Blog do escritor Ferréz

São Caos e pinóquio Kassab

impressionante a omissão do estado, enquanto Kassab diz que as obras estão fazendo efeito, deve ser esse o efeito esperado, centenas de moradores morando no barro, desabrigados, sem sequer um R.G. depois de uma chuva, todos os jornais noticiam o trânsito, as enchentes nas marginais, as perdas, mas não se aprofundam numa matéria nas periferias, onde quem paga o pouco que tem com carnê, agora não tem mais nada.

Itapecerica vive um caos, os bairros desde o extremo sul ao extremo leste se afogam em lama, e a notícia é o trânsito.

de uma olhada nessa matéria, e veja o que realmente está acontecendo em São Paulo

Unidas as causas do Jd. Brejinho, Jd. Toca, Cocaia I, XIX e XX, a população pretende se ajudar mutuamente e obter respostas e reparações a todas as comunidades da região da Capela do Socorro.

Por Rodrigo Andrade (Passa Palavra)

A população do Grajaú, extremo da zona sul de São Paulo, passa por momentos difíceis. Não bastassem as ameaças de remoção e a criminalização em vários bairros, por parte da Prefeitura e do Governo Estadual, agora os alagamentos se tornaram freqüentes.

lucelia1E foi contra esta situação que se levantou a comunidade do Jd. Lucélia. Situada próxima a um córrego recém urbanizado, após remoção de famílias no Jd. Toca, a comunidade já havia sido tomada pela água no dia 9 de janeiro deste ano e o foi novamente no dia 19, no início da noite. Nas duas vezes a população tentou acionar bombeiros e defesa civil. Sem sucesso! Tiveram de contar somente com a ajuda de quem não teve a casa destruída. A água, desta vez, atingiu dois metros de altura em alguns lugares, destruindo casas e pequenos comércios da população. Assim como as comunidades XIX e XX, que, inclusive, foram duramente reprimidas durante manifestações ocorridas na mesma noite do dia 19, quando a Tropa de Choque chegou a ocupar a favela atirando bombas e disparando balas de borracha contra a população, sem observar a presença de crianças e idosos no ato, tirados de suas casas pela enchente. Nesta segunda vez a população do Jd. Lucélia não conteve a revolta e bloqueou a Avenida Dona Belmira Marin, com barricadas feitas com os móveis destruídos pelas enchentes. A PM foi acionada e houve confronto, sendo que a 1h da manhã a Tropa de Choque chegou ao local e dispersou a manifestação.

“Os bombeiros só vieram pra apagar o fogo nas barricadas!” - disse Elaine, 21 anos, moradora da comunidade desde que nasceu. Elaine diz, também, que “Nunca houve enchente aqui! Começou depois da obra de urbanização do Córrego no Jd. Toca!” Outros moradores disseram, também, que o córrego foi estreitado após as obras, tendo hoje aproximadamente 4 metros de largura o que antes tinha cerca de 10 metros.

Pela manhã, já no dia 20, a comunidade se organizou e bloqueou novamente a Avenida Dona Belmira Marin, esperando alguma atitude da Subprefeitura da Capela do Socorro. No entanto, o máximo que conseguem, dizem, são promessas de receber cestas básicas ou colchões, mas que precisam ser retirados na Subprefeitura pelos próprios moradores.

Pra completar o desastre, a Sabesp iniciou obra na estação de tratamento Alto da Boa Vista, o que deixou a região do Grajaú, entre outras, sem água até sexta-feira. Além da perda de móveis, roupas, eletrodomésticos e mantimentos, a população ainda sofre sem água para beber ou limpar o lodo das casas.

Acordos Vazios

lucelia8Na meio do dia, moradores da comunidade foram até a Subprefeitura da Capela do Socorro, na esperança de conversar com o Subprefeito Valdir Ferreira e obter ações e respostas sobre a situação da comunidade. A princípio a guarda municipal tentou impedir a entrada da população na Subprefeitura, que encontrou-se ali com moradores das favelas XIX e XX, também arrasadas por inúmeras enchentes sem solução ou causa aparentes. Após a entrada na subprefeitura, novamente a população recebeu a notícia de que o Subprefeito não estava. Atendidos pelo Chefe de Gabinete, a população apresentou suas necessidades e reivindicações, todas rechaçadas pelos representantes da Subprefeitura, que alegam falta de estrutura para atender a todas as comunidades atingidas. O máximo que conseguiram foi o compromisso, verbal, de limpeza e desassoreamento dos córregos para evitar novas enchentes. Voltando pra casa e observando que nem as mínimas promessas seriam cumpridas, a população se preparou para mais uma manifestação, a terceira em menos de 24 horas.

Nova Manifestação

Sem resposta sequer sobre a retirada do entulho gerado pela enchente, por volta das 18h, a população iniciou nova manifestação bloqueando a Avenida Dona Belmira Marin. Os móveis destruídos formaram barricadas, desta vez fechando vários pontos da avenida e acessos no entorno. Com o horário de pico, logo o congestionamento atingia quilômetros.

A polícia chegou ao local e foi hostilizada com pedras e gritos de “chega de mentiras!” e “queremos solução!”. A Força Tática da PM chegou ao local e disparou balas de borracha contra os manifestantes, sob apoio do helicóptero águia. Após um princípio turbulento, as coisas estabilizaram e começaram os diálogos entre polícia e moradores. O Capitão da PM Marcondes foi o responsável pelas negociações. Foram vistos vários lucelia3Policiais sem as tarjas de identificação. A exigência da PM era a liberação da avenida, que os moradores condicionavam à criação de algum canal de comunicação com o poder público ou ação real da prefeitura sobre a situação da população atingida. Sem chegar a qualquer acordo, a PM se preparou pra reprimir a manifestação e uma parte dos manifestantes, vendo que não teria mais alternativas, tomou um ônibus e o incendiou, utilizando-o também como barricada. Um grupamento da PM, vindo do lado oposto ao que se encontrava a formação já estabelecida, iniciou uma ação de dispersão contra os manifestantes próximos ao ônibus. Houve princípio de confronto, mas sem grandes desdobramentos.

A situação foi se estabilizando e por volta das 21h, com a chegada do corpo de bombeiros, foi acordado o fim da manifestação e a liberação da avenida sem hostilizações, nem por parte de manifestantes, nem por parte da PM.

Ações

Apesar do desfecho sem novidades para a população, a comunidade Jd. Lucélia promete organizar-se e exigir do poder público, a devida atitude sobre as enchentes na região. Unidas as causas do Jd. Brejinho, Jd. Toca, Cocaia I, XIX e XX, a população pretende se ajudar mutuamente e obter respostas e reparações a todas as comunidades da região da Capela do Socorro.

Fotos Rodrigo Andrade

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1DASUL no centro de São Paulo

Salve, a 1DASUL abriu sua nova loja na Galeria 24 de Maio.
o endereço é Rua 24 de maio, 63 loja 40 fone: 3222-8387 (antiga Porte Ilegal)
além dos 75 artigos que a 1dasul produz, tem também a marca Firme e Forte e a loja é especializada em literatura Marginal, contendo grandes livros ideológicos.
Lá você é atendido pelo Davi. O acervo de livros, abrange de Preto Ghóez, Alessandro Buzo, Casulo, Érica Peçanha, Sérgio Vaz, e outros títulos independentes que saem no pais, até livros de arte e fotografia.
Já na galeria Borba Gato em Santo Amaro, está a loja 2, que fica na Av. Adolfo pinheiro, 384 loja 31 - fone 5524-7444, a loja tem os artigos da marca, e também livros e cd´s de rap.
Quem te atende lá é a Vanessa.
No Capão, está nossa loja mais antiga, a 1dasul Matriz, Avenida Comendador Sant´anna, 138 Capão Redondo. fone 5870-7409. especializada em artigos de hip-hop, também tem dvd´s e cd´s de rap, além de vinis e livros.
No Capão o Fábio(Cebola) e a Elaine atendem a rapa.

A marca foi criada em 1999, e é produzida dentro da periferia, patrocina quermesses, festas comunitárias, shows de hip-hop, além de oficinas e palestras literárias, também ajuda a manter projetos sociais na Zona Sul de São Paulo.
www.1dasul.com.br logo mais teremos um novo site, aguardem.



Selo Povo chega no México

Salve
Cronista de um um tempo ruim, lançado pelo Selo Povo chega na cidade rebelde de Oaxaca, espaço coletivo dedicado a editoras independentes... a Selo Povo já tá no México.

A outra foto mostra o livro na livraria La Jícara (www.lajicara.org), também no México.

Mais uma novidade é a matéria de Alejandro Reyes no Jornal A Tarde, você confere logo depois das fotos, vamos vamos que daqui a pouco chega mais um lançamento "Amazônia em Chamas" de Cernov.


Jornal A Tarde, 9 de janeiro de 2010

Ferréz: Cronista da periferia

por Alejandro Reyes

Há poucos dias houve um evento inusitado: o lançamento de um livro de escritor periférico, primeira publicação de uma nova editora independente periférica, para um público majoritariamente periférico. Trata-se do livro Cronista de um tempo ruim, do escritor, rapper e ativista Ferréz, do Capão Redondo, periferia da Zona Sul de São Paulo. A editora é o Selo Povo, o mais recente projeto do movimento de “literatura marginal” paulista, cujo objetivo é tornar acessível o que sempre foi inacessível para os excluídos: a palavra escrita. O livro vende por R$5,00 e tem distribuição nas favelas e periferias do país.

Cronista de um tempo ruim contém textos publicados na revista Caros Amigos, Folha de S. Paulo, Le Monde Diplomatique Brasil, revista Trip e Relatório da ONU. São crônicas que não apenas descrevem, comentam e tornam visível a vivência cotidiana nas periferias do Brasil, mas estendem-se em reflexões sobre o país e o mundo, a partir do olhar de quem está por fora dos discursos hegemônicos.

“No início foi o grito”, escreve John Holloway em Como mudar o mundo sem tomar o poder. “Defrontados com a mutilação das vidas humanas pelo capitalismo, um grito de tristeza, um grito de horror, um grito de raiva, um grito de recusa: Não.” Na escrita periférica (marginal, popular ou como se lhe queira chamar) o grito está sempre na origem: a necessidade de narrar, de tornar visível a dor e a indignação.

Na crônica “Realidade que Machuca”, Ferréz começa com um diálogo fictício, muito duro, sobre o aborto. Depois o autor explica: “Eu estava bolando o texto há várias semanas, ia ter várias frases que machucam, mas a realidade foi pior outra vez”. Então ele passa a narrar o caso real do assassínio de vários moradores de rua a pauladas. Se por um lado o autor se esforça por construir o texto com elementos capazes de tirar o leitor da sua confortável distância, permanece a angústia de não conseguir exprimir os horrores, muito mais cruentos, do cotidiano.

O grito pode tomar muitas formas. Uma delas é a violência aparentemente gratuita que provém não apenas da pobreza, mas, sobretudo, da humilhação cotidiana; a do crime; a dos jovens que preferem morrer cedo com arma na mão e ter os produtos de consumo que supostamente conferem dignidade e respeito. O grito pode até significar a revolta armada, quando todas as alternativas parecem fechadas. “Nada explica a falta de um grupo guerrilheiro que vá para o Senado e exploda tudo, nada explica a cabeça baixa, a humilhação diária aceita por todos”, escreve Ferréz em “Voltei e Estou Armado”. Mas, para os escritores periféricos, a literatura é uma tentativa de transformar o grito em algo inteligível, por um lado, e em opção pacífica para o que, visto da perspectiva das populações periféricas, é uma guerra sem trégua. Trocar os fuzis pela palavra, fazer arma da palavra, “ser condenado por porte ilegal de inteligência”: é esse o desafio explícito na escrita de Ferréz.

Nas crônicas em Cronista de um tempo ruim, o autor fala de uma ampla variedade de temas que, lidos em conjunto, dão um panorama global da vida nas periferias e favelas. O desemprego, os valores de consumo, o papel da mídia, o fundamentalismo religioso, as políticas paternalistas governamentais, o tráfico, a violência, a corrupção e o abuso policial.

A corrupção, a repressão e a impunidade policial é um dos temas centrais do livro. Em uma conversa informal com Ferréz e outros parceiros na loja 1dasul (marca de modas da favela, projeto de autonomia vinculada ao movimento de literatura marginal), no Capão Redondo, todos eles contaram histórias escabrosas de abuso policial. Ser pobre (e negro) é um crime, que se castiga fora dos parâmetros do sistema jurídico, com a extorsão, a violência ou o assassínio impune. “A única coisa que representa o governo por aqui é a polícia”... o Estado, como provedor de direitos numa democracia liberal, está ausente nas favelas e periferias, fazendo-se apenas presente na forma da repressão.

É no contexto desta violência, além da violência econômica e social, que Ferréz interpreta a temática, por exemplo, do crime organizado. A política de mão dura, diz ele, não soluciona nada: “A facção [SPCC] é forte, tem muitos homens, tem muitas armas, tem gente de todas as classes e uma coisa que o estado não tem. Eles não têm medo de perder, porque não têm o que perder.”

Para além do conteúdo, a escrita de Ferréz é singular pela própria linguagem. É a periferia se apropriando da língua erudita, transformando-a, virando-a pelo avesso, inserindo nela a oralidade popular e a poesia do rap, como no caso de “Certezas pelo ralo”. É a língua como veículo para a compreensão de realidades díspares, mediação numa guerra de desigualdade, convite ao diálogo, mas, também, interpelação ao leitor e exigência de pensarmos, todos, na responsabilidade coletiva em um sistema em que “ninguém é inocente”.

Afinal, se tivéssemos que resumir a proposta do livro, talvez seria na forma de uma interrogação: “Caixinhas, todos somos separados em caixinhas, mas a pergunta é: quem embala tudo isso?”

Cronista de um tempo ruim / Ferréz / Selo Povo / 128 p. / 5 reais

Doações Haiti

Menos discurso e mais prática, vamos logo ao que interessa, abaixo estão as contas para doação, se vc não tem condição, tumultua sua empresa, se for multinacional ainda, ai que ela tem que ajudar mesmo, o Haiti foi colônia, não esqueçamos que os países ricos são assim, porque pegaram de outros que agora estão em calamidade, para quem não tem nem água, claro que todos podemos ajudar.
Veja o número das contas abertas para doar recursos para o Haiti:

Embaixada do Haiti no Brasil Banco: Banco do BrasilAgência: 1606-3Conta Corrente: 91000-7CNPJ: 04170237/0001-71

Comitê Internacional da Cruz VermelhaBanco: HSBCAgência: 1276Conta Corrente: 14526-84CNPJ: 04359688/0001-51

ONG Viva RioBanco: Banco do BrasilAgência: 1769-8Conta Corrente: 5113-6CNPJ: 00343941/0001-28

Care Internacional BrasilBanco: ABN Amro RealAgência: 0373Conta corrente: 5756365-0CNPJ: 04180646/0001-59
veja o pouco que o Brasil deu até agora, é uma vergonha, com donos milionários de refinaria, com tanto lucro que os bancos e os empresários tiveram ano passado, dá para ajudar bem mais, mas também vamos participar, o seu pouco lá é muito.

O maior montante foi depositado na conta criada para a Embaixada do Haiti no Brasil. Segundo o Banco do Brasil, onde a conta foi criada, foram recebidos R$ 149 mil até o momento.
Segundo o BB, os recursos desta conta serão administrados diretamente pela Embaixada do Haiti no país, que decidirá como serão usados.
Já a ONG Care Brasil registrou uma doação de R$ 100 mil por uma empresa que não foi divulgada. A entidade, que atua em todo o mundo, também possui uma conta específica para depósitos com o objetivo de ajudar os afetados pelo terremoto.
A ONG Viva Rio, que atua com projetos sociais no país desde 2004, também abriu ontem uma conta para a ajuda, e até a tarde de hoje recebeu R$ 38 mil.
A CICV (Comitê Internacional da Cruz Vermelha), por sua vez, recebeu R$ 27 mil até as 14h de hoje através da conta bancária que abriu para o mesmo fim.
temos que lembrar que foi um terremoto de 7 graus de magnitude que segundo cálculos da Cruz Vermelha, entre 45 mil e 50 mil pessoas mortas e mais de 3 milhões desabrigadas.
faça sua parte, e vamos formar essa corrente positiva.
Ferréz

Depois eu que sou louco

Depois eu que sou louco

Acordo as nove, um sol que dá irritação nas vistas, em vez de carro, vou de buzão.
Destino, matriz do DVD, precisa pegar a matriz.
Chego à Paulista às 11h30min, isso é que dá pegar o ônibus Paraíso.
Foi foda, lotado. Em cada ponto um fiscal, pra fiscalizar o que? A qualidade do serviço? Contar as pessoas para ver se está excedendo? Que nada, para empurrar e fiscalizar se a porta ta fechada, que se dane se sufocam, desde que não caiam.
Amanheceu novamente, dessa vez não tenho crédito no cartão magnético, o Kassab mudou as regras, tem que cadastrar, não pode isso, não pode aqui.
Peço a um amigo pra me levar, agora vou mandar prensar, tem dois anos que to fazendo esse documentário, que fala um monte de coisa, da minha carreira, dos meus corres na quebrada, da criação da marca, mas o objetivo é um só, mostrar que é possível dar certo vindo de Nazaré... quer dizer do Capão.
E o mais louco que foi como ter escrito meu primeiro livro, todo mundo foi saindo fora, ficou eu e minha vontade de ter um bagulho que contasse um pouco da minha caminhada.
Transito da porra, no caminho as frases dos pixadores pixam minha mente, “você é um escravo do trânsito” quente, é quente mesmo.
Mais pra frente, um desenho de um carroceiro, e escrito “ “não buzina, sou um agente ambientalista”.
Chego à produtora, depois de vários faróis fechados, guardas encarando, motoqueiros fechando, caminhões buzinando, e meu parceiro chiando da lonjura do lugar.
Não tem lugar para estacionar, ele vai ter que dar uma volta enquanto eu levo o DVD.
Entrego, entro no carro e saiu, mais trânsito, lembro do Alexandre de Maio que fez a capa e me ajuda, anda a pé também num corre da porra, vamos parar no Extra da marginal Tietê pra tomar um café, meu parceiro quer Mcdonalds, eu falo que é lixo, que é melhor um café e um pão de queijo, ele reluta, mas no final estamos comendo pão de queijo.
Entro no mercado, preciso de ração pro meu cachorro, a minha ração ainda tem, to andando e acho uns DVDs, ele leva um do Steve Wonder, acabei de sair da fonográfica, fica 3,00 reais pra prensar um, o do Steve tava 38,00, a pirataria é crime?
Bom, vou pagar, pego a fila pra compras abaixo de 20 itens, começo a andar no extenso corredor que me mostra doces, revistas em quadrinhos, revistas de moda, revistas para crianças e o que vejo? Um imenso spot da playboy com várias revistas da mulher melancia, nua, de lado só com duas estrelinhas no peito, ao lado uma revista da hello kit.
Na minha frente tem uma mãe, um menino de mais ou menos três anos olha a imagem, encara, não tira os olhos.
Atrás de mim uma menina olha também, me irrito, vou pro caixa, chamo o gerente, ele chega, eu falo que se ele não acha falta de ética uma revista com uma mulher pelada na capa ficar ao lado da hello kit e dos quadrinhos da Mônica e entre salgadinhos da Elma chips e doces, ele concorda, mas diz que a playboy comprou o espaço, eu digo que se é assim, eles tem que escolher um público ou a família ou a playbpoy, afinal mercado é lugar de família ou não é? e porque também não põe a Brasileirinhas, as chinesas taradas e todo tipo de pornô, ele concorda, pergunta se posso escrever numa ficha de reclamação, eu digo que sim, escrevo, ele diz que acha horrível, mas ninguém reclama.
Eu saiu, passo por uma lotérica, acho que to ficando louco, uma fila imensa para se comprar uma porra de jogo, ta acumulado, ta acumulado é o que todos comentam.
Eu grito. – vocês tão vacilando, ninguém ganha em São Paulo, sempre é uma cidade do interior, com 1.000 habitantes, vocês tão sendo enganados.
Um cara me encara, dá o dobro de mim, eu resolvo sair.
To chegando em casa, blitz, a policia revista todo mundo, mão no saco, mão no peito, mão na bunda, pergunta e restrição de caminhos.
Estou ficando louco?
Ligo a TV, gripe h1n1, gripe a gripe do porco, num sei qual é qual, mais gente morta, mais médicos reclamando, mais políticos mentindo, mais máscaras na TV, mais audiência, mais terceiro mundo, mais apresentadora loira.
E quando vou desligar vejo dois jogadores chorando, vão ganhar milhões e sair do Brasil, estão chorando por isso? tenho dó deles... mas eu sou louco.
Ferréz é considerado perturbado e está em regime semi fechado de vida periférica.
o semi aberto é concedido a ele em caso de leitura de manuscritos como Fante, Hesse e recentimente Invisíveis de Grant Morrisson.