Blog do escritor Ferréz

Texto Especial e inédito para o Blog Literatura Periférica

Salve manos e manas de bom coração,
fiz um trampo novo e até agora inédito, com todo carinho, quem quiser ler pode digitar www.literaturaperiferica.blogspot.com que é o blog dirigido pelo parceiro Buzo, lá o texto já está disponível.
vamos lá, prestigiem também os outros talentos do gueto, e aproveita e veja também as novidades do poeta Sérgio vaz no: www.colecionadordepedras.blogspot.com e vamos que vamos.

Ferréz 1dasul/lado zona show do mapa.

Metrópole de Aço (publicado na Folha de S. Paulo)

Metrópole de Aço

Mesmo que eu nunca tenha usufruído da suas posses, mesmo que você não tenha dado direitos iguais há seus filhos, mesmo assim, feliz aniversário.
Mãe, eu não te culpo, faltou eu ter a maldade necessária para vencer, mas faz mó cara que eu não escrevo, acho que com todo seu poder, você entende, pois no final, toda rua de São Paulo quando não é contra mão é sem saída, pelo menos para nós que além do poder público ficamos a mercê do poder paralelo.
Sou o menino que passa carregando a carroça ao lado de um carro importado, mais caro que toda minha vida de salário, e estou indo para a esquina onde os rostos manchados por uma vida dura fazem bifurcação.
Sou o menino que assopra a fumaça do baseado como as fábricas fazem durante todo dia, e também sou seus funcionários lá dentro trancados que na maior parte do tempo são mudos e surdos.
Corro pelo trânsito caótico, de quem num tem tempo para abaixar o vidro e nem perceber que ainda estou vivo, desço a ladeira da indignação para chegar num bairro alagado, mas a culpa é nossa mesma, na hora do voto não fazemos o saneamento básico. Sou a idosa que vive de pegar lata vazia pra sustentar os dois netos.
Como nunca fui aposentado, fico a maior parte do dia imaginando o que é viver como o salário de um deputado, também imagino uma bomba que explode e chega a causar efeito no prato vazio de um pai sentado no lixão olhando o filho que nunca ri.
Você sabe que tem filho seu que dorme ao relento, mas mesmo assim o terminal de ônibus diz a todo momento para não dar esmolas, então vamos distribuir pistolas.
Pobre gente que na terra da garoa tenta ver algum sentido na vida.
Passo com minha caixinha de chiclete na rua de um ladrão de gravata que ora e de policial mal remunerado que chora, quando vê que seu igual é um trabalhador sem expressão e sem futuro.
Vejo o concreto, e perante as famílias sem o básico na avenida de tantos fins de semanas trágicos, eu sou apenas mais um rapaz comum.
Na metrópole de aço, colecionador de pedras é o que todos nós somos.
Sou a mãe que reclama da falta de emprego e quando percebe que o filho sem rumo só tem a rua como recurso eu entro, ligo o televisor e viajo na novela
Sou o evangélico com o bolso vazio e muita fé, que olha os imensos cartazes dos bancos e pensa no diabo.
Continuo a caminhar, vendo as guerreiras se prostituírem bem perto da avenida Oscar do luxo, onde a elite branca brinca de Nova York, perante o carro blindado que fica sempre estacionado na zona sul.
Me enfio por onde começa a rua do desespero, no alto de pinheiros, onde um mendigo morreu pra não incomodar mais o dono da mansão.
Sou o alcoólatra que antes morava na rua sem nome e no barraco sem número, expulso pelo verdadeiro proprietário, dono de algum condomínio fechado, que da penitenciária só tem uma diferença, os moradores pensam estar livres.
Mãe, você oferece tanta coisa que sei que não e pra mim, então porque você mente assim mãe?
A senhora sempre cozinhou, na mesa farta, queijos, vinhos, pães, e porque mãe só alguns podem entrar nessa casa? Não adianta ser a capital da fartura se essa fartura é pra uma minoria.
Mãe você adivinhou meu destino, não tem nenhum inocente aqui, mas me diga porque quando você me escreve, só me manda impostos? Seu coração não atende mais nem as emergências, não tem médicos que me curem a dor da solidão que seus prédios autos me causam.
Mãe, você é costureira e continua a fazer a colcha de retalhos, tentando mesmo que seja em vão juntar todos nós num mesmo lugar para depois chamar de lar.
São Paulo se tornou um lugar para os duros de coração, para os outros quem sair por ultimo feche a escotilha.
Mãe, num vou mentir, você ilude as pessoas de bom coração, dizendo que tem oportunidades na sua casa, mas todos sabemos que o preço é auto, quantos eu já vi tirando 6 anos num cadeião, ou mendigando por não achar emprego? Você mata os meninos e envelhece as meninas além de esconder o que te incomoda, como os cemitérios, as prisões, os doentes mentais Acho que você faz isso comigo também mãe, você me isola, porque não pode me dar o que prometeu.
Quando você me mostrava pras tias, elas me apertavam, me beliscavam, me mordiam, porque machucamos as coisas que admiramos?
Na hora que preciso eu não tenho o mesmo tratamento que meus primos, quando ouve aquele desabamento eles ficaram em hotéis, porque eu tenho que ficar com os outros num pátio de colégio?
Isolado aqui na minha aldeia, talvez eu nem seja um filho legítimo, afinal só sei que meu pai é baiano, talvez eu seja somente um bastardo, mas mesmo assim, feliz aniversário.
Do seu filho, Periferia.

Salve Menino Mal

é quente,
amanhã sabadão, eu vou dar uma caminhada logo pela manhã, uma grande caminhada, mas quando tiver olhando em volta, o verde da estrada de Itapecerica, eu vou estar sabendo que é o dia do aniversário do nosso escritor do abraçado ao rancor.
isso mesmo, amanhã, sábado dia 27 João Antônio faz 70 anos.
quem puder, ore, quem quizer beba, quem não acredita viva, porque um dos três ele faria.

tamu junto João, 70 anos de muitas letras.

Ferréz

perda no rap






Salve, hoje me chegou a notícia através do meu parceiro Sérgio Glasberg, que o Produtor Disco D faleceu.
produtor do 50 cent, e também do grupo brasileiro Braza, o talento do menino era nato, através do Sérgio agente tava numa conversa sobre um trabalho musical, não deu tempo nessa vida, mas agente se tromba em outra.
fica ai a nossa singela homenagem a um grande músico, e dono de um grande sorriso.
apenas 25 anos, mas com certeza foram 25 bem vividos.

Salve Disco D.

Ferréz/família 1dasul/rap brasil/hip-hop sp.

Ferréz na Folha

Salve Parceiros.
é quente, dia 25 é o aniversário de Sampa, e nada melhor que dar um texto contundente para seus moradores mais ilustres, os periféricos.
então dia 25 sai na Folha de S. Paulo um texto inédito meu, sobre a cidade do pecado, o nome do texto é "Metrópole de Aço", quem puder conferir, depois posta aqui o que achou, quem deixar passar batido, depois de uns dias eu publico aqui no blog.
é isso ai, expressando o que pensamos sempre, em qualquer trincheira, afinal a guerra tá definida.
Feliz aniversário São Paulo, se conseguir assoprar as velas.
Ferréz



Acabo de ler mais um livro sobre Canudos, dessa vez um Silva que nem eu, o José Erenilson da Silva que nesse romance história narra a aventura épica de Antônio Conselheiro.

O sonho que vira pesadelo, que o Brasil insiste em esconder está em grandes livros, um deles é Os Sertões de Euclides da Cunha, que tem uma importância história fudida, mas na moral é muito preconceituoso, aqui vai um trecho:

Canudos era o homizio de famigerados facínoras. Em dilatado raio do povoado, talavam-se fazendas, saqueavam-se lugarejos, conquistavam-se cidades. Os desordeiros volvima cheios de despojos para o arraial, onde ninguém lhes tomava ocnta dos desmandos.

outro trecho é pior ainda:

Faces murchas de velhas - esgrouviados viragos em cuja boca de ser um pecado mortal a prece: grenhas maltradas de crioulas retintas, cbelos corredios e duros, de cabolcas, trunfa escandalosas de africanas.

e me desculpem mas dá nojo continuar, o relato feito pelo almofadinha Euclides pro vezes juga Antônio Conselheiro e seu povo, que na verdade era as vítimas.

Os Bravos de Belo Monte morreram matando, não se renderam nem se renderiam jamais. Defendia um idela, um sonho de liberdade. olhe as fotos, veja você mesmo, pesquise o assunto e verá uma grande aliança da elite, da igreja e dos governantes para exterminar qualquer tentativa de algo novo, será que alguma coisa mudou?

os guerreiros de Belo Monte queriam um pedaço de chão, um pedaço de paraiso, algo que pudessem olhar e ter orgulho, em vez disso ganharam a guerra.

que o Brasil que continua negando sua verdadeira história, um dia pessa perdão por massacrar tanta gente inocente.

na Gazeta de notícias, Machado de Assis escrevia:

Protesto contra a perseguição que se está fazendo a gente de Antonio conselheiro. em que consiste a doutrina desse homem? deve exercer uma fascinação muito grande. trato de conselheirismo e por causa dle é que protesto e torno a protestar. precisamos conhecer as feições do Conselheiro, essa celebridade cujo nome faz baixar os nossos fundos em Nova york e em Londeres. Caso destruam Canudos e dizimem seus habitantes, que nos ficará depois da vitória da lei?

depois de alguns dias desse texto, a cabeça de Conselheiro foi levada pelos soldados.

história é foda, dá revolta, mas também nos abre os olhos.

Ferréz

Novidades na Biblioteca Ferréz (Osasco)




Biblioteca

Ferréz



















Essas fotos foram tiradas por Rosi Ribeiro, na Biblioteca Ferréz em Osasco.
lá trabalham além dela, a Daniela e a Zilda que cuida da educação e dos trabalhos escolares, além dos 2 computadores serem usados para pesquisas o acesso é livre.
também tem leitura diária dos jornais e reforço escolar.
e com sempre tem uma exposição rolando, a utlima que vi foi do grafiteiro Fhero.
quem quiser vizitar a biblioteca Ferréz, além de ter acesso a tudo isso, vai viajar no lugar que é todo feito para agente, é só colar na Rua Ciro dos Anjos, 80
Vila Osasco - Osasco.
fones: 3698-5601/3698-5727

e ainda lembrando que em breve vamos inaugurar a Biblioteca Nego Dú, (que vai ficar na minha responsa) e o estúdio êxodus (que vai ficar na responsa do mano Brown), tudo isso no projeto Periferia Ativa, na Sabim, rua Godoy.
e ai, qual a desculpa pra não ler agora heim?

abraços
Ferréz

hoje a Cooperifa pega fogo

Salve rapa, hoje mesmo, hoje a cooperifa pega fogo.
essa quarta feira vai ser quente, quente, muito quente.
presenças confirmadas, Sidney (campeão de jitsu), Marcelino Freire, Negredo, eu também e além de todos os talentos da Cooperifa ainda vai rolar um show do Gog.
putz grila é muita coisa pruma quarta feira.
só na perifa mesmo, quem puder colar, já é. quem não puder eu sinto muito, mas vou curtir muito por todos.
agente se vê na quebra.
Ferréz

Eita Porra, o sarau vai explodir na quarta.

Salve,
é isso memo nêgo, na quarta o sarau vai pegar fogo, tô voltando agora da biblioteca da periferia ativa, que tá sendo pintada pra inauguração (calma eu aviso aqui quando for a data) e o comentário é um só.
show do Gog no Sarau da Cooperifa.
e tem mais, confirmaram presença (pelo menos pra mim) Marcelino Freire, Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Coelho, Robson Canto, Pezão e vem até gringo, to negociando com o Gorki e com o Bukowski e tá quase fechado.
Vai perder? vai ficar no BBB? azar o seu, eu vou tar lá, e uma pá de mano e mina de bom coração também, vamos fazer da perifa uma só voz, de indignação e de esperança, quem viver verá, quem não, rezará.
Ferréz

Salve Rapa
agora é sem volta.
A coletânia 1dasul já foi pra prensa, êta coisa difícil é fazer o disco, finalizar, ligar pra todo mundo, estúdio, letra, ave maria, quem já passou por isso sabe.
mas finalmente a criança vai nascer, é questão de 20 dias agora.
independente, sem porra de atrasa lado nenhum, porque já finalizei vários trampos, mas na hora agente entrega pro zotro, então fica tudo assim, agente num recebe, (tem distribuidora me devendo uma quantia tão irrisória que dá vergonha) mas é assim mesmo, agora num tem desculpa é tudo nosso.
vamos ver, só tem que tomar cuidado, porque se der certo....ah! ai eles nunca mais vai ver nada nosso, temos que tomar o rumo da nossa história.

em breve, mais um capítulo dessa luta estará em nosso dia a dia.
Ferréz
Tenho acompanhado os textos de Ferréz diariamente em seu blog, e a cada um que leio sei que aumenta mas a responsabilidade de quem escreve, e aumenta a auto-estima de quem lê.
Se já não bastasse tudo isso, também é impossível degustar suas palavras, sem que a alma saia ferida ou incomodada.
Suas lâminas são mais afiadas do que parecem.
Não recomendo sua literatura aos desavisados, os cortes são profundos.
Ao lê-lo, sempre, lembro do fime "Edward mãos de tesoura, é isso.
O resto é perfumaria, o resto é miudeza de armarinho.
firme na luta e no respeito,
Sérgio Vaz

Faleceu um dos melhores

Até mais Leo Gilson Ribeiro, a literatura fica mais pobre com certeza.
Faleceu na tarde do dia 11 de janeiro, aos 77 anos, o jornalista e crítico literário e teatral Leo Gilson Ribeiro, editor da seção Janelas Abertas de Caros Amigos. Tendo sido alto executivo da Olivetti, Leo Gilson, nos anos 1960 optou por ser crítico literário na imprensa, tendo passado pelo Jornal da Tarde, muito influente na época, e pelas revistas Realidade e Veja. Era doutor em literatura pelas universidades de Hamburgo e Heidelberg e amigo pessoal do escritor Guimarães Rosa e da poeta Hilda Hilst; com toda essa bagagem, tornou-se um dos críticos literários mais influentes e mais respeitados do país. Foi premiado com o Jabuti em 1968 e com o Esso (de reportagem) em 1969.

Durante toda a sua vida Leo Gilson foi um batalhador pela cultura das letras no Brasil. Atacava ferinamente as traduções malfeitas, as edições improvisadas – procurava impor o respeito ao leitor. Combateu incansavelmente a incultura nacional, procurando difundir a boa literatura por todos os meios a seu alcance. Profundo conhecedor da literatura universal, não se conformava com o fato de os brasileiros não terem maior consideração pela sua própria leitura; achava, por exemplo, perfeitamente cabível que o poeta Carlos Drummond de Andrade fosse considerado como sendo de estatura mundial e merecedor do Nobel. Além dos muitos ensaios publicados, escreveu livros de crítica literária entre os quais se destacam “Cronistas do Absurdo” (ed. José Álvaro, 1964) e “O Continente Submerso” (Editora Best-Seller,1988). No teatro escreveu a peça “Balada de Manhattan” que recebeu o Prêmio Governador do Estado em 1971 e traduziu textos de Tennessee Williams e Steven Berkoff.

Politicamente, Leo Gilson era acima de tudo um defensor da liberdade, e se opôs, por exemplo, ao regime soviético, por sua censura aos escritores, e, ao regime cubano, além disso, pela homofobia de seus dirigentes principais. Mas também compartilhava dos sofrimentos da grande maioria da população brasileira e mundial, e, levado por sua conversão ao budismo, lutava também incansavelmente pela melhoria das condições de vida dos povos, pela paz e pela solidariedade internacional.
a Caros Amigos perde um grande jornalista e os amigos perdem um grande amigo, até mais parceiro.
Ferréz


O sepultamento se dará amanhã, dia 12, após velório, no Mausoléu dos Jornalistas, no Cemitério São Paulo, em horário ainda a ser estabelecido. As informações sobre os horários, do velório e do sepultamento, serão dadas pelos telefones (11) 3819 0130 (Revista Caros Amigos) e (11) 3032 5986 (Cemitério São Paulo).

Vida em manutenção (texto inédito)

Vida em manutenção.

Um dia desses fui junto com um amigo no bom prato, projeto tão lembrado durante a campanha política. Cada um faz seu paternalismo de um jeito.
Lá a realidade é só uma, saquinho de farinha no bolso pra misturar com a comida, gente que chega as 10 da manhã com medo de perder a fila. Um senhor logo começa a falar comigo. – Fio, porque eles num faz janta também? Porque eles num dá um café da manhã?
Eu balanço a cabeça e finjo não saber a resposta enquanto não tiro os olhos daquele senhor, que na pele mostra o tanto que já sofreu.
E não é só isso, e o que será que eles comem no sábado e domingo? Então antes de sair eu pergunto, ele reponde com uma palavra. - Pão.
Por um momento penso que a sobremesa do bom prato bem que podia ser um livro.
Paro a viagem, vou pegar a real sobremesa, uma mexerica, que estava com uma casca difícil de tirar, fui saindo de boa e trombei outro amigo e logo perguntei.
- mas você num ta trabalhando?
- to sim, naquela loja ali na frente.
- e porque come aqui?
- você sabe né, economizar os tickets pra mistura e pra feira.
- e você?
- bom, eu sou escritor, num preciso falar mais nada né?
Dou um abraço no amigo e saio pensando na cena que vi ontem, os camelôs apanhando no centro da cidade, sempre a mesma coisa, vai chegando fim de ano o bicho pega, lembro do chefe das subprefeituras falando que aquilo não era vendedor ambulante, que eles só vendem coisas contrabandeadas, boa conversa, discurso de quem nunca passou uma dificuldade é sempre comovente.
Ele é daqueles que nunca pagou pra tirar a carta de motorista, nunca tenha dado um qualquer pra um policial evitar a multa, nunca prejudicou alguém no escritório, nunca falou mal de alguém e fez uma conversa virar problema, nunca tenha ficado calado quando soube de um esquema maior. Não ele não. Ele é o onipresente nesse momento, o senhor da verdade absoluta, assim como vários homens entupidos de retórica.
A vida aqui fora é outra, se você não a vive, não sabe do que se trata.
Dizem que sou revoltado, quando falo em algumas questões ficam abalados, mas tantos olham e não enxergam.
Senhor, formigueiro humano, compra de natal, eles usam seu nome em vão, constroem templos gigantescos, massacram os mais humildes mentalmente com histórias distorcidas, quem for inocente jogue a primeira cruz na rua.
Tudo virou comércio, seu sonho não é mais ser, é ter, iates, cavalos, gados com chips enquanto crianças perdidas não valem uma casa de abrigo. Sinto muito, mas a modelo sem calcinha é a notícia da semana.
Genival veio me dizer um dia, que não tem espaço para coisas positivas na mídia, eu aprendi com você Genival, vende tanta Caras, vende tanta Tititi, vende tanto porque eles são os ricos que meu povo adora.
O tema se tornou recorrente, favela, violência, seqüestro, roubo.
Mas na propaganda do disque denúncia é só seqüestro, crime contra pobre num conta, num adianta denunciar, agente quer é seqüestrador.
Eu sei que todos falam da guerra, mas se isso é uma guerra, porque não vejo vencedores nem ontem nem agora?
Consumismo desenfreado, pra não ficar chateado toma o meu cartão, compra algo.
Qual o tamanho do seu sonho? Ele tem 2 ou 4 rodas, tem estilo? Ou você tem ou não tem. Ele é azul, metálico? Ele é slim? talvez seja digital, prata? Veloz? Talvez seja leve, fácil de transportar e de teclar, pode ser de esquentar, também pode ser que ele frite coisas, ou só as cozinhe, mantendo assim as proteínas. Talvez você leve ele no pulso.
Talvez você coma ele. Seu sonho dá para enrabar? Talvez você monte nele, seu sonho seria um par de olhos? Belos e fixos dentro da sua alma?
Más notícias pra você, felicidade não vem com nota fiscal.
O problema do Brasil minha pequena Lisístrata é esse. Que trabalho vão me dar? Onde vou me encaixar no mercado? Tem vaga mais pra ninguém não, ta difícil pra você ta difícil pra todo mundo, você tem que ser criativo se quiser comer.
Estou falando do que vejo, um monte de gente que nem você indo pro mesmo caminho, fila pra emprego, trafico, roubo de gravata ou sem, é tudo a mesma coisa, só diminui ou aumenta o grau de humilhação, no final uma coisa sustenta a outra, ou do que viveriam tantos advogados, promotores, delegados, juízes?
Falam em matar, falam em palavras que não fazem curva, mas só atiram em iguais a vocês, somente um motivo, banal, qualquer coisa e bum! Acabam com uma vida, mas nos muros de todo o morro, nomes de políticos, uma esmola sequer, e lá estão vocês envolvidos, não vêem que eles são os reais inimigos? Com seus ternos caros, suas caras de porcos, suas mentes mais sujas que os córregos que nos cercam? Eles são os inimigos, são os mentores por traz de toda essa miséria, toda essa violência, e pior meu filho, quem elege eles é você, é como se alguém te desse a incrível oportunidade de você mesmo se prejudicar.
Vamos fazer um acordo? parar de matar a esperança, distribuir o falso troféu de uma vida curta, alimentando essa cadeia de parasitas, que só vêem agente traficando, que só vêem agente se prostituindo, quando na verdade não tem mais gente honesta do que aqui.
honesta sim, todos como meu amigo Paulo, trabalhador que sonha com seu carro ano após ano, tem muitos. Venha na favela de madrugada e veja quantos ônibus saem lotados pela manhã? Ou vocês vão me falar que é tudo ladrão, ladrão meu querido não enche ônibus.
Mas criminalizar o gueto é necessário, ah! Isso não pode parar, se não o povo vai se revoltar com o que heim? Temos que linchar o pé de chinelo, para o colarinho branco se candidatar de novo.
Temos que começar de novo, reformular tudo, se fala tanto do tráfico, e os barbitúricos, e os tarjas pretas?
Agente só vê o que quer meus amigos, mas ninguém aqui está com a razão, ela já fugiu desse país a muito tempo.
Uma coisa não legitima a outra, mas opressão demais num cheira bem. Num sei muita coisa não, mas tenho certeza que se tem que escorrer tanto sangue por isso, se vamos morrer, que seja por rasgar a constituição, afinal ela só serve pra quem tem dinheiro.
A nossa vida não tem que ser uma filial do Afeganistão, se tiver que ter uma guerra que seja contra quem oprime e não contra outros oprimidos.
Um dia agente vai entender porque não tem ensino, porque é mais barato sermos treinados segurando uma pistola e matando outro periférico.
Caixinhas, todos somos separados em caixinhas, mas a pergunta é. Quem embala tudo isso?
Mudar daqui é mó mamão, mudar a favela é difícil, mas agente tem que tentar, tem que continuar nossa pequena parte nisso tudo, eu fiquei aqui, minha filha vai nascer aqui, eu quero que esse seja o melhor lugar do mundo pra ela e pra todos os que vão continuar aqui, quem é não comenta, essa é a pegada, eu continuo acreditando que a revolução será silenciosa e determinada como ler um livro a luz de velas em plena madrugada.


Ferréz (direto do campo de extermínio)


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Pegou um Axé (Ferréz)

Pegou um axé. (Do livro Ninguém é inocente em São Paulo, Editora Objetiva)

Cheguei cedo naquele encontro.
Minhas mãos estavam suadas.
O nervosismo sempre me acompanhou, desde a época do colégio.
Quem diria que fosse terminar a faculdade tão cedo?
E ninguém acreditava que aquele garoto acanhado fosse entrar no maior jornal do país.
Também as coisas não foram tão trabalhosas.
Uns telefonemas do meu pai e pronto.
Mas saiba que eu estudei pra caralho, viu?
Trabalhou a vida inteira no meio, então nada mais justo que indicar o filhão.
Profissão filho, o caralho, eu ralei, mané.
Eu ralei pra caramba mesmo, uma vez até tive que lavar banheiro num acampamento.
Foi um dia que a empregada se injuriou com a bebedeira da gente.
Bom, só sei que estou quase indo.
Vai ser a maior aventura da minha vida.
Por isso fumei um baseado antes.
Mereço um pouquinho de emoção.
Todo dia ficar naquela redação dá nos nervos.
Tudo isso para pagar a casa na praia.
Pra ser sincero, se tivesse um maconha e uma farinha de vez em quando tava bom.
Mas fui arrumar mulher, e aí já viu, elas sempre querem alguma coisa.
O gasto com cabelo é fichinha perto da nova decoração que ela quer na casa.
As amigas fazem o mesmo com os maridos.
Meu tio me dizia que putas são mais honestas, já cobram logo adiantado.
Isso forma uma rede, onde elas querem, nós damos e ninguém é feliz.
Todas as amantes estão esperando o casamento dos seus pretendentes chegarem ao fim.
Conheci uma mina na facu que ficava molhadinha quando via homem casado.
Devia ter um museu para os vários tipos de mulher nesse mundo.
Bom, acho que é ele.
Preto com roupa larga, só pode ser.
E aí, tudo bem?
Tudo bem, rapaz, demorou um pouco.
É que o relógio da rua é de outro ritmo, tá ligado?
Sei.
Odiava aquele tipo de conversa, mas por uma matéria a gente até conversa com eles.
Começamos a andar, eram tantas gírias que eu estava prestando atenção somente nos finais das frases.
Acho que eles são todos iguais.
No final, se essa reportagem vai ficar muito boa, posso até continuar e desenvolver uma pesquisa.
De repente fazer um livro, afinal esse assunto está na moda. E melhor ainda, aprovar na lei de incentivo e já sair com o livro pago, isso é que é malandragem.
Figura estranha, não pára de falar, também são 500 anos de pobreza.
Falta de dinheiro deve gerar uma deprê neles do caralho.
Por isso eles usam também tanta droga.
Vai ver o pai deles não trabalhou que nem o meu.
Fiquei sabendo que eles ficam só bebendo e jogando bola.
A visão vai ficando pior, quanto mais a gente anda, mais barraco vai aparecendo.
Começo a me arrepender de ter insistido na idéia.
E se isso virar um pesadelo, o que vou fazer?
As ruas são inacreditáveis, buraco por todos os lados.
Bom, qualquer coisa eu digo que ajudo uma ONG.
Isso, posso até pensar em fazer uma ONG, isso dá dinheiro demais.
Posso até dizer que tenho um policial na família.
Não, melhor não, sei que eles têm ódio de polícia.
Esse rapaz não deve ser mau, afinal foi minha tinha que indicou.
Ela tem uma empregada que é vizinha dele.
E no final esse pessoal do hip hop acha que pode mudar as coisas.
Não podem nem pagar a pensão pros filhos e querem mudar alguma coisa.
E esse negócio de sistema, de jogo.
Um dia eles acordam e notam que a coisa é assim mesmo.
Pra uns terem muito, a maioria tem que se fuder sem nada.
Bom, parece que finalmente chegamos.
Bar do Zezinho é o que ele disse.
Começou a me apresentar para a rapaziada.
Firme e forte.
Tô legal e vocês?
Então, o doutor é jornalista.
Sou, sim, mas sou do bem.
Do bem era aquele tal de Tim Lopes, há, há, há.
A risada ficou generalizada, não conseguia achar graça mas comecei a rir.
Sei lá o que passava na cabeça daquela gente, estava quase todo mundo chapado.
Se eu escapasse dessa talvez nunca mais iria para um buraco daquele.
O neguinho que era meu contato pediu para que eu entrasse.
Fomos caminhando para o balcão do bar.
Lá, ele me serviu um refrigerante.
Disse que os outros caras do grupo logo estariam lá.
Fiquei mais aliviado, pelo menos não demoraria mais.
Se eles não tivessem chegado logo eu teria saído fora.
Bandas de rock são tão legais de entrevistar.
E eu pagando mó veneno ali, naquele boteco fedido.
De repente chegaram mais três neguinhos.
Eles falaram os nomes, e seguraram firme na minha mão.
Comecei a entrevista.
As primeiras perguntas foram sobre a profissionalização do rap.
Mas eu queria logo é partir para a violência.
Eles deveriam ter dezenas de histórias desgraçadas.
Eu já tinha as perguntas na ponta da língua.
O que os policiais tanto procuram aqui?
Por que eles agridem vocês?
Eles discriminam vocês pela cor?
Quem comanda o tráfico?
Mas para isso eu tinha que ir devagar.
A Edilene disse que eles são bem sistemáticos.
E eu sabia que ia conseguir que eles abrissem a boca.
Eram meio ingênuos.
E por traz daquela marra toda, só tinha quatro meninos com um sonho.
Ser um grupo de rap famoso.
Foi quando vi aquele menino com um facão nas mãos subindo a escada para o andar de cima do bar.
Pensei em perguntar, mas quando ele já estava no ultimo degrau, disse.
Desse não sobra nada.
Comecei a tremer, mas tentei disfarçar, fiz logo várias perguntas sobre o tal do hip hop e eles foram respondendo.
Confesso que não entendia nada, só via as bocas se mexendo.
Não conseguia parar de pensar.
Era assim que eles eram.
Com certeza havia um cara seqüestrado lá em cima e aquele menino talvez fosse machucá-lo.
O que eu poderia fazer?
Tentei lembrar das propagandas do Disque-Denúncia, o número era muito comprido, não vinha inteiro na minha mente.
E se eu pegasse o meu celular, talvez até me roubassem.
Mas não me deixariam vivo, roubo seguido de morte.
Foi quando um homem se aproximou com uma serrinha de cortar cano e também subiu.
Meu Deus, coitado daquele homem, talvez fosse até um ex-amigo de faculdade.
Talvez o pai da Caru, minha esposa.
Afinal o pai dela era banqueiro.
Os negrinhos continuavam a responder às perguntas, divagando sobre a cultura da periferia.
Eu estava suando frio e quase desmaiei quando vi o homem que havia subido com a serrinha descer já todo sujo de sangue.
Tentei lembrar de algum trecho da música do Racionais que me servisse para argumentar a favor da minha vida, mas tudo sumiu da minha mente.
Eu só escutava essas músicas quando tava na balada.
Por um momento minhas vistas escureceram.
Eu fiz um grande esforço para não desmaiar.
Lembrei do meu cachorro Frank.
Dos meus peixinhos Josef e Ernesto.
Lembrei dos filmes do Woody Allen.
Eu só queria comer uma Pizza-Hut novamente.
Talvez mais uma ida ao Caribe.
O homem que havia subido com a serrinha desceu todo sujo de sangue.
Agora no fundo da minha alma eu sabia que não sairia dali com vida.
Eu ficava ouvindo Korn o dia inteiro e agora não sabia uma frase de rap para salvar minha vida.
Uma vez vi um neguinho na TV, ele era do rap também, mas não lembro o nome dele.
Os meninos do hip hop agora estavam parados à minha frente.
Certamente não entendiam o que estava acontecendo comigo.
Eu sei que estava quase entrando em choque.
Tinha que me acalmar.
Lá de cima vinha muito barulho, vozes misturadas.
Meu Deus, o que estariam fazendo com aquele homem?
Pedi para que cada um falasse um pouquinho da sua vida.
Eles começaram a contar dos primeiros empregos.
Imaginei o homem amarrado, implorando pela vida.
Não lembrava do neguinho que vi na TV, eu não tinha nome nenhum para falar, para me valorizar.
Os neguinhos agora falavam das dificuldades com a família.
Principalmente com o pai que sempre bebia.
Eu não conseguia me concentrar.
Talvez tivessem abrindo ele como se abre um porco.
Uma senhora se aproximou da escada e gritou.
O rim é meu, o Bahia me deve.
Foi nessa hora que minhas pernas fraquejaram.
Sempre pensei que todos merecem uma chance.
Eles mereciam, eu também, aquele homem também.
Porra, justiça social do caralho, tão esquartejando o homem.
Os meninos me seguraram antes de eu cair por completo no chão.
Me arrastaram pra uma cadeira.
Eu pensando nos rins do pobre do Bahia.
O que será que esse tal de Bahia havia feito?
Talvez estupro.
Os meninos do hip hop tentavam me dar água.
Talvez tivesse roubado algum morador, ouvi dizer que eles não perdoam isso.
Eu só conseguia imaginar os rins do homem nas mãos da velha.
Fizeram eu beber um pouco.
Percebi que a água estava com açúcar.
O homem que havia subido com a serrinha e que estava sujo de sangue se aproximou.
Eu fingi não vê-lo, ele perguntou se precisava de ajuda.
Tentei pronunciar alguma palavra, mas nada saía.
Meu pequeno cachorro Frank, como ele gostava de dormir comigo.
Minha querida esposa reclamava, mas eu insistia em dormir com ele.
O último livro que estava lendo.
A prestação do carro novo dela.
Tantas coisas, talvez um filho.
Mas fariam isso comigo antes.
Os malditos iam me picar também.
Me sentia como no filme "O Massacre da Serra Elétrica".
Povo desumano.
Talvez seja por isso que eles viviam sofrendo.
Esses tipos de coisas eles traziam da África.
Lá era legalizada essa porra toda.
Meu pai dizia que eles eram amaldiçoados.
Meus amigos nunca mais me veriam.
Comecei a notar os rostos do meninos do rap de novo.
Estava voltando a mim.
Metade do pessoal do bar começou a subir as escadas, todos passavam por mim apressados.
Seria agora, era a hora que eu imaginava.
Aquela porra de lugar era como nos países onde a pena de morte é legalizada.
Todos queriam ver o homem morrer como se fosse um show.
Eu lembro de ter parado no terceiro Pai-Nosso.
Eu tinha tantos planos, talvez o meu próprio jornal.
Tanto estudo, tantos cursos, para acabar nesse buraco.
Começaram a descer, eu desmaiei de novo quando vi todo aquele sangue nas mãos deles.
Duas horas depois acordei.
Havia uma balança no balcão do bar.
Uma faca cortava a todo momento uma grande peça de carne.
Pessoas saíam da fila com sacos cheios.
Os meninos do hip hop haviam desistido da entrevista, estavam todos ao meu lado.
Era um coisa que a comunidade sempre fazia, me explicaram.
Comprar um boi e dividir as partes.


(Esse conto e mais 17 estão no Livro: Ninguém é inocente em São Paulo, editora Objetiva).

Purque só pruz bacana fí? (texto Inédito)

Purque só pruz bacana fi?

Hoji sou ladrão, artigo um cinco sete...
Carái, de novo essa porra?
Hoji sou ladrão, artigo um cinco sete...
Porra fi, só sabe cantar essa.
Eu sei outra.
Quem ta te chamando na conversa?
Deixa.
Cóu qui é?
U homi na estrada recomeça sua vida...
Carái, essa é muito véia.
Qui nada, então lança uma ai?
Num sô canto.
Mas lança ai fi!
Carái, para cum essa porra de fi.
E você, só com o Caralho na boca?
É mesmo Hugo, só vive lançando Carái.
Ta bom, ta bom, vamu faze o que hoje?
Sei lá, vamu no novo shopi.
Faze o que? Apanha do segurança di novo?
Fi, ele bate em nóis mais não.
Bate não? E os cascudo que tu levou neguim?
Foi de vacilação do Hugo, que caiu pela rampa.
Também, rampa de alejado do caralho.
Mas e ai, vamo faze o que?
Num sei, olhar carro de novo?
Ta foda Marcinho, nóis ta ficando grande já.
Grande? Tenho 8 ano porra, e você?
Eu tenho 9 igual ao Hugo.
É memo fi, já fumei até baseado.
Grande merda, baseado de bosta de vaca.
Ai fi! tira biqueira do cara não, lá eles vende um dá hora.
Quem dá hora é relógio, neguim.
Para de me chamar de neguim.
Porque?
Tipo ta me tirando.
Acho que cê ta ouvindo muito rap, ta até pensando qui é gente.
Sô gente sim, e... se liga ai.
Carái, olha que pegada mostro.
É uma academia de musculação.
Vamu cola lá e vê?
Vamu.

Sim?
Agente queria só olhar, moça.
Bom...pode ir lá na frente e ver, ta vendo aquele vidro?
To sim moça.
Então, olha por ele, depois raspa fora daqui.

Ta bom moça.
Olha que loco.
Pode crê Hugo, que bagulho dá hora.
É piscina isso ai!
Pode crê, piscina com vários boy.
Num é boy não fi, aquele cara ali mesmo ele mora lá na favela.
Pode crê, o irmão dele joga uma bola no campinho.
É, se ele ta aqui é porque o bagulho num é de boy.
Isso num tem a ver, e se ele for boy?
É...pode ser.
Carái.
Bem loco né?
Calor desses, dá até vontade.
Pode crê, água geladinha.
Olha Hugo, até babou.
Sai pra lá filha da puta.
Ta nervoso? É o sol nu côco.
Ei! vocês? Por favor, já viram, agora pode sair.
Nossa moça, só tamu olhando.
É, mas já olharam muito, isso aqui num é Febem não, agora rua.
Rua é o caralho, corre rapa!
Ei! Volta aqui.
Que bom, porra muito louco, carái que gostoso, porra afunda de novo, puta que pariu, viva caralho, gostoso pra caralho, corre não tia, aqui ta pela ordi, joga água na cara do Hugo, olha isso, to nadando de cachorrinho, isso sim é chapado, pode crer que gostoso, para de falar e vamu ralar, ah! É? Então me pega agora, eu te pego fi, sei nadar de costa, isso ai é boiar, há há há.

Então Senhor policial me fala o que ta acontecendo.
Tudo bem, mas num bate no menino agora não, espera agente levar os outros dois pra casa deles, depois o senhor educa ele.
Tá, mas me fala o que aconteceu.
Bom, segundo o relato da Dona Cíntia, recepcionista da Academia American, esses menores tavam olhando a piscina pelo outro lado do vidro, ai de repente eles correram, passaram pela catraca e invadiram o recinto, ou seja pularam dentro da piscina.

Ferréz