Blog do escritor Ferréz

Voltei e estou armado

Estou armado, talvez seja preso por porte ilegal de inteligência, e passe a vida inteira em prisão aberta, pagando uma grande pena e vendo um país ir pro buraco.
Minha pena seria notar a empresária que gasta vários salários mínimos com seu lindo cachorro, mas quando a diarista quer subir 10 reais na faxina, reclama, fala da situação do pais, que se ela não quiser ficar, vai ter fila pra substituir.
Talvez eu tenha que fazer comparação, como pensar que no Egito acharam indícios que pra construir as pirâmides, os construtores ganhavam cerveja como pagamento, o que mudou vendo os trabalhadores lotando os bares depois que chegam do serviço?
Bispa esconde dinheiro dentro da bíblia mas pro fiel cego e louco por alguma salvação tudo passa batido e é explicado, ela é inocente, quem acusa é o diabo.
Carnaval tem como tema a cultura portuguesa, os descendentes de índios se vestem para homenagear o seu algoz.
Vivo correndo esse risco, e me torno testemunha do sofrimento alheio, nada explica a falta de um grupo guerrilheiro que vai para o senado e explode tudo, nada explica a cabeça baixa, a humilhação diária aceita por todos, a espera pela copa do mundo, o novo capítulo da ilusão televisiva.
Sou candidato a escrever o futuro manual prático para libertação, a solução é criar célula terrorista e estudar o porque, mesmo depois de tanto tapa na cara, o povo está risonho e otimista.
Não? Sou radical? Então quando ver o jornal com um P.M. estraçalhando criança na favela, muda de canal e procura algo que fala de ioga e budismo, procura a sua paz espiritual, enquanto o menino continua tentando entender o que fala a professora, não sabendo que no senado aprovam projeto para que ele seja preso ainda no berço.
A solução é todos estudarmos química, aprender a fazer bomba e mostrar o nosso verdadeiro lado homicida?
Talvez não, mas até quando a submissão?
Ninguém mais vai lutar só pelo feijão na panela, o opressor vai pagar bem mais do que só os dólares para sair do cativeiro.
E o mais da hora é que não vão poder nos acusar, nenhum “pobre” pode disseminar o ódio, nenhum “pobre” pode estimular a matança, porque não somos nós que promovemos a desigualdade, não somos nós que negamos o básico, não somos nós que juntamos dinheiro que nem em cem vidas gastaria.
Não vem com conversa fiada, com suas frases de efeito “somos todos iguais”, “desse lado e do outro do mapa”, ninguém é igual com diferente sofrimento. Ninguém permanece igual depois de tanto desgosto, de ter filho furado e jogado no poço, de ver sua mãe se acabar na pinga, de ver o padrasto tentando penetrar o menino de sete anos.
Volta pro mundinho de ficção, tentar ser outro alguém pra não enxergar, que o país perdeu a direção, que o único homem que já acreditamos nos deu uma palavra durante seu mandato. Traição.
Temos que ser duros com os bandidos, fala o presidente, mas gastar em excesso no cartão corporativo pode.
Num país que, infelizmente, o pedinte não entende a constituição, oportunista faz filme pornô e ganha programa diário pra criança.
A favela do Brasil só interessa se tiver algum preto jogado no chão baleado, pro gringo olhar e falar como somos parecidos com nossos antepassados da África.
O bagulho ta mó zona mesmo, e os abutres de terno e gravata estão isolados nas suas torres de marfim.
Mas ainda tem coisas que me divertem, saber que alguns nunca vão saber se o prestador de serviço é quem ele diz ser, nem se a empregada nova tem filho preso ou neto psicopata, esse é o preço de estar do outro lado da guerra, vão andar como cegos, num estranho pais de uma cultura homicida.
A apologia é feita no caixote que serve de armário no barraco, no pedido do filho por mais um pão e o saco sem nada, pela humilhação na fila da igreja, pela esmola da cesta básica.
Só o que escrevemos é nocivo pros porcos ricos, que dizem não saber o porquê de tudo isso, enquanto na bolsa de valores milhares de vidas são determinadas com jogadas especulativas.
A sessão de cartas foi apelativa, todo mundo contra o pretenso contista, que ousa ser escritor e dar opinião contra o artista global, que ousa pensar em época próxima ao carnaval, que ousa questionar a propriedade e defender marginal.
Num país que abriga garotos de recados como Reinaldo Azevedo, especialistas em defender a elite como Alba Zaluar, e o diretor de redação da Época e juiz nas horas vagas, Hélio Gurovitz.
O que é mais louco é que não deixei de comer um dia por causa do “folhetim”, não deixei de abraçar um parceiro em nenhuma viela, e pelo contrário, do lado de cá recebi parabéns até a mão cansar, porque desse lado do muro, os caras sabem como a realidade está.
Vou escrever para ficar registrado, fala pro seu filho que não vai entender meu livro andando de blindado, que não vai captar o estilo do rap estando na mansão enclausurado.
Sem esperar mais nada do que conseguir uma goma, depois do sonho realizado agora é mais ideologia, sonhar em ver em chamas o Projac.
A paz está morta faz tempo, a pomba foi estraçalhada já faz algumas décadas, no céu não se vê mais os desenhos das nuvens e sim os jatos levando os anjos decaídos que controlam esse país submisso.
Avisa a corja, estou de volta e armado.

Dedicado a Marina Amaral e Thiago Domenici

Ferréz

9MM (começo das gravações e renovação)

Salve

Entregamos os roteiros, e começou semana passada as gravações da Série 9MM, as locações estão acontecendo em vários lugares, entre eles, Pacaembú, Perdizes, e depois posto aqui as quebradas onde será as filmagens.
eu renovei meu contrato, junto com o Diego Junqueira e o Marc Bechar, que infelizmente ficará somente essa semana no Brasil, e fará muita falta.
Nessa madrugada de segunda-feira estou terminando a revisão do episódio 9 e amanhã cedo envio para Marc que fará outra revisão, pretendemos fazer isso até pelo menos o 11.(revisar falas, cenas) já a partir da outra semana serão, eu, Diego e Newton trampando na linha de frente do seriado, e talvez por teleconferência com Marc de Los Angeles.
0 que posso garantir é que o seriado ficou bem contundente, e vem com muita seriedade, outra novidade é o Tico (1dasul) que já tava hoje gravando sua participação como ator, ele já participou de filmes como Carandirú, e Carandirú.doc, mas esse papel é o seu maior até agora.
é tudo nosso, Ferréz

Os atoresdo seriado, junto com Marc e eu, na produtora.

Rap do Zezinho (Ferréz)

Salve, fiz o rap do Zezinho a alguns meses para a Casa do Zezinho, veja ai a escrita para iluminar o coração das nossas periféricas crianças, depois posto a canção completa, já com base e voz. Casa do Zezinho

É o Parque santo Antônio menino!
Aqui fica a Casa do Zezinho
Vem esse lugar existe
Aqui ninguém é triste

Esforço pra ter sucesso
Trabalho e estudo é o preço
aprendendo com a Tia Dag
desde o começo

Quando sair pique cidadão
Da favela pro mundo
Com orgulho de montão

Deixa eu sonhar, deixa eu brincar
Sou criança e quero viajar
Mereço respeito, uma chance de viver
Na Casa do Zezinho eu tudo posso ser

Digno, trabalhador
Dando o que me deram, amor
No fim do arco íris achei
Algo que sempre imaginei

Minha vida colorida assim
Baixa estima se acaba aqui
Meu futuro encontrei no conhecimento
Agora sou o que sonhei, nesse momento

No compasso da cultura
Um sorriso
Eu sou, eu posso,
eu existo

Deixa eu sonhar, deixa eu brincar
Sou criança e quero viajar
Mereço respeito, uma chance de viver
Na Casa do Zezinho eu tudo posso ser

Casa do Zezinho deixa eu entrar
Só ai meus dias vão melhorar
Nesse mundo, frio, febem, solidão
Cada um de nós uma frustração

Abandonados pelo sistema, pela família
Mas aqui o arco íris sempre brilha
Depois que entrei nunca mais fui triste
Venha conosco esse lugar existe

Aqui o amor em todos os cantos
arte educadores e os santos
Toda criança é uma alma iluminada
e no final caminham com as fadas

Deixa eu sonhar, deixa eu brincar
Sou criança e quero viajar
Mereço respeito, uma chance de viver
Na Casa do Zezinho eu tudo posso ser

Ferréz

Chuva de livro na Cooperifa.


CONFORME A METEREOLOGIA QUARTA-FEIRA VAI FAZER TEMPO BOM NA ZONA SULDE SÃO PAULO, MAS...
A COOPERIFA VAI FAZER CHOVER LIVROS NA PERIFERIA DE SÃO PAULO !
Amanhã (quarta-feira) a Cooperifa vai dar 300 livros de presentes para osfrequentadores e poetas do sarau,
mais DVDs, kits 1DASUL e documentários + surpresas, tudo isso só para comemorar o aniversário de sete anos deatividades poéticas na periferia de São Paulo.
ANIVERSÁRIO DO SARAU DA COOPERIFADia 22 de outubro 20hs30Lançamento do livro "Denorô" de Paulo KauimExposição de pintura "Revestrés" de CarolzinhaPoetas da CooperifaBar do Zé BatidãoRua Bartolomeu dos Santos, 797 Chácara SantanaPeriferia -SPinfs. 72074748
Apoio: Organização Poiesis e Global Editora

Ferréz na 32a. Mostra internacional de cinema.

Salve, ontem estive na reserva cultural de cinema assistindo a primeira exibição do filme Palavra Encantada de Marcio Debellian e Helena Solberg.
O filme traz Chico Buarque, Lenini, Maria Bethânia, Tom Zé, Martinho da Vila, Adriana Calcanhoto entre outros.
A minha participação no filme foi gravada a mais de um ano atraz no bar do Nildo, ao lado da barraca do Saldanha, onde gravamos o Interferência pra cultura.
No filme também mostra o show do TR3f na godoy, e ainda uma música do meu cd solo.
quem quizer conferir é só acompanhar a programação da 32a. mostra internacional de cinema.
O filme ficou chapado, e é uma honra poder dividir a telona com gente que fez tanta música e literatura de qualidade. Ferréz
Público saindo da exibição, e as urnas para votar nos melhores filmes.

Marcio Debellian, Helena Solberg, David Meyer e eu vestido com as armas de Jorge.

Cartaz do filme, que traz a mistura da literatura com a música, e depoimentos raríssimos desde a tropicália, passando pela bossa nova até os dias atuais.

Show Guacurí.

Salve, rolou ontem o show do Guacurí, promovido pela G.R. FAVELA Guacurí, entramos no palco depois da 1 da manhã, logo após o show do Negredo, no meio do show do TR3f colou o Eduardo(Facção Central) e também o Moisés e André do A 286, além do Daniel Sancy (Detentos do Rap). esse show com certeza foi inesquecível pois o público ficou de boca aberta de ver todo mundo junto no palco, a banca da 1dasul, rap e literatura para a população do Guacurí.Mano Tico que deixou esse legado deve tá contente lá de cima, no final do show dei uma idéia sobre leitura e sobre o futuro das nossas crianças, se não tiverem o conhecimento ao lado o tempo todo.
DJ Odair e DJ Alê pilotando os taca discos.

No camarim, a chance de trocar idéais e conhecer o público que cola na festa. parabéns G.R. Guacurí, foi uma noite sem palavras, é o que faz agente continuar na caminhada.

Até a próxima quebrada.




Caderno do Professor.

Salve,
Já faz umas três semanas que minha casa está sendo invadida por cartas de várias escolas, de São Paulo, e muitas do interior.
Meninas que dizem estar lendo sobre meu trabalho, meninos que falam que querem ser escritores, e entre as mais emocionantes, uma menina que diz que está confusa e com raiva porque ninguém acredita nela como artista, ela tem 11 anos, cê acredita? muito legal e revigorante poder ler essas palavras, e o pior é que não para de chegar, todo dia tem carta nova, os e-mails então, são uns 20 por dia.
Fui comentar isso com o Alê que toca a biblioteca, e ele disse que lá também tá chegando correspondência pra mim todo dia.
As cartas mais legais falam dos projetos que os alunos estão fazendo, entre eles rampas para os amiguinhos especiais, formação de gurpos de leiuturas e até reforma da escola, tudo depois de ter lido um texto meu, sobre a biblioteca Êxodus.
fiquei procurando e uma professora me mandou o que causou tudo isso, o texto que fiz sobre o projeto que faço com o Negredo foi inserido no ensino fudamental, naquelas famosas cartilhas do professor.
No caso uma cartilha do governo, da 6a série.
ai vai o texto abaixo, será que desperta algo mágico? talvez não, talvez seja só um pouquinho de esperança nesse mar de mediocridade.
boa leitura criançada e obrigado . Ferréz
Biblioteca êxodos.

Bom, foi nas andanças em várias quebradas que cruzei a primeira vez com ele.
Andava sempre arrumado, camisa com botões, sempre aberta, um boné estilo Baiseball e uma corrente banhada com um pingente de Jesus.
A identificação foi imediata, curtia rap mas tinha vontade de aprender com a literatura, convidei para ir em casa, e me surpreendi quando no outro dia ele tava lá.
O apelido Nego Dú, era um resumo do seu nome Eduardo, conversamos por algumas horas, e ele ficou de voltar, na época revirou todos meus livros para pegar um emprestado.
Depois disso foi constante sua presença, chegava já falando em comida, minha mãe fazia o prato e quando eu não tava, era a mesma coisa, não sei explicar, mas minha mãe adorava ele.
Nego Dú era presença confirmada em todos os meus lançamentos, sempre tava com livros nas mãos, fazia parte de um grupo de rap chamado Realismo Frontal que mais tarde adotaria o nome de Negredo.
Com o Nego Dú eu gravei um especial pra a Record na laje de uma casa, que era um ponto de venda de drogas, casa essa mais tarde que de tanto agente encher o saco os caras largaram.
Foi aí que o Brown e o Negredo se apropriaram da casa e começara a pensar em fazer uma rádio.
O tempo foi passando, as coisas mudando, e o projeto da rádio não saia, foi quando eu dei a idéia de fazer uma biblioteca no lugar, convenci um a um, e o mais difícil foi o Brown, mas ele e o pessoal acabaram aceitando.
Juntamos alguns trocados e sempre compramos os materiais, o Brown chegava sempre com vontade de comprar caixas de som, de comprar discos, e eu pensando nos livros, e assim se passaram cinco anos, até que a casa estivesse pronta.
Pra manter a ordem das nossas idéias, separamos dois ambientes, um pra livro e outro pra som, o Dj Ale junto com o Dj Odair sempre tava lá montando as pickup’s e fazendo um som, e eu pensava: - como isso vai ser uma biblioteca com um barulho desses?
O Brown contratou um marceneiro que fez as estantes, e eu organizei os livros, entre um trampo e outro, muita conversa, quem ganhava era todos nós com tanto ponto de vista diferente.
Graças ao Arnaldo estava tudo pintado e só faltava bolar a inauguração, quando a laje começou a vazar, cada chuva vazava mais, até que ficou lastimável a situação.
O que seria o certo? Derrubar tudo e fazer de novo, e ainda tinha outro problema, um mano tava requisitando que era dono da laje da casa, e queria mudar pra lá de todo jeito, mas no debate ele perdeu, afinal nós somos fortes na comunidade, e estávamos lutando não por algo pessoal, mas por algo que envolve toda comunidade, mesmo assim, com o consenso de que ele precisava de uma casa, alguns manos juntaram uma grana e compraram um barraco pra ele.
Enquanto tudo isso acontecia para que a biblioteca ficasse pronta, num dia fatídico saiu um tiroteio na rua, e dois caras discutindo chegaram a trocar tiro e acertaram uma criança de 4 anos, e vocês não tem idéia do que ter um peso desses na mente, afinal se a biblioteca tivesse funcionando talvez esse pequeno estaria vivo.
E começamos a reconstrução da biblioteca, chegaram com agente a Sophia Bisiliat e a sua mãe Maureen que trouxeram várias idéias entre elas a de se fazer um Dvd, com a festa que o Negredo organizava todo ano na mesma rua da biblioteca, e a renda desse dvd seria para terminar a obra.
Começamos a projetar o Dvd, juntamos várias artistas de hip-hop e no meio do caminha também nos decepcionamos com vários manos que de projeto social tem nojo até do nome, mas nem tudo é ruim, outros manos somaram mil graus, como o Gog, o Realidade Cruel, Záfrica, Detentos do Rap, RDG, Muralha sul, Colt 44, Rosana Bronx, Consciência humana, Otraversão, e Detentos do Rap. E a festa aconteceu com a presença de 8.000 pessoas.
O Dvd foi realizado, chama-se 100% favela, além do show tem um documentário comigo, o Brown e o Negredo, além dos caras no estúdio. O Dvd Foi um sucesso pela qualidade e pelo trabalho de juntar tanta gente boa do rap, os que não quiseram se envolver hoje ficam se lamentando.
A renda do Dvd é destinada ao projeto, mas uma má fé na distribuição acabou nos deixando na mão, e pouca coisa sobrando para a biblioteca, enquanto isso o tempo ia passando.
Só com os recursos nossos tava difícil terminar, e chegou uma parceria que aos poucos foi somando que é o Marcelo Loureiro da Hucka.
Ele começou a trazer um engenheiro, que redesenhou o projeto, e começou a nova obra.
Um corre danado e o Arnaldo (Negredo) tava de linha de frente na reconstrução de tudo.
Um dia chego lá todo animado e o Arnaldo ta com uma marreta de 3 quilos derrubando as paredes, quando vi tudo destruído quase chorei, mas depois de alguns meses vi que tava valendo a pena recomeçar.
Pelo terreno ser úmido e a casa mal desenhada, era necessário refazer, e até intervir em casas próximas já que a favela é muito desorganizada.
Bom, finalmente terminou a obra, enquanto estava construindo recebemos escritores importantes entre eles, Paulo Lins (Cidade de Deus), Buzo (O trem), Arnaldo Antunes, Lourenço Mutarelli.
Levar tanto tempo valeu a pena, porque vimos um ponto de droga virar um ponto de cultura, e naturalmente quem usava drogas nas vielas foram saindo e deram espaço para um novo público o da leitura.
Hoje depois da inauguração, da pra ver que valeu muito a pena, o segundo andar da biblioteca chama Nego Dú e vive lotado de criança, chamando agente de tio pra cá de tio pra lá.
Agente ta tendo que aprender a lidar com elas, pois não esperávamos esse público, pensamos em jovens e adultos. E foi uma surpresa como tem sido todos os dias, cada coisa que elas falam, a cada ato que fazem, quem aprende muito mais somos nós.
O Gel que é um grafiteiro daqui, juntou mais 20 nomes do grafite e pintou todas as vielas próximas a biblioteca, e não é difícil você trombar com palavras como Sabedoria, e Conhecimento entre um beco e outro.
É pouco, sei disso, comparado com as mil bibliotecas que o governo prometeu no começo do mandado, mas essa única biblioteca na favela é de todos nós e ao contrário das mil do governo, essa é real.

Ferréz.

Esse textos é dedicado ao Nego Dú, mano tão raro, que nunca mais vi nenhum andar tanto para pegar comigo um livro do Fernando Pessoa.
Hoje meu amigo os livros estão na sua comunidade.
Como algumas pessoas estão perguntando, o DVD 100% favela está a avenda tanto na loja da 1dasul Capão, como em Santo Amaro na galeria borba gato, também na loja do Negredo e na galeria 24 de maio em qualquer loja de Hip-Hop, e só pra constar estamos terminando de editar o número 2 com vários grupos de quebrada.
Ferréz

Tr3F no Guacurí.

Salve, show do Tr3f (Ferréz, Maurício DTS e DJ Odair) no Guacurí dia 19 (Domingo), em comemoração ao dia das crianças.
Vai ser o show novo da banda, que está fazendo o lançamento do disco "De sofrimento basta meu passado" e também prepara o DVD 100% favela 2.
quem já conhece a festa sabe que o bagulho é muito louco.
O show também vai ser em memória ao nosso parceiro Tico, que agente nunca vai esquecer que fez uma puta caminhada pelo movimento.
é isso ai, nos vemos la.

Semana Literatura Independente

SEMANA TEMÁTICA: LITERATURA INDEPENDENTE
Centro Cultural da Juventude Vila Nova Cachoeirinha Zona Norte
Atividades gratuitas


Exposição: Manifestações literárias independentes e marginais
De 12 a 25/10 - das 10h às 20 (terça a sábado) e das 10h às 18h (domingo) Biblioteca
Com textos, revistas e livros de autores ligados a movimentos literários independentes ou marginais.

Debate: Independência, Marginalidade ou Resistência? Estratégias de publicação e circulação
Dia 11, sábado - das 16h às 17h30 Biblioteca 80 vagasCom:
Allan da Rosa – escritor, educador, radialista, cineasta comunitário e organizador do selo independente Edições Toró, voltado para a publicação da literatura periférica e financiado pelo VAI - Valorização de Iniciativas Culturais da Prefeitura de São Paulo.
Eduardo Lacerda – poeta e produtor cultural, também é editor do jornal de literatura O Casulo (financiado pelo VAI), membro do coletivo de jovens escritores Vacamarela e um dos organizadores da FLAP! Festa Literária Alternativa.
Esmeralda Ribeiro – jornalista, escritora e presidente da Quilombhoje Literatura, ONG responsável pela publicação dos Cadernos Negros: coletânea que há 30 anos divulga a produção literária afrobrasileira.

Debate: Literatura e WEB: os meios de publicação em tempos digitais
Dia 11, sábado - das 18h às 19h30 Biblioteca 80 vagas
Com:
Branco Leone – escritor, editor e criador da editora virtual Os Viralata, especializada na divulgação do trabalho de escritores independentes.
Clarah Averbuck – escritora que iniciou sua carreira literária publicando em blog, é autora dos livros Vida de Gato, Das Coisas Esquecidas Atrás da Estante, Máquina de Pinball, entre outros.
Olivia Maia – escritora e blogueira, é autora dos livros Desumano e Operação P-2.

Palestra: Literatura marginal no Brasil
Dia 12, domingo - das 15h às 16h30 Biblioteca 80 vagas
Palestra sobre diferentes movimentos e expressões literárias marginais no Brasil com a professora titular da Escola de Comunicação da UFRJ, ensaísta, crítica literária, pesquisadora e editora Heloísa Buarque de Hollanda.

Café Cultural com Ferréz
Dia 12, domingo - às 17h Biblioteca 50 vagas. Inscrições na recepção. Grátis.
O Projeto Café Cultural promove encontros mensais para troca de informações sobre diversas temáticas. Para o mês de outubro convidamos Ferréz, escritor, roteirista e cronista da Revista Caros amigos. É apresentador do quadro de entrevista Interferência no Programa Manos e Minas da TV Cultura e publicou diversos livros, entre eles Capão Pecado e Manual Prático do Ódio. Nos seus escritos, reivindica voz própria e dignidade para os habitantes das periferias das grandes cidades brasileiras.

Workshop: Literatura periférica e criação literária
Dia 14, terça-feira - às 14h 25 vagas
Com Alessandro Buzo, escritor com cinco livros lançados, arte-educador, agente cultural e apresentador do quadro Buzão - Circular Periférico no programa Manos & Minas da TV Cultura.

Workshop: Comunicação, informação e literatura no mundo dos blogs
Dia 15, quarta-feira - às 17h Biblioteca 12 vagas
Qual o papel dos sites e blogs na divulgação da informação e da literatura? Como montar um blog? Essas e outras questões serão respondidas neste workshop ministrado por Ana Carolina Lementy, jornalista, blogueira e gerente júnior de uma agência de comunicação corporativa.

Diálogos com Marcelino Freire
Dia 17, sexta-feira, às 18h30 Biblioteca 50 vagas. Inscrições na recepção. Grátis.
O projeto Diálogos promove encontros mensais com personalidades dispostas a compartilhar suas experiências com público jovem. Em outubro o convidado é o escritor Marcelino Freire. Com uma literatura forte e intrometida, ele foge dos padrões literários. Autor de livros como: eraOdito, Contos Negreiros e Rasif. Organizou Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século e a série Paralelepípedos.

Apresentação musical: Alice Ruiz e Alzira E.
Dia 17, sexta-feira - às 20h30 Anfiteatro
Encerrando a Semana Temática de Literatura Independente, a poeta e compositora Alice Ruiz e a cantora, compositora e instrumentista Alzira E. irão fazer uma apresentação que mistura música e poesia.

Sarau Verbos Curtos
Dia 24, sexta-feira – às 19h Espaço Sarau
Apresentação performática poético-musical, criada por Bebeto Cicas e Maicknuclear, baseada no antigo sarau Viola na Vela, surgido e realizado no Cicas (Centro Independente de Cultura Alternativa e Social). A dupla traz também alguns convidados para este encontro de literatura marginal independente. Após o sarau, os alunos da oficina de DJ demonstrarão um pouco do que aprenderam com o mestre Xdee.
Faça você mesmo
Dia 25, sábado – às 14h Espaço Sarau
Oficina com o coletivo Sinfonia de Cães que conta com o apoio do VAI (Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais). Durante o encontro, serão analisadas as diferentes formas, sociais e culturais, de ação independente.
Inscrições na recepção ou pelo e-mail oficinas@sinfoniadecaes.org
Centro Cultural da Juventude
Avenida Deputado Emilio Carlos, 3641
Próximo ao Terminal de Ônibus Cachoeirinha
Tel.: 3984-2466
http://centrodajuventude.prefeitura.sp.gov.br

Como chegar:
Largo do Paissandu / Centro
9563 Pedra Branca (35 min)
9501 Terminal Cachoeirinha (30 min)
Táxi Executivo Pedra Branca (20 min)

Metrô Barra Funda
117Y Cohab Jd. Antártica (20 min)
978l Terminal V. N. Cachoeirinha (30 min)

Pinheiros / Teodoro Sampaio
117x Cohab Jd. Antártica (40 min)

De carro
Marginal Tietê / Ponte da Freguesia do Ó / Av. Inajar de Souza / Av. Deputado Emílio Carlos


Programa interferência

Salve, gravamos as ultimas entrevistas do ano, na Barraca do Saldanha domingo passado.
O programa Interferência, na minha figura de apresentador, na do Ricardo Sêco de Diretor e de Liga Garcia de produtora, agradecemos a todos os entrevistados que vieram até aqui no Capão Redondo para somar com um dos únicos programas de cultura que realmente fala de cultura.
Também agradecemos ao público que nos prestigiou mesmo nos nossos 3,5 minutos, sabendo que veriam um programa curto, mas de qualidade.
A Produção do Manos e Minas e a TV cultura, também fica nosso agradecimento por acreditar que fariamos algo diferente e a altura da programação dessa emissora.
O agredecimento também se estende por nunca terem proibido nenhuma fala e nem sensurado nenhum entrevistado, isso é que é democracia.
No no que vem, agente se vê, com muita fúria, ideologia, e principalmente uma grande tentativa de trazer temas que nunca são comentados dentro da TV.
Toda Quarta-Feira as 19:30 na TV Cultura você curte Manos e Minas com Rappin Hood, e quinzenalmente você assiste Interferência.

Enquanto isso, curta as fotos dos nossos convidados, e também acesse o site do programa http://www.interferencia.art.br/ que traz todas as entrevistas e também os extras, fotos e muito mais, além de você poder sugerir o próximos entrevistados.
firme e forte, interferência 2009 vem ai.
abraços Ferréz.Eduardo (Cantor e compositor do Facção Central)Aqui a platéia é o povo da quebrada, a nova geração tá atenta.

Glauco Matoso, mandou uma puta entrevista, além de recitar seus sonetos.Cazé Peçanha, falou do trampo no site Gafanhoto e da nova fase da MTV.

Sobre políticos e Porcos

Vote bem ou vote mal, agente é obrigado a votar, e só isso já é uma puta sacanagem, sair da sua casa para "exercer a cidadania".
Mas vamos ao fato, passar nos buracos, nos péssimos asfaltos, pelos postos de saúde abandonados, pelas calçadas que obrigam o cadeirante a viver confinado em casa, pegar um ônibus destruído, com um motorista cansado e preocupado com o horário da próxima viagem, descer numa escola, muitas vezes paralela a um córrego cheio de lixo, ver dois policiais despreparados na porta, segurando suas armas, olhando pra população como inimigos, para depois entrar numa escola abandonada pela educação de qualidade, entrar numa sala amarela, chegar na urna e pagar o mico de pensar que está mudando algo nesse país. Políticos são vampiros que saem dos seus castelos de 4 em 4 anos.
Na época da campanha vale tudo, colar em festas na favela, partidas de futebol de várzea, quermesses, aniversários de lider comunitário, lançamento de livro, shows de rap, agora no dia-a-dia da quebrada, estamos sozinhos fazendo algumas mudanças (e num é que eu demorei mas acabei notando isso), que em época de eleição eles tentam achar agente, nós os escritores, rappers, pintores, poetas, tidos como os representantes do povo.
Isso é muito simples de explicar, nenhum deles tem mais contato com o povo, nenhum deles está mais próximo da massa, isso ficou pra gente, os mediadores de conflito.
É triste, ver uma evolução tão lenta, da ponte pra cá, você ve que é tudo a passo de formiguinha, que os meninos vão crescendo sem um caminho a seguir, a não ser reproduzir o mesmo caminho dos pais, uma vida tão limitada que não dá tempo de ser vivida de fato.
Domingo é dia de alimentar os porcos, de dar seus votos.
Domingo é dia do mano perder o trampo, o bico que vinha fazendo segurando a bandeira no meio da esquina, dia de tirar o adesivo do carro, voltar pro anonimato, dia de tirar o baner da casa, de jogar o resto do panfleto no lixo, de tirar a camisa do candidato que o alimentou naqueles meses, domingo é dia de ver quem vai continuar roubando, ganhando por mais 4 anos, enquanto a periferia volta pra estaca zero.
Na verdade eles pegam muito boi, porque o certo era agente estimular o enforcamento de vários nas árvores em volta da Assembléia Legislativa, ou mesmo no viaduto próximo a Câmara dos vereadores.
E qual a saida? agente começar a entrar nisso e mostrar a cara? se cadidatar? nessa armadilha nunca cai, só que já acreditei e alguns que se diziam "nossos" mas eu aprendo com os erros rapidamente, e quem leu a "Revolução do Bichos" sabe o que falo.
Rapaz, tem vários que estão lá dizendo que são "povo", mas nenhum está com o terno cheio de poeira da periferia, nenhum está com a sola do pé vermelha da terra que agente vê na quebrada, nenhum deles volta pra abraçar agente no final da coroação, porque agente é povão.
E tem mais, um deles veio na 1dasul, comprou uma camisa e um boné e agora em todo lugar que vai diz que é um dos meus, meus? vermes assim, nunca foi um dos meus.
Pior foi o outro que pegou alguns panfletos da loja, sem o meu consentimento e distribuiu num de seus encontros, isso é que é desespero para se filiar ao povo.
Nem a 1dasul, nem eu ou qualquer parceiro do nosso movimento, tem coligação com esses porcos, até porque desde o início agente levava as roupas nas costas, em sacos plásticos dentro do buzão, e não em carros com placa preta.
meu voto eu dou pra minha mãe, pra meu pai, pra meus amigos da escrita e do rap, pro meu povo que tem andando meio desacreditado. vou dar meu voto a qualquer menino na rua, no farol, dentro da caçamba de lixo, mas uma coisa é certa, não voto em pilantra, porque prometi não votar mais nem nos menos safados.
Ferréz, a um passo de ir pegar um bom livro pra ocupar o tempo, e tirar a raiva da cabeça.
Buk, to chegando ai rapaz, me espera.