradores cresceram com o bairro seria generosidade, afinal o bairro não cresceu, principalmente no que eles são especialistas, que é o ensino.
Se a informação e a cultura são tudo, porque onde tem a maior rede de ensino do mundo é um dos lugares mais violentos? Mais pobre? Mais desorganizado?
O muro cinza foi construído pelo I.A.E, tem mais de 200 metros de comprimento e 3 de altura, divide a rua dos Mutirantes do espaço Adventista.
Dentro do I.A.E. meus livros são lidos, mas hoje eu não posso entrar, só queria um daqueles bancos, com uma sombra para poder ler um pouco. O lugar parece a Europa, tem casas rústicas, ruas pequenas, bancos confortáveis em volta de árvores, parece o paraíso e tudo isso ao lado da minha casa.
Os moradores que não estudam no lugar, para levar seus filhos para brincar no pequeno espaço para crianças, pediam para o segurança, que às vezes deixava, depois cercaram o playgraund e proibiram a entrada.
Continuamos querendo entrar no paraíso e na portaria dizíamos que íamos a biblioteca, hoje essa desculpa não serve, pois eles falam que fecharam a biblioteca, para visitas.
Uma das mais modernas academias de ginástica está lá dentro,mas não para a senhora que tem problema de circulação.
A orquestra completa que eles tem, já pegou verbas, mas nunca se apresentou do outro lado do muro.
No muro cinza tem uma placa triste da prefeitura, nela está escrito que é proibido jogar lixo e entulho, informa o número do decreto para quem não sabe ler, para quem só passa pelo muro cinza.
Cachorro morto, resto de feira, móveis usados demais, todo tipo de lixo beira o muro, como se fosse uma vingança da população, de vez em quando um morador põe fogo em tudo e ficam manchas negras no muro cinza.
Alguém tenta pixar o muro, deixar uma assinatura, homens cinzas chegam e batem no pixador.
Logo após o muro começa a Cohab Adventista, as 3 casa seguintes ao muro também são cinzas, talvez seja uma tendência.
Uma senhora cata latinhas na extensão do muro, pisa num cachorro morto e apodrecido, esbraveja, que não agüenta mais aquela vida, quer ir para o céu logo, mal ela sabe que ele está do outro lado daquele muro cinza.
1DASUL FESTA NA QUEBRADA
Pessoal da Kriespaço, loja do bairro que fez toda a parte de vidros e instalação.
South e eu posando na frente do desenho - Heróis da periferia.
10 anos de batalha, na aba de ninguém.
Fábio, eu e Paco colando o poster da foto de uma festa na Sabim, a idéia é o palco ter as pessoas da quebrada como atração principal.
espaço para livros, docs, e muita literatura marginal.
Fábio passando roupas, tudo quase pronto para inaugurar.
as luzes que serão usadas nos lançamentos de livros e pocket shows que vamos programar para esse ano.
pessoal da Kriespaço, loja da quebrada que vende materiaos, eles fizeram as vitrines.
Paco, do Galpão de imagem, cortando as adesivos que vão ser iluminados para abrigar os livros da perifa.
Montadores da Italínea, toda a mão de obra da loja é da quebrada, e olha como eles trabalham tristes...
Vanessa, gerente da loja 2 - Santo Amaro.
Cada detalhe pensando para fazer a perifa ter a melhor loja no próprio bairro.
Nossa arma é o trabalho.
em breve vamos por as fotos da festa, com participações ilustres, que vieram prestigiar a marca da periferia.